Morre o escritor Nêgo Bispo, referência da luta quilombola

Enviado por / FonteUOL, por André Santana

A Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Quilombolas, Conaq, confirmou a morte, neste domingo, 03, do escritor e ativista Antônio Bispo dos Santos, conhecido como Nêgo Bispo, uma das principais referências da luta quilombola no Brasil.

Nascido em 1959, no Vale do Rio Berlengas, Piauí, integrava o quilombo Saco Curtume, município de São João do Piauí, sendo o primeiro membro da sua família a ter acesso à alfabetização.

No perfil da comunidade Saco Curtume, a família do líder quilombola informou que Antônio Bispo dos Santos faleceu às 17h41, deste domingo, 3, em virtude de parada cardiorrespiratória, no Hospital de São João do Piauí.

Nego Bispo é autor de artigos, poemas e dos livros “Quilombos, modos e significados” (2007) e “Colonização, Quilombos: modos e significados” (2015). Nas obras, Bispo apresenta uma epistemologia afro-quilombola e anticolonial para analisar as desigualdades do país a partir da experiência e concepções das comunidades quilombolas e dos movimentos sociais de luta pela terra.

“Sua contribuição inestimável para a compreensão e preservação da cultura e identidade quilombola será lembrada e reverenciada por gerações. Neste momento de perda, expressamos nossas condolências à família, amigos e admiradores, e reafirmamos a importância de honrar seu legado e perpetuar suas ideias. Que sua memória inspire e ilumine o caminho daqueles que seguem a luta pela valorização e reconhecimento das comunidades quilombolas”, lamenta a nota divulgada pela Conaq.

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, também lamentou a morte de Nêgo Bispo, nas redes sociais:

“Um dos maiores pensadores da nossa época ‘ancestralizou’. Nego Bispo fez a passagem e deixou aqui um legado enorme para o pensamento negro brasileiro. Um abraço a toda sua família e amigos”.

Em sua postagem, a ministra lembrou um dos últimos registros de fala de Nêgo Bispo, quando o pensador alertava para a importância de voltar as pesquisas para as histórias de resistência e vitórias das populações negras no Brasil, ao invés de concentrar nas violências sofridas ao longo da história.

“Eu vou falar de nós ganhando, porque pra falar de nós perdendo eles já falam”.

Em outubro, Nêgo Bispo participou da Festa Literária de Cachoeira, no Recôncavo da Bahia, quando dividiu a mesa “Memórias da terra, performances do corpo nas trajetórias narrativas da brava gente brasileira”, com o escritor Cacique Payayá e a pesquisadora Leda Maria Martins.

Mais uma vez, Bispo exaltou a importância dos valores e pensamentos dos povos tradicionais.

“No dia em que os quilombos perderem o medo das favelas, as favelas acreditarem nos quilombos, e os dois juntos conhecerem as aldeias, o asfalto vai derreter”, Nêgo Bispo
Em agosto deste ano, ECOA publicou uma entrevista com o mestre quilombola:

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