No dia 15 de março de 1998 o Brasil perdeu a irreverência, a voz potente e o suingue inconfundível de Tim Maia.
Mara L. Baraúna
Sebastião Rodrigues Maia (Rio de Janeiro, 28 de setembro de 1942 — Niterói, 15 de março de 1998), foi um cantor, compositor, produtor, maestro, multi-instrumentista e empresário brasileiro, responsável pela introdução do estilo soul na música popular brasileira e reconhecido mundialmente como um dos maiores ícones da música no Brasil.
Nascido no Bairro da Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro, na Rua Afonso Pena 24, filho de Altivo Maia (1900-1959) e Maria Imaculada Maia (1902-1984) começou a compor melodias ainda criança e já surpreendia a numerosa família, era o penúltimo de 19 irmãos.
Teve uma infância pobre e era entregador de marmitas para ajudar nas despesas de casa. Aos 8 anos cantava no coral da igreja.
Iniciou sua carreira artística aos 14 anos de idade, integrando, como baterista, o grupo Tijucanos do Ritmo, formado na Igreja dos Capuchinhos, próxima à sua casa. Tim, nessa época, era conhecido como “Babulina”, por conta da pronúncia do rockabilly Bop-A-Lena de Ronnie Self (apelido que Jorge Ben Jor tinha pelo mesmo motivo). Em seguida, começou a estudar violão e formou, em 1957, com Roberto e Erasmo Carlos, o grupo Os Sputniks.
Em 1959, viajou para os Estados Unidos, onde permaneceu durante quatro anos. Estudou inglês e fez parte, como vocalista, do conjunto The Ideals.
Em 1968, gravou seu primeiro disco, um compacto simples contendo suas composições “Meu país” e “Sentimento”.
Sua carreira no Brasil fortaleceu-se a partir de 1969, quando gravou um compacto simples pela Fermata com “These Are the Songs” (regravada no ano seguinte por Elis Regina em duo com ele e incluída no álbum “Em Pleno Verão”, de Elis) e “What Do You Want to Bet”.
Em 1970, foi convidado para gravar, em dueto com Elis Regina, a faixa “These are the songs”, registrada pela cantora no LP “Em pleno verão”. Ainda nesse ano, lançou seu primeiro LP “Tim Maia” (Polydor), com destaque para sua composição “Azul da cor do mar”, além de “Coroné Antonio Bento” (Luis Wanderley e João do Vale) e “Primavera” (Cassiano). O disco esteve durante 24 semanas nas paradas de sucesso cariocas.
Em 1971, gravou mais um LP contendo canções próprias como “Não quero dinheiro (Só quero amar)” e de outros autores como Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle (“Preciso aprender a ser só”). No ano seguinte, lançou novo LP, registrando “These are the songs” e outras canções de sua autoria como “Idade” e “My little girl”.
Em 1973, gravou mais um LP intitulado “Tim Maia”, contendo “Réu confesso”, de sua autoria, e “Gostava tanto de você”, de Édson Trindade, entre outras. Ainda na década de 70, fundou seu próprio selo, inicialmente Seroma e, mais tarde, Vitória Régia Discos.
Em 1975, converteu-se à seita Universo em Desencanto, fato que inspirou o lançamento independente (Seroma) dos dois volumes “Tim Maia Racional”.
No ano seguinte, gravou o LP “Tim Maia”, contendo sua canção “Dance enquanto é tempo” (c/ Paulo Ricardo) e outras.
Ainda nos anos 1970, lançou mais dois LPs intitulados “Tim Maia”, em 1977 e 1978, pela Som Livre, o LP “Tim Maia Disco Club” (1978, Atlantic/Warner), contendo suas canções “Acenda o farol” e “Sossego”, e o LP “Reencontro” (1979, EMI-Odeon), com destaque para “Canção para Cristina”, de Tibério Gaspar.
Nos anos 1980, lançou os LPs “Tim Maia” (1980, Polydor), “Nuvens” (1982, independente), “O descobridor dos sete mares” (1983, PolyGram), com destaque para a faixa-título (Gilson Mendonça e Michel) e “Me dê motivo” (Paulo Massadas e Michael Sullivan), os LPs “Sufocante” (1984, PolyGram), “Tim Maia” (1985, RCA Victor), “Tim Maia” (1986, Continental), que registrou o sucesso “Do Leme ao Pontal (Tomo guaraná, suco de cajú, goiabada para sobremesa)”, e os LPs “Somos América” (1987, Continental) e “Carinhos” (1988, Continental).
