Vítima de racismo, jogadora acusa Federação Inglesa de chantagem

Nesta quarta-feira, foi realizada uma audiência no Comitê de Digitalidades, Mídia, Cultura e Esportes do Reino Unido, para tratar das alegações feitas por Eniola Aluko e Drew Spence, jogadoras do Chelsea e da seleção inglesa de futebol, vítimas de tratamento racista por parte de seu ex-treinador, Mark Sampson. Além de depor a respeito do caso, Aluko ainda revelou ter sido chantageada pelo chefe executivo da Federação Inglesa de Futebol (FA), em troca de uma declaração assinada a dizer que a entidade não é institucionalmente racista.

Do Gazeta Esportiva

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Minutos antes da atleta prestar seu depoimento, a FA realizou um pedido de desculpas oficial às duas, se baseando na apuração feita pela advogada independente Katherine Newton. Porém, o texto pode ser considerado um tanto quanto contraditório, à medida que não condena totalmente a atitude do ex-técnico da seleção feminina. Contém trechos como “No entanto, Newton conclui que Mark Sampson não é, de fato, racista. Não há evidências que comprovem o fato de que Eniola Aluko teria sido exposta a um tratamento de bullying ou de discriminação”.

Ao depor, Aluko não apenas falou a respeito do caso, como revelou ter sido vítima de chantagem por parte do chefe executivo da Federação Inglesa, Martin Glenn. O dirigente teria exigido que a jogadora assinasse uma declaração que isentaria a entidade de ser uma instituição racista. Em troca, seria depositada à atleta a segunda parte de um pagamento avaliado em 80 mil euros que, por contrato, deveria ser destinada à ela de qualquer maneira.

“Acredito que eu tenha sido chantageada. Categoricamente, me recusei a escrever qualquer tipo de declaração. Dizer que a FA não é institucionalmente racista não é algo para mim”, depôs Aluko. “Eles me pediram para que fizesse algo com o qual eu não concordo, por um pagamento pelo qual já havia se estabelecido um acordo”, completou.

Em resposta à acusação, Glenn alega que as condições para o pagamento da segunda parcela seriam que nenhuma das partes fizesse declarações, ou publicações, difamatórias entre si. Acordo que teria sido desrespeitado pela jogadora ao escrever, no dia 30 de agosto, em uma de suas redes sociais, uma mensagem afirmando que a FA teria ignorado as evidências que incriminariam o treinador Mark Sampson, ainda em 2016.

As polêmicas começaram quando as duas atletas envolvidas no caso de racismo quebraram o silêncio e denunciaram o comportamento inaceitável do técnico Mark Sampson, com quem trabalhavam na seleção inglesa de futebol feminino. O treinador foi afastado do cargo pela Federação, que no anúncio oficial, feito no dia 20 de setembro, reconhece que “se tornou evidente um comportamento inadequado e inaceitável para um treinador”.

 

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