Basta procurar pela hashtag #VogueChallenge no Instagram que em menos de nada surgem mais de 150 mil publicações. Por todo o mundo pessoas estão a recriar capas da Vogue com um objetivo claro: promover a diversidade na indústria da moda. O desafio foi originalmente criado no início de junho por uma estudante em Oslo, quando Salma Moor publicou nas redes sociais uma capa daquela que é considerada a bíblia da moda feita com uma fotografia sua. Na legenda estava a seguinte mensagem: “Ser negra não é um crime”.
Click for a suprise, edit by me🖤 #BLM #BlackLivesMatter pic.twitter.com/aYxfis9uoo
— S Λ L M Λ 🪐 (@capricornbbyy1) June 2, 2020
O desafio que ganhou projeção à escala global não está isolado da atualidade noticiosa e está antes intimamente associado ao movimento “Black Lives Matter” que alcançou outra magnitude após a morte de George Floyd às mãos da polícia no passado dia 25 de maio — os protestos daí derivados ultrapassaram as fronteiras dos Estados Unidos e chegaram inclusivamente a Lisboa.
Naturalmente que a própria Vogue não ficou indiferente ao sucedido e exemplo disso foi o facto de Janelle Okwodu, jornalista na publicação, ter escrito que #VogueChallenge é mais do que uma hashtag. No artigo em questão explica-se que nos últimos dias as redes sociais foram invadidas por falsas capas da Vogue que, de um momento para o outro, são protagonizadas por vizinhos, colegas de trabalho ou até estudantes de arte. Mais do que isso, assinala Okwodu, são imagens cujos criadores “foram historicamente excluídos da conversa”.
“Não é segredo que os fotógrafos por detrás da maioria das capas de revistas são homens e caucasianos. Poucas mulheres, pessoas de cor e indivíduos não binários receberam essas oportunidades”, continua a jornalista, para depois enfatizar que foi só há dois anos que Tyler Mitchell se tornou no primeiro fotógrafo afro-americano a fotografar a capa da Vogue, referindo-se à edição de setembro de 2018 protagonizada por Beyoncé.
Nem de propósito, a CNN recorda que a edição norte-americana da revista teve pela primeira vez uma mulher negra na capa em 1974 — mais de 80 anos após a estreia do título.
In the #VogueChallenge, creatives are claiming their moment. (1/5) https://t.co/ixOyruLqeB
— Vogue Magazine (@voguemagazine) June 12, 2020
Entretanto, o desafio continua a ganhar projeção e exemplo disso é o post de Kalekye Mumo, uma personalidade televisiva sediada em Nairobi, capital do Quénia. Também ela replicou uma capa da Vogue e, citada pela CNN, explica que o fez por considerar que o desafio amplifica os rostos e as vozes negras na indústria da moda.