Rosana Paulino recebe primeiro prêmio Munch, que incentiva liberdade artística

Enviado por / FonteFolha de São Paulo

Artista foi reconhecida como grande nome do feminismo negro no Brasil, autora de obras socialmente ativas e multifacetadas

A artista brasileira Rosana Paulino recebeu o primeiro prêmio do novo prêmio Munch. A premiação foi criada com o objetivo de celebrar a carreira de artistas que exploram a liberdade artística em seus trabalhos, e oferece o valor de £ 20 mil.

Paulino, que vive e trabalha em São Paulo, é considerada uma das mais importantes vozes do feminismo negro no Brasil, e explora a história da violência racial no país através de suas obras. Sua criação é marcada pela mistura entre diferentes técnicas e práticas, como desenhos, bordados, colagens, esculturas e instalações, entre outras. Seu trabalho desconstrói a produção e disseminação de teorias raciais que justificaram o colonialismo europeu e a escravidão.

Considerando os aumentos das pressões políticas e sociais sobre o fazer artístico, o prêmio Munch foi criado pelo Museu Munch, em Oslo, na NoruegaEle guarda a maior coleção de obras do pintor expressionista Edward Munch (1863-1944), artista amplamente reconhecido por sua liberdade e experimentação técnica diante do seu tempo.

O júri incluiu a artista e curadora indiana, Wanda Nanibush, a co-fundadora da revista de arte “Contemporary Art”, Yvette Mutumba, e a diretora do Museu Munch, Tone Hansen.

“Em todo o mundo, os artistas enfrentam riscos crescentes quando se trata de liberdade de expressão e liberdade de fala”, diz Hansen. “Para os artistas, isso significa o risco de serem censurados, negados espaços de exposição ou até perseguição. E para as instituições de arte, também vemos uma pressão crescente de proprietários, governos e outras forças para impor restrições à liberdade artística e à escolha livre das instituições de artistas e obras de arte a apresentar.”

A diretora também destacou a importância da experimentação e da coragem artística em se expressar politicamente, ainda que esse uso tenha o seu preço. ” Queremos elevar aqueles que estão na vanguarda da sociedade atual e assumem o risco para que todos possamos participar de uma sociedade aberta e democrática. Paulino está fazendo exatamente isso”, afirma ela.

Obra do conjunto ‘Assentamento(s)’, de Rosana Paulino – Claudia Melo/Divulgação

A artista é conhecida por seus trabalhos de cunho social, étnico e voltado a questões de gênero, além de explorar os impactos da memória em construções psicossociais. Em um de seus trabalhos mais notáveis, “Assentamento(s)”, o artista recriou a imagem histórica feita por uma zoologista de uma mulher negra brasileira, dando a ela um nome e uma história.

De acordo com uma declaração do júri do prêmio Munch, Paulino tem garantido uma importância cada vez maior como representante das comunidades afro-brasileiras.

Rosana Paulino contribuiu para algumas das conversas mais importantes sobre arte, histórias e sociedade no Brasil e além. Ao longo de várias décadas, ela comprometeu radicalmente sua prática artística em desvendar as histórias violentas e continuidades de gênero e raça.”

+ sobre o tema

stephanie ribeiro, feminista, negra, silenciada

no facebook, é permitido: ser masculinista, racista, misógino. não...

O Machismo e suas mil e uma inutilidades

Uma polêmica propaganda de uma marca de produtos de...

Você votou e nós ganhamos!!! Obrigada! Impacto Social Google I Brasil

Companheiras e Companheiros, Em nome de Geledés Instituto da Mulher...

Escrivã da polícia é morta durante depoimento de acusado de estupro no MA

A escrivã da Polícia Civil Loane Maranhão Silva Thé,...

para lembrar

Prefeitura manda arrancar páginas de livros escolares com união entre gays

Decisão veio após reunião entre prefeito e vereadores de...

“Meu sonho é liderar multinacional de tecnologia”, diz gerente do Google

Aos 31 anos, ela quer mudar o mundo. Gaúcha...

Decisão do STJ sobre ‘estupro’ de menor envia mensagem equivocada, diz Economist

Para revista, tribunal decidiu que 'algumas crianças são menos...

Deputada Benedita da Silva: “A escravidão mudou do chicote para a caneta”

Preta e nascida na favela carioca, de pai pedreiro...
spot_imgspot_img

Disparidade salarial cresce, e mulheres ganham 20,7% menos do que homens no Brasil

A disparidade salarial entre homens e mulheres no Brasil aumentou no período de um ano, e mulheres receberam, em média, 20,7% menos do que...

Mulheres Negras: Encruzilhadas de Raça e Gênero

Encontro "Mulheres Negras: Encruzilhadas de Raça e Gênero" com Sueli Carneiro e Neon Cunha acontece amanhã, 19h on-line Sueli Carneiro e Neon Cunha, referências no...

Selo dos Correios celebra Luiza Bairros, ex-ministra e ativista negra

Os Correios e o Ministério da Igualdade Racial lançam nesta terça-feira (17) um selo em homenagem à socióloga gaúcha Luiza Bairros, ex-ministra da Secretaria de Políticas de Promoção...
-+=