É coisa da minha cabeça ou da sua?

O capacitismo é coisa da minha cabeça ou da sua quando afirma que a masturbação não serve para mim?

Ou quando insiste violentamente que eu me aposente, pois não vale a pena viver como eu vivo, que é estudando?

Ou quando novamente de maneira insistente questiona a minha possibilidade de escrita e infere que meu braço é danificado?

O racismo cruzado é coisa da minha cabeça ou da sua quando ao me ver fala que as pessoas com deficiência do meu tipo são as que mais fazem golpes?

É coisa da minha cabeça ou da sua ser seguida em mercados?

É coisa da minha cabeça ou da sua quando justifica minha orientação sexual a minha deficiência atrelada a minha cor?

É coisa da minha cabeça ou da sua quando justifica minha condição como fruto de um espírito maligno?

Ou quando atrela os meus caminhos como uma ingratidão ao seu ente divino?

É coisa da minha cabeça ou da sua quando diz que não há necessidade de mudar de sala de aula em função de adaptações para mim enquanto pessoa com deficiência, pois isso lhe tira o conforto de ficar em uma sala perto dos professores mais confortável?

É coisa da minha cabeça ou da sua quando não permite que eu entre no ônibus por não ter carteirinha de dificiente quando visivelmente ver a minha deficiência? Após explicar que ainda não consegui efetuar o pedido da carteirinha.

É coisa da minha cabeça ou da sua quando manda eu me levantar do assento com a justificativa que tenho condição de me segurar sozinha em pé?

É coisa da minha cabeça ou da sua quando ao me ver se levanta em expressão de nojo e senta em outro lugar distante?

É coisa da minha cabeça ou da sua ?

Sarah Nascimento de Jesus

Psicóloga Clínica e social (CRP 03/21234). Fundadora do projeto Transmutar (2018) na Operação Ronda Maria da Penha (PMBA), na qual também fiz parte da equipe multidisciplinar, atuando na área de Psicologia, na condição de estagiária em caminhada acadêmica. Trago bagagens com temas sobre comunidades, violência doméstica e familiar, gestão comunitária, atenção integral à saúde das populações do campo, da floresta e das águas, gestão local de desastres naturais para a Atenção Básica, saúde mental, intervenção psicológica na uti: geral e cardíaca e, intervenções psicossociais com pacientes oncológicos, em perspectiva interseccional.

** ESTE ARTIGO É DE AUTORIA DE COLABORADORES OU ARTICULISTAS DO PORTAL GELEDÉS E NÃO REPRESENTA IDEIAS OU OPINIÕES DO VEÍCULO. PORTAL GELEDÉS OFERECE ESPAÇO PARA VOZES DIVERSAS DA ESFERA PÚBLICA, GARANTINDO ASSIM A PLURALIDADE DO DEBATE NA SOCIEDADE. 

 

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