Panfletos encomendados pela ultradireita católica colam na campanha de Serra

Depois que a Polícia Federal apreendeu, na véspera, por determinação da Justiça Eleitoral, cerca de 1 milhão de panfletos que pregam voto contra o PT devido à posição favorável à descriminalização do aborto, uma investigação básica provou, de imediato, que a Editora Gráfica Pana Ltda. é de propriedade da empresária Satiko Kobayashi, irmã do coordenador de infra-estrutura da campanha tucana, Sérgio Kobayashi. Agora a PF apura a suspeita de que a empresa pertence, de fato, a um integrante próximo ao presidenciável José Serra.

– Vamos aprofundar essa investigação – garante fonte ligada ao inquérito, na Superintendência da PF do Estado de São Paulo.

Ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Henrique Neves recebeu, nesta segunda-feira, a informação que os irmãos Kobayashi são regularmente filiados ao PSDB, sendo que Satiko assinou a ficha em 1991. O magistrado assinou a liminar que permitiu a apreensão dos panfletos, a pedido do PT, para apuração do crime de difamação.

Procurado pela imprensa, Sérgio Kobayashi disse apenas que se tratava de “uma coincidência” o fato de a gráfica Pana ter como sócia a irmã dele, ao mesmo tempo que a assessoria da campanha de Serra negava qualquer relação entre o candidato e os panfletos carimbados pela ala à direita da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que não apenas declara o voto para o tucano, mas distribui material anti-Dilma nos meios eletrônico e impresso.

“A campanha de José Serra não aceita a insinuação de conluio de qualquer tipo entre a atividade eleitoral e a Igreja Católica. É um desrespeito à Diocese de Guarulhos e à própria Igreja imaginar que possam ser correia de transmissão de qualquer candidatura. A Igreja Católica não é a CUT”, diz a nota.

Agenciador do serviço gráfico, Kelmon Luís de Souza – integrante do Partido Monarquista Parlamentarista Brasileiro (sem registro no país) – creditou o pagamento da encomenda de 20 milhões de panfletos em nome da diocese às “doações pesadas de quatro ou cinco fiéis”.

Irrelevante

Enquanto a PF investiga os crimes de calúnia, difamação e possível fraude fiscal, o candidato José Serra disse que considera “inteiramente irrelevante” o fato de a gráfica onde foram impressos panfletos contra sua adversária Dilma Rousseff (PT) pertencer de uma parente de um dos membros da campanha tucana.

– Não conheço o panfleto. Eu tenho a informação de que a Diocese de Guarulhos encomendou a uma gráfica a impressão de folhetos da Diocese, emitindo orientações para seus fiéis. O fato de a gráfica ser ou não ser de uma parente de alguém que está trabalhando na campanha é inteiramente irrelevante – disse o candidato a jornalistas, após evento na Associação Médica Brasileira (AMB).

Serra, que já responde a processo semelhante da Justiça Eleitoral, acredita que buscar relacionar a confecção dos panfletos à sua campanha é “procurar pêlo em ovo”.

– A despesa é da Diocese… a Diocese tem pleno direito de manifestar-se sobre questões relevantes do ponto de vista da religião no Brasil, do ponto de vista da sociedade, e isso não tem nada a ver com a campanha – acrescentou Serra, após insinuar que o PT tem problemas internos suficientes.

Alfinetada

Na noite desta segunda-feira, a candidata do PT, Dilma Rousseff, rebateu as insinuações tucanas e lembrou que pesa ainda sobre a campanha tucana a suspeita de desvio de R$ 4 milhões em contribuições supostamente de caixa dois para a campanha de Serra, que teriam sido desviados pelo ex-diretor da Dersa, estatal paulista de estradas, Paulo Vieira Souza, conhecido como Paulo Preto.

– O Paulo Vieira de Souza está sendo investigando pela Polícia Federal na Operação Castelo de Areia. Até agora não houve uma investigação, não houve um processo, pelo contrário. Há uma diferença entre quem investiga e pune e quem acoberta e não pune – disse, em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, referindo-se à operação da PF deflagrada no ano passado que investiga um esquema de lavagem de dinheiro e procurou desbaratar uma quadrilha que envolvia uma grande construtora nacional.

 

Fonte: Correio do Brasil

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