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    Foto: AdobeStock

    “Sua raça é resistente à dor”: mulheres relatam racismo em atendimentos médicos

    Camila Moura de Carvalho (Arquivo Pessoal)

    Camila Moura de Carvalho: Por que o feminismo negro?

    Djamila Ribeiro – Filósofa e Escritora “Não é preciso ser negro para se engajar na luta antirracista” (Foto: Victor Affaro)

    Mulheres de Sucesso: Forbes destaca 20 nomes em 2021

    Anielle Franco (Foto: Bléia Campos)

    A importância da proteção de defensores e defensoras de direitos humanos 

    Ilustração/ Thaddeus Coates

    Quando eu descobri a negritude

    Bianca Santana - Foto: João Benz

    Queremos uma presidenta em 2022!

     A24 Studios/Reprodução

    O Homem Negro Vida

    A nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala prepara seu discurso após ser nomeada, em sua casa de Potomac, Maryland. (Foto: ERIC BARADAT / AFP)

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      Zilda Maria de Paula (à esq.), líder das mães de Osasco e Barueri, conversa com Josiane Amaral, filha da vítima Joseval Silva Imagem: Marcelo Oliveira/UOL

      Defesa de réus de chacina tenta desacreditar mães de vítimas, diz defensora

      Foto: Reprodução/ TV Globo

      Carol Conká, a Karabá do BBB

      Bianca Santana, jornalista, cientista social e pesquisadora - Foto: Bruno Santos/Folhapress

      Notícia sem contexto contribui para o genocídio negro no Brasil, afirma pesquisadora

      Alice Hasters (Foto: Tereza Mundilová/ @terezamundilova)

      Alice Hasters – Por que os brancos gostam de ser iguais

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      Família diz que menino morto no Rio foi retirado da porta de casa pela PM

      Foto: Diêgo Holanda/G1

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      Foto: Ari Melo/ TV Gazeta

      Moradores carregam corpos e relatam danos psicológicos após ações da PM na Baixada Fluminense

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      Do crente ao ateu, não faltam explicações para o racismo religioso no Brasil

      Foto: Deldebbio

      Prefeito de Duque de Caxias é investigado por intolerância religiosa a crenças de matriz africana

      FÁBIO VIEIRA/ESPECIAL METRÓPOLES

      Após ser alvo de ataques transfóbicos e racistas, Érika Hilton irá processar 50 pessoas

      A parlamentar Laetitia Avia propôs a nova nova lei, enquanto o primeiro-ministro Jean Castex foi ridicularizado por seu sotaque (GETTY IMAGES)

      Por que a França pode criminalizar a discriminação pelo sotaque

      Adolescente de 16 anos foi espancada pelo pai por ser lésbica, na Bahia — Foto: Divulgação/Polícia Civi

      Adolescente é espancada pelo pai na BA e relata que motivo é ela ser lésbica; avó da vítima denunciou homem à polícia

      (Jonathan Alcorn/AFP/)

      Painel trata combate ao racismo como exercício de cidadania e justiça

      Imagem: Geledes

      Racismo Estrutural – Banco é condenado a indenizar cliente por discriminação racial

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        Junior Dantas (Foto: Rodrigo Menezes)

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        Mary Aguiar (Foto: Imagem retirada do site Bahia.ba)

        Mary Aguiar, primeira juíza negra do país, morre aos 95 anos

        Chiquinha Gonzaga aos 47 anos, em 1984 (Acervo Instituto Moreira Salles/Coleção Edinha Diniz/Ciquinha Gonzaga)

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        Edusa Chidecasse (Foto: Reprodução/ @tekniqa.studios)

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        Chiquinha Gonzaga  Acervo Instituto Moreira Salles/Coleção Edinha Diniz/Divulgação

        Itaú Cultural abre a série Ocupação em 2021 com mostra dedicada à maestrina Chiquinha Gonzaga

        Vacinação contra a Covid-19 dos Quilombolas da comunidade Sucurijuquara, região isolada do Distrito de Mosqueiro, no Pará (Foto: FramePhoto / Agência O Globo)

        Covid-19: maioria da população, negros foram menos vacinados até agora

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              A pertinência de se ler Fanon, hoje – parte 1

              12/10/2015
              em Patrimônio Cultural
              Tempo de leitura: 17 min.

              PREFÁCIO a Os Condenados da Terra, edição da Letra Livre.

              por Inocência Mata, do Buala

              Ó meu corpo, faça sempre de mim um homem que questiona!

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              Exorcismo revolucionário

              04/12/2020

              (Última prece de Frantz Fanon em Pele negra, máscaras brancas.)

               

              No dia 6 de Dezembro de 1961[1], morria em Maryland, Washington[2], Frantz Fanon. Soubera um ano antes, em Túnis, que sofria de leucemia e que teria menos de um ano de vida. Ainda assim, empenhara-se por acabar a tarefa que tinha entre mãos, Os Condenados da Terra, livro que escreveu entre Abril e Julho de 1961, com um ritmo febril, nas palavras de Homi Bhabha[3], e que acabaria por ver publicado. Morreria dias depois, aos 36 anos, sete meses antes da proclamação da independência da Argélia (5 de Julho de 1962), a pátria adoptiva a que chegara em 1953[4] (e de que seria expulso em 1957), depois de oito longos anos de uma guerra de libertação que ceifou centenas de milhares de vidas humanas.

