Quatro mulheres são mortas em SP pelos companheiros em dois dias

Só este ano foram 29 assassinatos.

Do G1

Desde domingo (20), quatro mulheres foram assassinadas pelos maridos ou companheiros em São Paulo. Um levantamento da produção do SP2 revela que só este ano 29 mulheres foram assassinadas na Capital, sendo que 16 foram vítimas do marido, namorado ou companheiro. Registrar esse tipo de crime como feminicídio é muito importante para combater a impunidade, porque aumenta a pena do agressor.

Um levantamento do Conselho Nacional do Ministério Público revela que as denúncias de feminicídio, no estado de São Paulo, aumentaram 43% de 2015 pra cá, quando a lei foi criada.

De março de 2015 até março de 2016 foram 320 denúncias de feminicídio. Já de março do ano passado até março deste ano, já são 458.

De janeiro a junho deste ano, 272 mulheres foram mortas no estado de São Paulo. Desse total, 93, equivalente a um terço, foram vítimas dos maridos e companheiros, de acordo com dados da Secretaria da Segurança Pública compilados pelo SPTV.

Assassinatos

De segunda-feira para terça, três mulheres foram mortas pelos companheiros ou ex-companheiros em São Paulo. Elas tinham 18, 35 e 67 anos.

Um policial militar matou a ex-mulher depois de uma discussão. A vítima estava em casa com o filho do casal, de sete anos. Também nesta segunda-feira, uma mulher foi morta estrangulada pelo namorado na Zona Sul da cidade. Anda nesta segunda-feira, um homem de 62 anos, foi preso após agredir e matar a própria mulher na Vila Brasilândia, Zona Norte de São Paulo.

No domingo, em Perdizes, na Zona Oeste, um delegado matou a mulher e depois se matou. Além disso, na sexta-feira um homem foi preso e confessou ter estrangulado, por ciúmes, a namorada e o filho que teve com ela, de apenas 7 meses.

Feminicídio

A polícia informou que o caso do policial militar que atirou na mulher será registrado como feminicídio.

Há dois anos e cinco meses, a lei passou a dar nome aos assassinatos de mulheres: o feminicídio é quando a mulher morre por sofrer violência e discriminação por ser mulher.

Segundo a lei, o feminicídio é uma qualificadora do homicídio. Os homicídios qualificados têm pena que vai de 12 a 30 anos, enquanto os homicídios simples preveem reclusão de 6 a 12 anos. A prática também entrou no rol dos crimes considerados hediondos.

Impunidade

Muitas vezes, a impunidade é aliada do agressor. Quase um ano depois do crime, a família de Mariana Marcondes ainda tenta conviver com tamanha crueldade. Mariana foi morta a facadas pelo ex-marido. O economista Chateaubriand Bandeira Diniz Filho está preso no Rio de Janeiro, mas o julgamento ainda não foi marcado.

“Parece que a vida não tem mais valor qualquer um está matando todo mundo e fica na rua”, diz Maurício Marcondes, irmão de Mariana. “Então isso não pode mais acontecer não pode mais virar estatística e por enquanto ela é só estatística.”

Promotores de Justiça que atuam em julgamentos desse tipo defendem a maior divulgação dos feminicídios porque esse é um crime que não para de crescer.

“Esse tipo de crime não pode merecer por parte das autoridades qualquer tipo de condescendência qualquer tipo de atenuação é preciso rigor na aplicação da lei porque os números são alarmantes”, afirma o promotor Felipe Zilberman.

O Fórum Brasileiro de Segurança Pública só vê uma saída: punir os que fizeram mal a uma mulher e educar os que ainda não fizeram.

“Para enfrentá-lo de forma ampla e consistente a gente precisa começar na primeira infância a gente precisa com ensino de equidade de gêneros na infância para que elas entendam que equidade de gênero é um conceito importante e que o respeito a vida da mulher também”, diz Samira Bueno, diretora executiva do Fórum.

“Dificilmente um homicídio de mulher um assassinato é a primeira violência que ela sofre na vida. Ela já vinha sofrendo ameaças agressões espancamento ela já havia pedido socorro para as autoridades mas lamentavelmente as autoridades falharam e a violência numa escalada prosseguiu até terminar com o feminicídio.”

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