‘É a fala de um senhor de engenho’, diz representante das domésticas sobre declaração de Guedes

Ministro da Economia disse que empregadas domésticas estavam indo para a Disney com dólar baixo

Da TUPI

Mulher negra de cabelos curtos , sentada, ao fundo uma parede vermelha (Foto: Reprodução/Facebook)
Foto: Reprodução/Facebook

A Federação Nacional dos Trabalhadores Domésticos (Fenatrad) respondeu a fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre domésticas nos Estados Unidos. A secretária-geral da Fenatrad, Creusa Maria Oliveira, comparou a fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, com a de um senhor de engenho, nome que se dava aos donos de escravos.

Creusa afirmou que as declarações de Guedes revelaram um pensamento preconceituoso e discriminatório da classe trabalhadora, mas disse que a fala do ministro não a surpreendeu, já que ela entende a administração dele como uma “condução da economia voltada para a precarização do trabalho”.

“Não fiquei surpresa com as declarações dele porque revelam o pensamento preconceituoso e discriminatório com o qual o governo trata não só os trabalhadores domésticos mas também os servidores públicos. É uma total falta de respeito com a classe trabalhadora, com os negros, com os índios”, destaca Creusa Oliveira.

Creusa, que também é presidente do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos da Bahia, destacou que a fala do ministro desqualifica a própria gestão dele da economia. “Se a economia estivesse indo bem, quem sabe as empregadas não estariam indo à Disney com as famílias para quem elas trabalham? Pelas condições de vida das domésticas no Brasil, quando elas viajavam com os patrões, era para olhar os filhos dessas famílias”, ponderou.

Guedes disse que empregadas domésticas estavam indo para a Disney, o que classificou como “uma festa danada”.

“Não tem negócio de câmbio a R$ 1,80. Vamos importar menos, fazer substituição de importações, turismo. [Era] todo mundo indo para a Disneylândia, empregada doméstica indo para a Disneylândia, uma festa danada”, disse o ministro.

A moeda norte-americana atingiu R$ 4,35 no fechamento da última quarta-feira, novo recorde nominal.

 

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