              Frantz Omar Fanon nasceu no dia 20 de Junho de 1925, na ilha da Martinica, numa numerosa família da classe média, cujos oito filhos puderam frequentar o liceu. Embora Fanon fosse muito mais novo que o seu compatriota Aimé Césaire (1913-2008), foi durante o seu tempo de estudante liceal que Fanon conheceu, enquanto aluno, e se tornou amigo do ideólogo da négritude, poeta, dramaturgo e ensaísta, com uma carreira política como deputado à Assembleia Nacional francesa pelo círculo da Martinica e como presidente da Câmara de Fort-de-France (Césaire retirar-se-ia da vida pública em 2001). Fanon admirava o intelectual defensor da valorização das raízes africanas da identidade antilhana, já então figura pública na ilha, sobretudo com a fundação, em 1934, de L’étudiant noir, em Paris, e da revista Tropiques, quando já de regresso à ilha natal. Apesar da admiração pelo seu antigo professor (chegou a participar na sua campanha eleitoral para deputado à Assembleia Nacional francesa), Fanon viria a discordar do autor de Discurso sobre o Colonialismo (que Fanon confessaria tanto ter apreciado e que escolheu para epígrafe da sua primeira obra, Pele Negra, Máscaras Brancas), anos depois, quando Césaire apoia o estatuto de département d’outre-mer atribuído à Martinica (e a outras ilhas do «Caribe francês» e a Reunião, ilha na costa oriental de África) através de uma lei de que o próprio Césaire seria relator, em 1946; diferenças que se acentuariam quando Césaire faz campanha pelo «sim» dadepartamentalização no referendo organizado pelo general de Gaulle, em 1958. Fanon discordaria ainda dos pressupostos da négritude, que consideraria uma «miragem», começando por afirmar, logo no início, que iria tenazmente questionar as duas metafísicas, o branco e o negro, e ver que elas são frequentemente muito destrutivas[5], e criticando aquilo que considerava serem os esforços dos negros contemporâneos em provar ao mundo branco, custe o que custar, a existência de uma civilização negra[6]. E mais adiante: «De fato, a negritude aparece como o tempo fraco de uma progressão dialética: a afirmação teórica e prática da supremacia do branco e a tese; a posição da negritude como valor antitético e o momento da negatividade.»[7]

              Trata-se de um tema caro a Fanon – não na perspectiva dos intelectuais africanos das colónias britânicas, sintetizada na metáfora da tigritude de Wole Soyinka, expressando a perversidade danégritude. Para Fanon, a négritude era o resultado da lógica de internalização da dominação, porque funcionava como uma «antítese afectiva, senão lógica, do insulto que o homem branco fazia à humanidade»[8]. Mais:

               

              Essa negritude, votada ao desprezo do branco, revelou-se, em certos sectores, a única capaz de levantar proibições e maldições. Uma vez que os intelectuais guineenses deparavam, antes de mais, com o ostracismo global, com o desprezo sincrético do dominador, a sua reacção foi admirarem-se e cantarem-se. À afirmação incon­dicional da cultura europeia sucedeu a afirmação incondicional da cultural africana. Em geral, os cantores da negritude irão opor a velha Europa à jovem África, a razão enfadonha à poesia, a lógica opressiva à natureza agitada; por um lado, dureza, cerimónia, pro­tocolo, cepticismo, por outro, ingenuidade, petulância, liberdade e até exuberância. Mas também irresponsabilidade.[9]

               

              Fanon crescera num ambiente tão estimulante intelectual e politicamente (para além da figura de Césaire, a Martinica era, à época, palco de acções culturais e políticas de intelectuais como René Ménil, Georges Gratiant, Thélus Léro ou Léopold Bissol) que, aos 17 anos, já com a Martinica sob jugo alemão, conseguiu chegar à ilha Dominica, então colónia britânica, para se juntar às Forças Aliadas e combater contra a Alemanha nazi, tendo actuado no Norte de África (Marrocos e Argélia) e em França (em várias frentes), numa altura em que o nacionalismo argelino começava a convencer-se da improbabilidade de um diálogo com as autoridades coloniais com vista à independência, apesar da «promessa» de emancipação da metrópole, caso os argelinos participassem na guerra pela libertação da França ocupada pela Alemanha nazi.[10] Esta missão em África, em que o jovem militar presenciou uma outra face do racismo colonial, diferente do tipo de discriminação que vivenciara na sua Martinica natal, viria a marcar de forma absoluta o percurso de vida de Frantz Fanon. Afinal, viveu uma dupla experiência difícil, o colonialismo e o nazismo, e dessa dolorosa aprendizagem dá conta o seu primeiro livro, Pele Negra, Máscaras Brancas (1952):

               

