Ativistas elogiam campanha da ONU pelo fim da violência contra a juventude negra no Brasil

Em depoimentos para a ONU Mulheres, ativistas avaliam os oito meses da campanha Vidas Negras, uma iniciativa das Nações Unidas no Brasil pelo fim da violência contra a juventude afrodescendente. Para as militantes, o projeto acerta ao debater abertamente o racismo e ao defender que todas as existências têm o mesmo valor.

Da ONU

Em depoimentos para a ONU Mulheres, ativistas avaliam os oito meses da campanha Vidas Negras, uma iniciativa das Nações Unidas no Brasil pelo fim da violência contra a juventude afrodescendente. Para as militantes, o projeto acerta ao debater abertamente o racismo e ao defender que todas as existências têm o mesmo valor.

“É importante quando alguém diz que vidas negras importam e coloca caras de homens e mulheres negras nessa perspectiva de dizer que essas vidas são importantes para a sociedade. Nós precisamos de campanhas como essa, que tenham coragem de colocar a cara do Brasil nos meios de comunicação”, afirma Ieda Leal, coordenadora nacional do Movimento Negro Unificado (MNU).

Para Clátia Vieira, integrante do Comitê Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030, a violência letal contra os jovens afrodescendentes “não pode ser um problema só da comunidade negra”. “A mensagem que essa campanha traz é que você olhe para um jovem ou uma jovem preta e veja naquele ser uma pessoa, cidadã de direitos”, aponta a ativista, que pede que toda a sociedade brasileira reaja contra a discriminação.

Thânisia Cruz, também participante do comitê, ressalta o alcance da Vidas Negras em tempos de smartphones. “As pessoas estão o tempo todo conectadas. A campanha chega às pessoas de uma forma aproximada, elucidativa, prática e objetiva”, avalia.

Segundo Maria Inês Barbosa, ativista do movimento negro, a iniciativa deve ser o ponto de partida para ações do poder público e transformações concretas. “Quando se faz um histórico de movimento negro, uma das pedras angulares, quando surge o MNU, foi justamente numa questão de morte. A questão é como se estabelece agora, século 21, estratégias para dentro das Nações Unidas, dos Estados para reverter isso. A campanha tem de estar vinculada a proposições”, enfatiza a militante.

A ONU Mulheres começou a divulgar nesta semana os depoimentos em vídeo de cada uma das ativistas. Acompanhe as publicações pelas redes sociais da ONU Mulheres — FacebookTwitter e YouTube.

“São fundamentais as vozes de mulheres negras ativistas para a Vidas Negras no sentido de qualificar a campanha e trazer outras agentes e elementos que colaborem para o enfrentamento do racismo. As campanhas são vivas e se tornam mais reais quando as pessoas participam e trazem a sua contribuição para que o debate público se torne mais intenso e alcance mais corações e mentes”, afirma Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres no Brasil e coordenadora do Grupo Temático de Gênero, Raça e Etnia da ONU Brasil.

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