Vítima de racismo na Rússia, Juliana Odilon acerta com Vôlei Futuro e desabafa: ‘Fui expulsa do mercado e quando andava na rua cuspiam no chão’.

A carioca Juliana Odilon é o mais novo reforço do Vôlei Futuro de Araçatuba.

A jogadora acertou contrato com o time paulista até maio de 2012. Juliana é ponta, está com 26 anos, tem 1,80m de alura e jogou no Samorodok Khabarovsk da Rússia.

Juliana disse ao blog que está muito feliz em voltar ao vôlei brasileiro:

‘Minha expectativa é a melhor do mundo. O projeto do Vôlei Futuro é maravilhoso e fazer parte desse time me deixa muito feliz. Vou poder trabalhar com o Paulo Coco, um dos caras mais conceituados e tenho certeza que vou evoluir bastante. O elenco é forte e brigarei dentro de quadra pelo meu espaço. É difícil para um jogador sair e voltar ao país, ainda mais para jogar um campeonato tão equilibrado como esse’.

Mas nem tudo são flores.

Juliana não esquece um triste episódio. A jogadora conta que foi vítima de racismo assim que chegou na Rússia:

‘Na cidade de Khabarovsk eu era a única mulher negra. Fui ao mercado na primeira semana com uma amiga minha do time, uma búlgara e ficamos sempre juntas porque ela falava inglês. Ao chegar no mercado encontrei um funcionário que queria me colocar pra fora da loja. Ele não falava inglês e tentava explicar pra ele a situação’.

Juliana disse que fez questão de voltar ao local mais vezes:

‘Fiz questão para provar que não ia roubar nada e que era uma pessoa normal. Ele só faltou pegar no meu braço e me expulsar. Mas as coisas depois com o tempo se arrumaram e ele viu o erro que cometeu. Voltei lá várias vezes’

A jogadora conta que o pior ainda estava por vir:

‘Quando andava na rua tinha gente que cuspia no chão. Não acreditei nisso.’

Juliana confessa que preferiu esconder o fato para não preocupar os familiares:

‘Não falei para não deixá-los preocupados. Mas as coisas foram se arrumando e ainda fiz amigos por lá. Mas realmente foram situações tristes, revoltantes e inesquecíveis’.

A atleta com passagens por São Caetano, Pinheiros e no vôlei da República Tcheca, é casada com o jogador Léo Maringá do Juventude de Caxias do Sul. Juliana relata que enfrentou Gamova, jogadora mais bem paga do mundo, algumas vezes.

‘É uma fera mesmo. Bloquear ela era difícil, então a gente tentava ganhar na defesa. É aquele ‘poste’ jogando. Uma ‘mala’. Digo isso no bom sentido, porque as vezes ela joga meio de má vontade. Mas é muito fera. Má vontade de preguiça …’

 

Fonte: Blog do Bruno Voloch

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