A favela precisa ser vista e ouvida

A importância de um veículo da envergadura e da extrema importância na história da comunicação social brasileira como o Jornal do Brasil, abrir um espaço onde a favela  pode ser retratada de forma clara e sem estereótipos, onde seu cotidiano em relação à cidade, da qual é parte fundamental e constituinte e da própria cidade em relação a esse espaço, é crucial atualmente.

Por Mônica Francisco Do Jornal do Brasil

A favela é caricaturada ou pintada com tintas obscuras. A possibilidade de encontrarmos o equilíbrio na retratação de seu cotidiano é de máxima importância, bem como dar a oportunidade de a sociedade lê-la e “ouvi-la” de maneira diferente.

A favela precisa ser ouvida. Sua voz precisa ser reverberada nestes dias sombrios, onde a estatística continua dando friamente os números das perdas e dos danos impetradas a ela, principalmente pelo poder público.

Hoje, o Borel por exemplo, sofre com a falta de água em algumas áreas, já há pelo menos um mês e meio. Outras favelas buscam a finalização de complementos de obras que se arrastam, tal como a cidadania plena desejada pelos que lá residem.

Em mais de um século de existência das favelas, a polícia, a força bruta, é sem dúvida o elemento mais presente, ao seu lado no mesmo patamar a discriminação, sendo um decorrente do outro.

A negação não só do direito de fazer parte da cidade, evidenciado nos altos números de remoções, já atestados por fontes idôneas, como o levantamento feito pelo arquiteto Lucas Faulhaber, em parceria como o fotógrafo Luiz Baltar e a jornalista Lena Azevedo, onde afirma em livro publicado pela Mórula editorial que na gestão municipal atual, mais de 65 mil mil foram realizadas, indo além do que o grande reformador da história da cidade Pereira Passos, mas principalmente de se apropriar dela, é assustadora.

Olhar a praia do Arpoador vazia no último sábado de calor foi o mais triste quadro pintado pela gestão da pobreza e dos negros, que são quase palavras e categorias sinônimas, em se tratando de Brasil.

Assim, caros e caras leitores(as), ter um canal onde a possibilidade de diminuição do silenciamento imposto à favela é possibilitado, é fundamental para o enfrentamento das desigualdades, discriminações visibilidade da riqueza e da força que vem das favelas ou se preferir, das periferias das cidades.

“A nossa luta é todo dia. Favela é cidade. Não aos Autos de Resistência, à GENTRIFICAÇÃO, à REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL , ao RACISMO, ao RACISMO INSTITUCIONAL, ao VOTO OBRIGATÓRIO, ao MACHISMO, À VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER e à REMOÇÃO!”

+ sobre o tema

América Latina assina acordo contra trabalho infantil

Em uma conferência regional, apoiada pelas Nações Unidas, 25...

Agradecimento dos Povos Indígenas pelo ‘tuitaço’ contra a PEC 215

Na manhã desta quarta-feira (3) uma mobilização nas redes...

Apesar de abolida, pena de morte ainda tem aplicação prevista no Brasil

Em sua argumentação junto ao presidente da Indonésia, Joko...

Artistas abraçam causa indígena

A segunda fase da campanha Tamuaté-Aki, em apoio à...

para lembrar

Comissão da Verdade termina com pedido de julgamento de militares e fim da PM

Após mais de dois anos de funcionamento, a Comissão...

“Deveríamos criminalizar a pregação da ditadura”, diz filósofo

Em palestra proferida em São Paulo, o filósofo Renato...

Suicídio entre índios é recorde

Uma morte a cada três dias. Esse é o...

Índios poderão ter direito a nome de sua etnia em documentos

A população indígena do Brasil poderá conquistar o direito...
spot_imgspot_img

Confira a lista das selecionadas para curso sobre direitos humanos, gênero, raça e política

Geledés inicia nesta quarta-feira (17) o curso "Direitos humanos, gênero, raça e política" dedicado a mulheres negras, a fim de capacitá-las para identificar, analisar...

Brasil reconhece violação de direitos e se desculpa com quilombolas

O Estado brasileiro reconheceu que violou direitos de prioridade e de proteção jurídica de comunidades quilombolas durante a construção do Centro de Lançamento de...

Dado racial em documento trabalhista é passo no combate a desigualdades

Em 20 de abril de 2023, o governo federal sancionou lei que altera o Estatuto da Igualdade Racial para obrigar empregadores a incluir campo para identificação...
-+=