Cotidiano das favelas se tornou um circo de horrores

O que dizer do que estamos vivendo neste momento da história do Rio de Janeiro? Cotidiano das favelas se tornou um circo de horrores. A completa ausência, se não de fato, fica para nós cidadãos e cidadãs comuns, pelo menos, a sensação de completo abandono institucional.

Por Mônica Francisco, do Jornal do Brasil 

Após o tsunami de obras, remoções e mudanças na malha viária que serviram mais para confundir do que para auxiliar a vida dos usuários e usuárias que circulam diariamente pela cidade, chegamos ao outro extremo; desencontros, ausências, esquizofrenias e declarações estapafúrdias.

Cadáveres se acumulando nas áreas pobres da cidade, vítimas da guerra aos pobres, que tem como nome eufemístico “guerra às drogas”. Crianças sofrendo danos emocionais irreparáveis, e as soluções anunciadas beiram o ridículo, mas são a mais triste realidade.

Neste circo de horrores que se tornou o cotidiano nas favelas, a população cria suas redes de solidariedade, de auto-cuidado e busca a todo custo se manter viva. Para além disso, os danos aos que sobrevivem acumulam-se. Ainda esta semana, um amigo anunciava sobre um amigo e vizinho dele, que foi surpreendido por uma bala e agora já tem certa a perda da visão de um dos olhos.

Perdemos todos. Não há vencedores ou vencidos. Uma tragédia como essa é a certeza de que chegamos à uma situação da qual certamente ninguém sairá ileso.

* Colunista, Consultora na Ong Asplande e Membro da Rede de Instituições do Borel

+ sobre o tema

O Estado emerge

Mais uma vez, em quatro anos, a relevância do...

Extremo climático no Brasil joga luz sobre anomalias no planeta, diz ONU

As inundações no Rio Grande do Sul são um...

IR 2024: a um mês do prazo final, mais da metade ainda não entregou a declaração

O prazo para entrega da declaração do Imposto de Renda...

Mulheres em cargos de liderança ganham 78% do salário dos homens na mesma função

As mulheres ainda são minoria nos cargos de liderança...

para lembrar

O futuro de Brasília: ministra Vera Lúcia luta por uma capital mais inclusiva

Segunda mulher negra a ser empossada como ministra na...

Democracia sem racismo e o monopólio do financiamento de candidaturas brancas

Enfrentar o racismo sistêmico brasileiro não é tarefa fácil....

Reclama de haitianos no Brasil e ainda diz que somos todos macacos – Por: Leonardo Sakamoto

Fico descrente diante de comentários de colegas jornalistas, espumando...

As origens da expressão “politicamente correto”

Se pudéssemos resumir de forma simplificada a grande descoberta...

‘O 25 de abril começou em África’

No cinquentenário da Revolução dos Cravos, é importante destacar as raízes africanas do movimento que culminou na queda da ditadura em Portugal. O 25 de abril...

IBGE: número de domicílios com pessoas em insegurança alimentar grave em SP cresce 37% em 5 anos e passa de 500 mil famílias

O número de domicílios com pessoas em insegurança alimentar grave no estado de São Paulo aumentou 37% em cinco anos, segundo dados do Instituto...

Fome extrema aumenta, e mundo fracassa em erradicar crise até 2030

Com 281,6 milhões de pessoas sobrevivendo em uma situação de desnutrição aguda, a ONU alerta que o mundo dificilmente atingirá a meta estabelecida no...
-+=