Feminismo negro no Brasil é tema de evento gratuito na UFBA

Iniciativa Opará Saberes oferece orientações gratuitas de suporte teórico e metodológico, além de apoio psicológico e acompanhamento de projetos acadêmicos 

Enviado para o Portal Geledés 

A segunda etapa do Ciclo Formativo Opará Saberes 2017 começa nesta segunda-feira (06), no auditório do PAF I da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Ondina, em Salvador (BA), e traz como debate ofeminismo negro. A formação iniciada em outubro com a participação de diversos acadêmicos e pensadores em níveis local e nacional, segue em novembro, mês em que se celebra a Consciência Negra, com o objetivo de apoiar a entrada e permanência negra nas vagas de mestrado e doutorado, por meio da valorização e instrumentalização dos saberes com epistemologias feministas.

A coordenação do ciclo nesta segunda-feira é Lindinalva Barbosa, educadora e mestre em Estudos de Linguagens pela UNiversidade do Estado da Bahia (UNEB) e omorixá Oyá do Terreiro do Cobre. As mesas serão “O Feminismo Negro no Brasil e nos EUA: aportes metodológicos para mestrado e doutorado”, às 14h, com a Dra. Ângela Figueiredo, e “O Feminismo Negro como vetor para o Desenvolvimento do Brasil: um contraponto ao racismo instiitucional”, às 18h, com o economista Hélio Santos. Ambos têm muito a dizer sobre como o feminismo negro pode causar terremotos nas estruturas institucionais e econômicas. “Lutamos por monografias, teses e dissertações capazes de responder pautas como aborto, feminicídio, encarceramento. Mas para isso as ferramentas teóricas não podem mais ser as da Casa Grande”, destaca Carla Akotirene, idealizadora, assistente social, doutoranda e professora da UFBA.

Ângela Figueiredo é graduada em Antropologia e Mestre em Ciências Sociais pela UFBA, Doutora em Sociologia pela Sociedade Brasileira de Instrução – SBI/IUPERJ e realizou seu pós-doutorado no Carter Woodson Institute (UVA-EUA). Atualmente é professora adjunta da UFRB e associada ao Programa de Pós-graduação em Estudos Étnicos e Africanos (Pós-Afro da UFBA) onde é coordenadora do curso avançado em estudos étnico-raciais Fábrica de Ideias. Hélio Santos é Professor universitário e Presidente do Conselho Deliberativo do Fundo Baobá. Foi uma das pessoas de referênca que lutaram para a implantação do sistema de cotas raciais nas universidades brasileiras.

A população negra ainda representa menos de 30% na pós-graduação brasileira, segundo levantamento realizado em 2015 pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

O evento é aberto ao público com inscrições no local, segue até 09 de novembro, e contribui para que outras pessoas, assim como as vinte aprovadas após a primeira edição do Opará Saberes, possam encarar o desafio e permanecer nessa luta política contra a invisibilidade negra. O ciclo formativo ainda conta com profissionais que contribuirão na qualificação dos/das estudantes em diversas etapas, desde o projeto, até a entrada e acompanhamento das vivências acadêmicas.

Durante a semana ainda serão debatidos os temas “Abordagem intensiva pra proficiência em lingua inglesa e portuguesa”, “Pensamento Decolonial como aporte aos projetos de mestrado em estudos feministas”, “Epistemologia Feminista Negra e Interseccionalidade nos Estudos de Gênero”, “Mulheres e Feminsmo. O passo a passo das provas teóricas”.

A Rede Dandaras auxiliará na abordagem psicossocial junto às candidaturas, tendo em vista que o racismo boicota o desenvolvimento intelectual e a autoestima de pessoas negras inscritas em processos acadêmicos. Já a preparação instrumental para provas de inglês e língua portuguesa terá orientação da Dra. Raquel Luciana Souza. São parceiros desta iniciativa o Grupo Gira/UFBA, o projeto Diálogos Insubmissos de Mulheres Negras, a Secretaria de Políticas para as Mulheres do Estado da Bahia e o Grupo de Atuação Especial em Defesa da Mulher (GEDEM) do Ministério Público do Estado da Bahia.

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