Salve os caminhos que fazem mulheres negras se cruzarem na militância e na vida. Foi por esses caminhos que Geledés encontrou Leci Brandão. Primeiro, pela música que embalou e continua embalando nossas confraternizações, e depois, pela militância que nos une.
Leci, sua arte, seu canto, como poderosos instrumentos de libertação, nos salvaram em momentos muito especiais. Você estava presente quando gravou “Ombro Amigo“, desnudando o preconceito e a solidão enfrentados pela comunidade LGBTQIA+ em uma época de muitos tabus. E, com “Talento de Verdade“, nos resgatou de um jogo cruel, que usa a mulatice como ferramenta de misoginia e racismo, escancarando essas feridas.
Você, Leci, sempre esteve presente em todos os nossos chamados! Em qualquer lugar, em qualquer quebrada, lá estava você, falando com e para todas nós, representando nossa pluralidade. E nos 30 anos de Geledés não foi diferente, lá estava você mais uma vez, celebrando as coisas maravilhosas e inesquecíveis que vivemos.
Seu nome carrega uma homenagem à sua linhagem materna, dona Lecy. “Nomes são instâncias de ação e de constituição de sociabilidade”, e, no seu caso, toda a sua trajetória foi marcada pelo legado da sua mãe, que te deu os parâmetros para a luta e o amor ao povo.
E assim, na palma da mão, celebramos a existência e saudamos, Leci, na exposição “Leci Brandão 80 Anos – É Coisa de Orixá!”, que será inaugurada na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) no dia 16 de setembro de 2024, aberta ao público até o dia 27, com entrada gratuita.
Nestes 80 anos de vida, agradecemos ao seu pai, que vadiou, e à sua mãe, que gostou, por trazer ao mundo essa filha de Ogum, que tanto nos inspira.
Salve, Leci Brandão!