9 verdades e 1 mentira para Rafael Braga

Por Juliana Borges Do Revista Fórum

1. Rafael Braga foi preso por portar produtos de limpeza lacrados na época das manifestações de Junho de 2013;

 

2. Rafael Braga foi o único condenado naquelas manifestações até hoje;

3. Outras pessoas presas à época logo foram soltas para esperar julgamento e responder em liberdade. Brancas;

4. Rafael Braga foi preso novamente, enquanto cumpria regime aberto, com uso de tornozeleira eletrônica, quando ia da casa de sua mãe até a padaria. Policiais alegaram que ele portava 0,6g de maconha e 9g de cocaína. Rafael negou as acusações;

5. Os PMs, segundo Rafael Braga, o abordaram violentamente e disseram que se ele não relatasse traficantes da região iriam “jogar arma e droga na conta” do jovem. Uma testemunha relatou ter visto, de fato, a abordagem violenta. O policial que mais agredia Rafael é branco;

6. Em depoimento, os PMs que registraram a ocorrência foram contraditórios em suas versões. Tanto sobre o local em que abordaram Rafael, quanto da reação do mesmo, além de como e quando o levaram a delegacia. Mesmo com isso, Rafael Braga foi condenado a 11 anos de prisão.

7. Com exceção de ativistas e militantes de DH, bem como veículos de mídia especializados no tema de DH e segurança pública, além de artistas negros e do movimento negro, nenhuma outra voz se levantou em solidariedade a Rafael Braga em um explícito caso de desrespeito às garantias constitucionais e direitos humanos. O “estado de exceção” em ação explícita e contínua;

8. O Estado Policial e de Exceção age sobre a vida de corpos negros desde 1888 – já que a primeira Lei Criminal brasileira continha artigos que embasavam tratamento desigual, desumano e diferenciado para indivíduos negros;

9. A guerra às drogas é um subterfúgio estatal para militarizar territórios perifericos e majoritariamente negros, controlar e descartar corpos negros;

10. Vivemos em uma democracia racial, com igualdade de condições, tratamento e possibilidades. Somos todos reconhecidamente cidadãos em qualquer esfera social. Somos um povo amistoso e o racismo, no Brasil, “é cordial”.

+ sobre o tema

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro...

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira...

Promotor é investigado por falar em júri que réu negro merecia “chibatadas”

Um promotor de Justiça do Rio Grande do Sul é...

para lembrar

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro...

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira...

Promotor é investigado por falar em júri que réu negro merecia “chibatadas”

Um promotor de Justiça do Rio Grande do Sul é...
spot_imgspot_img

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro no pé. Ou melhor: é uma carga redobrada de combustível para fazer a máquina do racismo funcionar....

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a categoria racial coloured, mestiços que não eram nem brancos nem negros. Na prática, não tinham...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira (27) habeas corpus ao policial militar Fábio Anderson Pereira de Almeida, réu por assassinato de Guilherme Dias...