Sexto encontro online do ciclo 1922: modernismos em debate analisa a produção artística indígena

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O evento acontece na próxima segunda-feira (30 de agosto), das 18h às 21h15, com transmissão ao vivo pelos canais de Facebook e YouTube do IMS, do MAC USP e da Pinacoteca de São Paulo

Artes Indígenas: apropriação e apagamento é o tema do sexto encontro online do ciclo 1922: modernismos em debate que acontece na próxima segunda-feira (30 de agosto), das 18h às 21h15. Organizada pelo Instituto Moreira Salles, pelo Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo e pela Pinacoteca de São Paulo, a programação engloba debates mensais, que seguem até dezembro, sobre o legado da Semana de Arte Moderna de 1922. Todas as atividades são transmitidas ao vivo pelos canais de YouTube e Facebook das três instituições.

O foco desta vez é a produção artística dos povos originários. O artista Denilson Baniwa, indígena do povo Baniwa; e Lúcia Sá, professora titular de estudos brasileiros na Universidade de Manchester (Reino Unido), dão início aos debates, com a mediação da curadora da Pinacoteca de São Paulo Fernanda Pitta. As discussões de ambos se voltam às questões do colonialismo, da exploração, da pacificação e da unilateralidade na relação do Brasil com as populações indígenas e sua arte. As falas também debatem a apropriação das culturas indígenas pelo modernismo, inclusive em obras célebres do movimento, como  Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade, Macunaíma, de Mário de Andrade, Cobra Norato, de Raul Bopp, e Abaporu e Antropofagia, de Tarsila do Amaral. Também abordando o contexto da arte indígena contemporânea e as obras de Denilson Baniwa e Jaider Esbell, Lúcia Sá propõe refletir sobre o modo como essa produção vem reapropriando conceitos modernistas, como até mesmo a antropofagia, para produzir uma crítica mais contundente e aprofundada ao próprio movimento paulista de 22.

A segunda mesa, com Patrícia Bueno Godoy, professora da Universidade Federal de Goiás; e Magda Pucci (Mawaca), doutora em pesquisa artística pela Universidade de Leiden (Holanda), debate outros aspectos da apropriação das artes indígenas na modernidade brasileira, nas artes aplicadas e na música. Godoy tratando dos primeiros artistas que criaram repertórios decorativos a partir de motivos indígenas e Pucci analisando o histórico da relação da música brasileira com as musicalidades indígenas, desde óperas como Il Guarany, de Carlos Gomes, a composições de Villa-Lobos, Egberto Gismonti, Caetano Veloso, Milton Nascimento e da banda Sepultura. A mediação é de Márcia Kambeba, escritora, poeta e ativista do povo Kambeba, ouvidora do município de Belém, mestre em Geografia e doutoranda em Letras.

Mais sobre o ciclo 1922: modernismos em debate

Realizado entre março e dezembro de 2021, de modo online, o ciclo de encontros tem o objetivo de promover uma revisão crítica da Semana de Arte Moderna de 1922. Os debates são realizados uma vez ao mês e têm a presença de 41 convidades. Participam pessoas de diferentes estados, com o objetivo de comparar pontos de vistas, ampliar o conceito de modernismo e discutir as especificidades dos diversos movimentos que despontaram no Brasil entre os anos 1920 e 1940. Além de reunir especialistas em arte moderna, participam artistas contemporâneos, que discutirão o teor ideológico presente na representação de corpos negres e indígenas nas obras do período. O seminário acontece no ano anterior ao do centenário da Semana de Arte Moderna, justamente para nutrir as pesquisas das três instituições para 2022, quando todas farão eventos em torno da efeméride. 1922: modernismos em debate é organizado por Ana Gonçalves Magalhães (MAC USP), Fernanda Pitta (Pinacoteca), Heloisa Espada (IMS), Horrana de Kássia Santoz (Pinacoteca), Helouise Costa (MAC USP) e Valéria Piccoli (Pinacoteca).

