Vídeos mostram a sutileza de padrões racistas quando você pesquisa em bancos de imagem

Os padrões raciais desiguais se estabelecem e se disseminam não só nos grandes e evidentes momentos de racismo, mas também em pequenos detalhes, nas formas com que quase todo tipo de coisa é oferecida e disseminada – inclusive em algo tão banal quanto a busca por imagens na internet.

Do Hypeness

A página Desabafo Social realizou um experimento com os quatro maiores bancos de imagens virtuais para comprovar como o racismo pode estar até mesmo na maneira com que algoritmos de busca se comportam.

O experimento basicamente consiste em observar a diferença no resultado da busca de termos como “pele negra” e simplesmente “pele”, ou “pessoa negra” e somente “pessoa”. Quando o adjetivo de cor está incluído, naturalmente que a busca oferece um resultado consistente, mostrando, por exemplo, uma porção de imagens de pessoas negras. Quando a busca é simplesmente por “pessoa”, o resultado mostra quase que absolutamente imagens de pessoas brancas.

Em resumo: por que é preciso escrever “negro” para achar negros entre as imagens? Por que branco é o resultado padrão? Em um país com mais da metade da população de cor negra – e com um histórico tão brutal de racismo desde sempre e até hoje – tal “falha” não é um mero detalhe, mesmo que seja simplesmente um “erro” de algoritmo. A página também oferece o experimento em inglês.

São quatro vídeos, cada um com um termo (sempre com uma busca incluindo o adjetivo “negro” e uma somente com a palavra simplesmente) e um banco de imagens diferente. Para o iStock Photos, a palavra buscada foi “pele”; no Depositphotos, a palavra foi “pessoa”; no Shutterstock, a procura foi por “família”; e no Gettyimages, “bebê”

Por fim, uma frase, adaptadas a cada busca, e uma pergunta. No caso de “pessoa”, por exemplo, o vídeo se conclui dizendo “Pessoa negra também é pessoa” – e convida cada banco de dados a uma reflexão urgente: vamos conversar sobre seu algoritmo de buscas?

Se tudo na vida pode ser visto como uma metáfora de algo maior e simbólico sobre todos nós, esse caso (e maneira como ideias tão amplas e universais como família e pessoa se mostram ligadas somente a peles brancas) é claro e evidente – e precisa ser visto e falado imediatamente.

 

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