“Não tem cabimento sair dando tiro no meio da população”, diz Paulo Betti em protesto no Alemão

Na tarde deste sábado, moradores da comunidade realizaram mais uma manifestação contra a morte do menino Eduardo de Jesus Ferreira, de dez anos; cantora Karina Buhr também esteve presente no ato

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Na tarde deste sábado (4), moradores do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, realizaram mais um protesto contra a morte do menino Eduardo de Jesus Ferreira, de dez anos, baleado na última quinta-feira (2) na porta de casa (para ler mais, clique aqui). O garoto é a quarta vítima fatal na região desde a quarta-feira (1).

O ator Paulo Betti compareceu ao ato. “Me senti impulsionado a vir nesta manifestação por causa da violência. Não tem cabimento sair dando tiro no meio da população. Só pode resultar nisso”, disse àFolha de S. Paulo, enquanto caminhava junto aos demais manifestantes. Betti contou ter ficado comovido e revoltado com o episódio de violência que vitimou a criança.

Além dele, a cantora Karina Buhr esteve presente na manifestação e postou diversos registros da passeata em seu perfil no Instagram. “A PM tá em cima do morro jogando gás de pimenta pra galera não descer pro protesto na entrada da Grota”, relatou em uma das postagens.

Carregando cartazes e balões brancos, os moradores partiram da localidade conhecida como Grota e seguiram até a praça principal do bairro de Inhaúma, do outro lado do Conjunto de Favelas do Alemão. Durante o trajeto, foram seguidos de perto por dezenas de policiais militares. Em alguns momentos mais tensos, vaiaram veículos da PM, principalmente da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) e o blindado conhecido como Caveirão, quando passavam pela multidão.

A doméstica Terezinha Maria de Jesus, de 40 anos, mãe de Eduardo, participou do início do protesto, mas precisou ser levada do local após ficar nervosa e passar mal. “Eles [PMs] estão matando os inocentes. Esta polícia assassina tirou a vida do meu filho. Esses covardes”, afirmou àAgência Brasil.

Quem também contestou o trabalho da polícia militar foi o deputado estadual Marcelo Freixo (Psol), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). “Tem que ter uma solução para isso, porque estamos falando da vida das pessoas. O primeiro passo é ouvir os moradores. Isso nunca aconteceu, nem para construir o teleférico nem para pensar em um modelo de polícia. É preciso parar com o discurso da guerra. Tem que ter diálogo”, declarou à reportagem da ABr.

Os policiais envolvidos na ocorrência da morte de Eduardo foram afastados das ruas e respondem a um Inquérito Policial Militar (IPM). Suas armas foram recolhidas para a realização da perícia.

Confira algumas fotos da manifestação:

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