Lançou, em 1990, pela Continental, o disco “Dance bem”. Nesse ano, lançou, pela sua gravadora Vitória Régia, o LP “Tim Maia interpreta clássicos da bossa nova”.
Em 1992, a Warner-Continental registrou o CD “Tim Maia ao vivo”.
Descontente com as gravadoras, seus discos seguintes, “Voltou clarear” (1994), “Nova era glacial” (1995), “What a wonderful world” (1997), contendo clássicos do pop e do soul norte-americano das décadas de de 1950 a 1970, “Pro meu grande amor” (1997), “Amigos do rei” (1997, com o grupo vocal Os Cariocas, “Só você – para ouvir e dançar” (1997), “Sorriso de criança” (1997), e “Tim Maia ao vivo II” (1998), foram gravados pela Vitória Régia Discos. Ainda nos anos 1990, fez muito sucesso com a gravação, para um comercial de televisão, de “Como uma onda” (Lulu Santos e Nelson Motta), incluída no CD “Tim Maia”, de 1993. Na mesma época, foi homenageado por Jorge Benjor na música “W Brasil”.
Teve várias músicas regravadas por artistas mais jovens, como Marisa Monte e os grupos Paralamas do Sucesso e Skank.
Em março de 1998, apresentando-se no Teatro Municipal de Niterói, em show que seria gravado para um especial de televisão, foi acometido de um mal estar que o levou ao hospital, vindo a falecer alguns dias depois.
No ano seguinte, foi homenageado com um show tributo por vários artistas da MPB. O espetáculo gerou um especial de televisão e foi registrado em CD e DVD.
Em 2005, foi lançado o DVD “Tim Maia – Programa Ensaio 1992”, pela gravadora Trama em parceria com a TV Cultura e a TeleImage.
Em 2006, seu LP “Tim Maia Racional volume 1”, gravado em 1975, e que se tornou um dos mais disputados vinis da música brasileira, recebeu edição oficial em CD pela Trama, com tratamentos de restauração em estúdio a partir de uma cópia, uma vez que as fitas máster foram perdidas. Nesse disco, o cantor e compositor assinou todos os arranjos, além de tocar baixo, bateria, percussão e flauta transversal. Também presentes, os músicos Serginho Trombone (piano), Robson Jorge (órgão elétrico, piano e teclado), Paulinho Guitarra (guitarra, baixo e violão), Beto Cajueiro (baixo), Paulinho Trompete (trompete), Oberdan Magalhães (sax), Robério Rafael (bateria) e Luiz Carlos Batera. O CD ainda incluiu como bônus as gravações originais do LP.
Em 2001, o cantor Fábio publicou o livro “Até parece que foi sonho: meus trinta anos de amizade e trabalho com Tim Maia” (Matrix), em depoimento a Achel Tinoco.
Abrindo as homenagens para o décimo aniversário de seu falecimento, em 2007 foi realizado, no espaço carioca Viva Rio, um show tributo ao compositor e cantor, organizado por pelo jornalista, compositor e produtor Nelson Motta, tendo como banda-base a Orquestra Imperial e a participação de convidados como Rogério Flausino (cantor do jota Quest), Marcelo Camelo, Mariana Aydar e o grupo vocal feminino Chicas, na segunda edição do projeto Accenture Performances. Nesse mesmo ano, foi publicada a biografia “Vale tudo – O som e a fúria de Tim Maia”, de autoria de Nelson Motta.
Download do livro Vale tudo: o som e a fúria de Tim Maia, de Nelson Motta:
http://www.felu.xpg.com.br/Vale_Tudo_Tim_Maia.pdf
Inspirado no livro e adaptado pelo próprio autor, estreou no Rio de Janeiro, em agosto de 2011, Tim Maia – Vale Tudo, o Musical, com direção de João Fonseca.
Músicas: http://letras.mus.br/tim-maia/
Página oficial: http://www.timmaia.com.br/
Entrevista: http://hyldon.com.br/entrevista-inedita-com-tim-maia/
Retirado de: http://www.dicionariompb.com.br/tim-maia
e http://pt.wikipedia.org/wiki/Tim_Maia
Fonte: Jornal GGN