Serviço:

Encontro 6 |Artes Indígenas: apropriação e apagamento

30 de agosto (segunda-feira), das 18h às 21h15

Mesa 11

18:00-18h30 | Pax Mongolica: ou sobre a estabilidade pelo domínio do outro | Denilson Baniwa (artista, RJ-AM): 
18:30-19h | Devorando a antropofagia: a anticolonialidade radical da arte indígena contemporânea | Lúcia Sá (Universidade de Manchester):
19h-19h30 |Debate com mediação de Fernanda Pitta (Pinacoteca de São Paulo)

19h30-19h45 | Intervalo


Mesa 12 


19:45-20h15 | Do museu à indústria | Patrícia Bueno Godoy (UFGO):

20:15-20h45| Histórias da Semana: o que é preciso rever | Magda Pucci (Mawaca) 

20:45-21h15| Debate com mediação de Márcia Kambeba (Indígena da etnia Kambeba)

Atividade gratuita com interpretação em Libras (Língua Brasileira de Sinais)

Transmissão ao vivo pelos canais de YouTube e Facebook das três instituições:

IMS

youtube.com/imoreirasalles

facebook.com/institutomoreirasalles

MAC USP

youtube.com/macuspvideos

facebook.com/usp.mac

Pinacoteca de São Paulo

youtube.com/pinacotecadesãopaulo

facebook.com/PinacotecaSP

Sobre os debatedores:

Denilson Baniwa

Nasceu em Mariuá (AM). Sua trajetória como artista iniciou-se na infância, a partir das referências culturais de seu povo. Na juventude, começou a lutar pelos direitos dos povos indígenas e transitou pelo universo não indígena, apreendendo referenciais que fortaleceriam essa resistência. É um artista antropófago, pois se apropria de linguagens ocidentais para descolonizá-las. Consolidou-se como referência, rompendo paradigmas e abrindo caminhos ao protagonismo dos indígenas no Brasil.

Lúcia Sá

Professora titular de estudos brasileiros na Universidade de Manchester (Reino Unido). É autora de Literaturas da floresta: textos amazônicos e cultura latino-americana (2012) e Life in the Megalopolis: Mexico City and São Paulo (2007). Atualmente é uma das coordenadoras do projeto Culturas de Antirracismo na América Latina, que, no caso do Brasil, enfoca a produção cultural indígena contemporânea.

Patrícia Bueno Godoy

Professora associada em história da arte e da imagem na Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás. Realizou mestrado em história da arte e cultura e doutorado em política, memória e cidade no Instituto de Filosofia e Ciências Humana da Unicamp. Sua pesquisa se concentra nos fundamentos da arte, arquitetura e design modernos, com atenção especial às raízes estéticas apoiadas na teoria ornamental do século XIX e à influência do pensamento científico na estética moderna.

Magda Pucci

Musicista e doutora em pesquisa artística pela Universidade de Leiden, Holanda. É diretora musical e fundadora do Mawaca, grupo especializado em recriar músicas de várias partes do mundo. Desde 2005, vem desenvolvendo livros e projetos de divulgação e promoção da cultura indígena. Desenvolveu projetos musicais em colaboração com grupos indígenas brasileiros, como Kayapó, Guarani Kaiowá, Huni-Kuin, Paiter Suruí e outros, além de projetos sociais com crianças e refugiados.

Próxima datas e temas do ciclo de encontros:

27 de setembro – Fotografia e cinema

25 de outubro – Artes do cotidiano

29 de novembro – Políticas do Modernismo

13 de dezembro – Futuro e passado: legados para o patrimônio

 Acesse os sites institucionais para a programação completa.

** ESTE ARTIGO É DE AUTORIA DE COLABORADORES OU ARTICULISTAS DO PORTAL GELEDÉS E NÃO REPRESENTA IDEIAS OU OPINIÕES DO VEÍCULO. PORTAL GELEDÉS OFERECE ESPAÇO PARA VOZES DIVERSAS DA ESFERA PÚBLICA, GARANTINDO ASSIM A PLURALIDADE DO DEBATE NA SOCIEDADE. 

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