11 coisas bem simples que os homens podem fazer pelo feminismo

Por Beatriz Serrano Do Buzz Feed

OK, você leu alguns posts no Facebook sobre feminismo e agora está convencido de que manja do assunto. Vá com calma.

1. Não seja um ativista na rua e um machista na cama.

A primeira coisa que você precisa fazer é uma autoanálise para descobrir que tipos de comportamento machista você tem tido com as mulheres ao seu redor: você é daqueles caras que diz que “ajuda” em casa? Converse com a sua parceira e comece a fazer 50% das tarefas domésticas. Você ainda dá a sua roupa suja para a sua mãe lavar porque “ela sempre fez isso”? Meu, fala sério. Você é um pai? Parabéns! Você assume 50% das responsabilidades na hora de cuidar do seu filho? Hmmm… melhor conferir isso aí também. Quando uma mulher fica brava, você presume que ou é porque ela está menstruada ou porque ela precisa transar? Volte para a primeira casa! E ei, você acha que apoia emocionalmente a sua namorada/esposa tanto quanto ela te apoia?

Não se pode construir uma casa começando pelo telhado. Sempre é necessário ter um alicerce, e não existe nada pior do que ser um ativista na rua e um machista na cama.

2. Ouça.

Um dos maiores problemas do machismo é que, culturalmente, temos silenciado as mulheres e dado aos homens poder total de voz. O primeiro passo para apoiar o feminismo é ouvir o que as mulheres têm a dizer sobre sua própria opressão. Então escute.

3. Cale a boca.

Você diria a um oncologista as suas opiniões sobre o câncer?

Então também não é necessário fazer o papel de “advogado do diabo” em um assunto que não (que coincidência!) te afeta. E, por favor, não nos interrompa a cada cinco segundos para tentar se distinguir dos “outros homens”. Sim, já sabemos que nem todos os homens são iguais, mas se você se importa mais em provar que você não é igual aos outros homens do que com escutar e entender nossos pensamentos e opiniões sobre o assunto… bem, nesse caso você não é lá muito diferente do resto.

4. Confronte seus amigos.

Certo, então você ouviu várias mulheres, começou a entender qual o resultado disso tudo, percebeu que muita coisa é uma merda e agora você tem algumas sugestões sobre o que as mulheres deveriam fazer ou dizer em certas situações. NÃO. ERRADO.

Agora é hora de fazer o verdadeiro trabalho sujo: confrontar seus colegas e amigos. Sim, aquele cara que vive compartilhando fotos de garotas peladas no grupo de WhatsApp de vocês, aquele que chama qualquer mulher acima do tamanho 38 de “gorda”, aquele que faz uma mulher se sentir desconfortável no bar quando ela está se divertindo com as amigas dela, aquele que chama a chefe dele de “mal-comida” ou aqueles que fazem piadas (haha) inocentes (hehe) e bem inofensivas (HAHA) sobre bater em mulheres. NÃO!

5. Use o seu privilégio para apoiar a causa certa.

Infelizmente, sempre que uma mulher aponta uma atitude machista (como o fato de que a sua mãe sempre é a encarregada de fazer tudo na hora de preparar uma refeição para a família), ela é acusada de estar exagerando (você está maluca!) ou mesmo de ser grossa (como você é chata). Que tal usar seu privilégio para algo mais positivo, como apontar essas atitudes machistas para os outros homens e ficar do lado da mulher?

6. Pare de julgar as mulheres.

Sempre que você tiver uma opinião forte sobre uma mulher, se pergunte se ela está baseada em ideias machistas.

Em linhas gerais, não comente sobre a aparência de uma mulher, mesmo que você ache que seja um comentário positivo: nós mulheres sofremos uma quantidade absurda de pressão social sobre nossos corpos.

Quando nós, mulheres, fugimos do padrão que a sociedade determina, recebemos duras críticas: se uma mulher não quiser ter filhos, ela é egoísta e não tem coração; se ela quiser um relacionamento, ela é antiquada, mas se ela quiser o oposto disso, ela é uma puta. Não perpetue esse sistema.

7. Sempre que uma mulher expressar uma opinião que faz com que você se sinta desconfortável, tente entender o porquê de você se sentir assim em vez de ficar na defensiva ou tentar diminuí-la.

Todos nós temos atitudes machistas. Elas são apenas um produto da educação que recebemos e da sociedade dentro da qual crescemos. Policiar-se com relação a essas atitudes é uma tarefa constante dentro do feminismo. Se você acha isso desafiador ou difícil, é porque você está aprendendo.

8. Não subestime os problemas das mulheres nem diga que estamos exagerando.

Não importa o quanto você tente se colocar no nosso lugar, você nunca será capaz de vivenciar o que as mulheres vivenciam diariamente. Por esse motivo, não menospreze os nossos problemas: se uma mulher reclamar para você sobre o problema do assédio nas ruas, não diga que “é só um elogio”. Para você, esses problemas são a exceção, mas para nós, são a regra.

9. Se importe com a sua masculinidade e os problemas causados pelo modelo social tóxico de masculinidade.

Olha só, cá entre nós, não virei feminista para que os homens possam “se sentir à vontade para chorar” ou “falar sobre os sentimentos deles”. Para deixar claro, sim, acho uma droga que vivamos em um sistema que força os homens a serem fortes, másculos e poderosos e que nos diga que um homem sensível é fraco… mas, sinceramente, estou mais preocupada com feminicídios, violência machista, estupros, a diferença salarial entre homens e mulheres desempenhando a mesma função, aborto, problemas causados pela pílula anticoncepcional, assédio no ambiente de trabalho e ter que ficar constantemente olhando para trás quando volto para casa tarde da noite.

Depende de você, como homem, desconstruir os estereótipos que a sociedade impôs sore a sua masculinidade. Esse não é o meu trabalho, é o seu. Divirta-se.

10. Ceda seu espaço e entenda que você não é o centro do universo.

Nós, mulheres, somos menos ouvidas que os homens. A menos que nos tornemos um “objeto de desejo”, também tendemos a nos tornar invisíveis. O feminismo busca igualdade porque vivemos em uma sociedade desigual. Sinto muito te dizer isso caso você ainda não tenha percebido, mas, para alcançarmos uma sociedade verdadeiramente igualitária, um determinado grupo precisa perder poder para que outro o ganhe. É simples, mas é a coisa mais difícil. Ninguém gosta de perder o seu privilégio.

E é por isso que você precisa ceder seu espaço e respeitar o espaço das mulheres.

11. E lembre-se: sua amiga feminista não é o Google.

Existe uma prática comum no Maravilhoso Mundo do Novo Aliado, que é constantemente conversar com sua amiga feminista sobre assuntos feministas.

Não me entenda mal: é um tópico interessante para uma conversa e é ótimo ver você se interessando pelo feminismo. Mas, sério, se você não entende o motivo pelo qual feminismo não se chama “igualitarismo” ou “humanismo”, busque no Google. Se você quiser entender as ondas do movimento feminista, busque no Google. Se você não entende o motivo pelo qual um elogio pode ser considerado ofensivo, você também pode pesquisar isso no Google. Sério, consultar constantemente uma mulher feminista para que ela tire as suas muitas dúvidas sobre o feminismo virou meio que o novo “passa a minha camisa, tô com preguiça”.

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