Uma criança de 10 anos assassinada na porta de casa. Por ‘legítima defesa’ da PM. Impossível.

Uma criança de 10 anos de idade sentada na porta de casa. Adultos, a cinco metros de distância, atiram nela. Desconsidere, por um minuto, que a cena se passa em uma favela e que os autores do disparo são policiais. Pense nas crianças que você conhece, em você criança. O que você sente? O que você espera?

por  no Brasil Post

O menino Eduardo brincava no celular, na porta de casa, quando foi assassinado por policiais militares, no Morro do Alemão, no Rio de Janeiro, em 2 de abril de 2015. A mãe, Terezinha Maria de Jesus, recebeu um fuzil apontado na cabeça e a ameaça: “assim como eu matei seu filho, eu posso muito bem te matar, porque eu matei um filho de bandido, um filho de vagabundo”. O que você sente?

Não sei ao certo o que sentiu Terezinha. Posso imaginar que ela tenha esperado o filho voltar da escola como costumava fazer, sofrido de forma inominável, desejado acordar do pior pesadelo que já tivera. Sei que Terezinha pediu justiça. Por sete meses. Até que o inquérito policial concluiu: a ação foi legítima defesa. Para a Anistia Internacional, Terezinha declarou: “Eu só vou sossegar minha vida e ter um pouco de paz quando eu vir esses assassinos atrás das grades.”

Terezinha espera por justiça. E você? O que você espera?

Admirador da Polícia Militar ou ativista pela desmilitarização da polícia, acredito que você consiga se conectar à dor dessa mulher, ao absurdo do que aconteceu, ao desespero gerado por tanta violência e impunidade.

O que precisamos fazer, como sociedade, para que nossas crianças possam brincar em segurança?

A resposta pode passar por preparar e remunerar bem os policiais; por descriminalizar as drogas para que termine de vez a guerra ao tráfico e a violência nos morros, por jutiça social e um país mais igualitário.

Podemos propor diferentes respostas para problemas tão complexos. E, principalmente, ouvir.

Porque ninguém passa batido, sem sentir nada, pelo assassinato de uma criança de 10 anos de idade na porta de casa.

Conectados a esse sentimento, conseguimos buscar soluções coletivas para problemas que são de todas e todos nós?

+ sobre o tema

Prefeitura de SP lança cartilha para combater racismo

Por: Renan Carreira     São Paulo -...

Escrito em Nego

Quando buscaram os Negros na África, trazendo-os como bichos amontoados...

Wolf Maya é condenado por racismo, diz jornal

Técnico diz que foi chamado de "preto fedorento"; advogado...

MEC e Funai expõem argumentos a favor do sistema de inclusão por cotas

  Na sequência das apresentações durante a audiência...

para lembrar

A pena vermelha – Um conto de cor

Era uma manhã como muitas outras. Daquelas que começam...

A sentença de André Ribeiro: Praticar cooper na mesma hora de um roubo

por  Leonardo Dallacqua de Carvalho Como um ritual, ao sentar...

IBGE: população negra sem água encanada em sua moradia é bem maior do que a branca

O vírus encontrou um ambiente ideal para sua disseminação...

MRE decide manter candidato que se autodeclarou afrodescendente em concurso

Brasília – O Ministério das Relações Exteriores, Itamaraty,...
spot_imgspot_img

PM afasta dois militares envolvidos em abordagem de homem negro em SP

A Polícia Militar (PM) afastou os dois policiais envolvidos na ação na zona norte da capital paulista nesta terça-feira (23). A abordagem foi gravada e...

‘Não consigo respirar’: Homem negro morre após ser detido e algemado pela polícia nos EUA

Um homem negro morreu na cidade de Canton, Ohio, nos EUA, quando estava algemado sob custódia da polícia. É possível ouvir Frank Tyson, de...

Denúncia de tentativa de agressão por homem negro resulta em violência policial

Um vídeo que circula nas redes sociais nesta quinta-feira (25) flagrou o momento em que um policial militar espirra um jato de spray de...
-+=