Entidades e organizações do movimento negro participaram nesta quinta (24) de reuniões em Brasília (DF) com representantes do STF e do Congresso Nacional. Entre outras ações, os grupos começaram articulações para a criação de uma lei federal que torne obrigatório o uso e a regulamentação de câmeras em uniformes de agentes de segurança pública em todos os níveis (guardas municipais, polícias estatuais e federais), além de agentes de segurança privada em todo o país.
A agenda desta quinta incluiu encontros com parlamentares, com os ministros Flávio Dino, da Justiça, e Alexandre Padilha, de Relações Institucionais, além da presidente do STF, Rosa Weber.
A articulação é uma resposta à operação policial deflagrada no litoral paulista, no fim de julho, que deixou diversas pessoas mortas após o assassinato de um policial da Rota. Moradores do local relataram casos de abuso de autoridade por parte dos policiais.
Dados obtidos pelo UOL mostram que houve uma queda de 80% da letalidade policial no estado de São Paulo um ano após a implementação do programa que prevê a instalação das câmeras nos uniformes dos agentes de segurança.
As organizações negras também pedem a proibição do que chamam de “operações policiais reativas”, além da construção de uma nova política de drogas e que o STF coloque limites às abordagens policiais.
Por todo o país, uma série de manifestações também ocorreu nesta quinta contra a violência policial e no intuito de cobrar justiça pelo assassinato da liderança quilombola Mãe Bernadete, do Quilombo Pitanga dos Palmares. A família aponta o racismo religioso e intolerância religiosa como motivação para o crime. Mãe Bernadete também teve o filho, Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, mais conhecido como Binho do Quilombo, assassinado em setembro de 2017.
PEGA A VISÃO
Para o podcast Papo Preto, o cientista político Márcio Black comenta os dados da pesquisa “Percepções sobre o racismo no Brasil”, realizada pelo Instituto de Referência Negra Peregum e pelo Projeto SETA (Sistema de Educação por uma Transformação Antirracista). A pesquisa mostra que 81% dos brasileiros concordam que o Brasil é um país racista. Por outro lado, apenas 11% dos mesmos entrevistados consegue reconhecer práticas racistas no seu comportamento.
HISTÓRIA DA HISTÓRIA
A Fundação Cultural Palmares faz 35 anos. A entidade foi criada em 1988 para preservar valores culturais, sociais e econômicos da influência negra na formação da sociedade brasileira. Entre as diversas atribuições esta a responsabilidade por emitir a certidão que reconhece as comunidades quilombolas no Brasil.