A diferença entre artigos científicos escritos por homens e por mulheres

Nova pesquisa revela distinção na linguagem usada por cada gênero, além de como isso impacta a repercussão de trabalhos

Por Sabrina Brito, da Veja

Trabalhos feitos por homens costumam ser mais bem-sucedidos: mas seria por causa da linguagem usada? (Foto: Lucas Vasques/Pixabay)

De acordo com um estudo realizado por cientistas das universidades Harvard e Yale, nos EUA, e Mannheim, na Alemanha, a linguagem utilizada por pesquisadores e pesquisadoras em seus artigos é muito diferente, e isso pode influir no sucesso que seus trabalhos têm. Publicada ontem (16) no periódico científico BMJ, a pesquisa é a primeira em grande escala a quantificar diferenças nas palavras usadas por cada gênero em trabalhos biomédicos.

Os cientistas analisaram mais de 6 milhões de publicações e constataram que artigos em que os autores principais são homens possuíam até 21% a mais de chance de usar uma linguagem positiva e otimista, que coloca os achados em alto grau de importância, em comparação às suas contrapartes femininas. Segundo o estudo, os títulos e resumos das pesquisas lideradas por homens usavam mais frequentemente palavras como “excelente”, “único” e “inovador”.

Consta ainda que artigos em que o primeiro e último autor são mulheres apresentavam 12,3% menores chances de usar expressões positivas para descrever achados, do que aqueles em que o primeiro e o último autor são homens. Além disso, foi concluído que os trabalhos em que esses termos constavam eram 13% mais citados do que os outros, desprovidos da perspectiva otimista.

De acordo com os responsáveis pelo levantamento, há diversos fatores que levam a esse tipo de desigualdade. No entanto, afirmam, é importante ter em mente que a linguagem pode servir como um desses pilares. Uma das teorias que explicam o fenômeno observado é a de que homens se promovam mais porque é mais socialmente aceito que eles o façam do que mulheres, observam os pesquisadores. Além da comunidade científica, outro público que pode ser afetado pelo uso de termos otimistas é o de leitores.

+ sobre o tema

O racismo como polêmica escolar

ERICA BARBOSA BAIA FERNANDA MARQUES DE ALMEIDAROSIANE MACHADO...

MEC cria ‘Enem’ para professores

Primeira prova deverá ser realizada em 2011. Participação de...

Núcleo da UNEB oferece curso sobre história e culturas africanas e afro-brasileira

O Núcleo de Estudos Africanos e Afro-brasileiros em...

Estudantes negros são menos de 10% nas universidades federais

Em 2003, pesquisa mostrava que taxa não chegava a...

para lembrar

Fuvest 2011 tem mais inscritos do que ano anterior

Ao todo, 132.969 pessoas se candidataram às 10.752 vagas...

Calar é preciso

Sem a possibilidade de parar no Dia Internacional da...

ENEM: OAB orienta candidatos do Enem a procurar MP e não descarta pedir anulação

Os candidatos inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio...
spot_imgspot_img

Educação dos ricos também preocupa

É difícil imaginar o desenvolvimento de uma nação sem a participação ativa dos mais abastados. Aqueles que, por capricho do destino, nasceram em ambientes...

Inclusão não é favor

Inclusão não é favor. Inclusão é direito! Essa é a principal razão pela qual ações voltadas à promoção da equidade racial devem ser respeitadas, defendidas e...

Promessa de vida

O Relatório do Desenvolvimento Humano, divulgado nesta semana pelo Pnud, agência da ONU, ratificou a tragédia que o Brasil já conhecia. Foi a educação que nos...
-+=