              Quando éramos estudantes, discutíamos durante horas inteiras sobre os supostos costumes dos selvagens senegaleses. Havia, em nossos discursos, uma inconsciência pelo menos paradoxal. Mas é que o antilhano não se considera negro; ele se considera antilhano. O preto vive na África. Subjetivamente, intelectualmente, o antilhano se comporta como um branco. Ora, ele é um preto. E só o perceberá quando estiver na Europa; e quando por lá alguém falar de preto, ele saberá que está se referindo tanto a ele quanto ao senegalês. Que conclusão tirar de tudo isso?[11]

              fano3

              O encontro com a fria realidade da metrópole organizará o tecido da sua experiência de discriminação. Com efeito, depois da guerra, e por causa da sua participação nela, em 1946 Fanon ganha uma bolsa de estudo e parte para França, onde se inscreve no curso de medicina dentária, que viria a trocar pelo de psiquiatria, e que conclui em 1951, em Lyon, com uma tese sobre «Distúrbios mentais e síndromes psiquiátricas em degeneração espino-cerebelar hereditária. O caso de um doente de Friedrich com delírio de possessão»[12] – a segunda, pois a primeira tese fora recusada pela crítica feroz que o jovem médico fazia à psiquiatria positivista, antes propondo uma psicoterapia institucional, envolvendo a comunidade, defendida pelo psiquiatra espanhol François Tosquelles, seu mestre e sob cuja supervisão publicaria os seus primeiros ensaios sobre psiquiatria.O tema revelava já a preocupação de Fanon com os traumas e distúrbios mentais que vira no Norte de África e que motivaria os inúmeros escritos sobre psiquiatria que publicou, entre 1951 e 1959, em revistas de especialidade em França, na Argélia, na Tunísia e em Marrocos.[13]

              Por isso, embora seja evidente a anterioridade da expressão «os condenados da terra» que compõe os primeiros versos de A Internacional («Debout, les damnés de la terre/ Debout, les forçats de la faim»), julgo mais verosímil que o título escolhido por Frantz Fanon (e não pelos editores, como nos seus outros livros) venha do sentido de um verso do poema «Sales nègres» do livro Bois d’ébène(1945), de Jacques Roumain (1907-1944), poeta haitiano e fundador do Partido Comunista haitiano que, juntamente com Nicolás Guillén, constitui uma das referências da ideologia estética do negrismo caribenho, uma das matrizes da négritude[14]: 

               

              (…)

              Et nous voici debout
              tous les damnés de la terre
              tous les justiciers
              marchant à l’assaut de vos casernes
              et de vos banques
              comme une forêt de torches funèbres
              pour en finir
              une
              fois
              pour
              toutes
              avec ce monde
              de nègres
              de niggers
              de sales nègres.[15]

              Por outro lado, para além dessa visível homenagem, não é fácil fugir à forte sugestão bíblica (apesar do assumido agnosticismo de Frantz Fanon) para a qual remete a expressão. Esse eco bíblico acentua a metáfora que traduz o estado de contiguidade da exploração quotidiana, no corpo e no espírito, na pele e na alma, da opressão e da repressão (sobretudo porque a escrita deste livro releva de uma gestação muito vivencial, nos anos 50 do século xx, numa Argélia a ferro e fogo), e os efeitos fracturantes desse estado, resultando não apenas na baixa auto-estima do sujeito negro-africano colonizado devido ao preconceito e à discriminação racial e etnocultural próprios da situação colonial, à sujeição a estruturas políticas e sociais numa situação de confrontação, mas ainda nos traumas causados pela guerra, as «psicoses reac­tivas» e as «psicotizações secundárias», que estuda no último capítulo. Os Condenados da Terra é, neste contexto, uma explicação radical das consequências do processo de internalização da dominação ante a violência colonial (e a antevisão da que se seguiria no período pós-colonial), a alienação e suas artimanhas no mundo dominante que modifica e subverte a comunidade e os sujeitos. E neste sentido Frantz Fanon tanto pode considerar-se um dos epígonos da geração dos nacionalismos africanos, quanto um dos primeiros teóricos do que se chamaria depois «estudos pós-coloniais». Com efeito, na pauta dos estudos pós-coloniais está não apenas a ruptura com as noções essencialistas de identidade, um dos núcleos conceptuais dos estudos culturais (com as contribuições dos celebrados Stuart Hall, Homi Bhabha, Edward Said, Kwame A. Appiah, Walter Mignolo, Néstor García Canclini, entre outros), mas uma epistemologia que propõe a (re)leitura do colonialismo a partir de paradigmas que consideram experiências de alteridade, racializadas e culturalizadas, nas sociedades contemporâneas no jogo social e político das relações de poder – campo de que realmente é pioneiro Fanon, que valoriza as perspectivas da subjectividade e da cultura a par das dimensões da economia, da política e da história no estudo da violência colonial e seus desdobramentos interiores – «A densidade da Historia não determina nenhum de meus atos»[16], dissera Fanon em Pele Negra, Máscaras Brancas. Outra «herança» fanoniana aos estudos pós-coloniais seria, precisamente, esse cruzamento de epistemologias para o estudo do sujeito da situação colonial. É que, em Lyon, Fanon não estudou apenas medicina: estudou também literatura, filosofia, história e sociologia. E essa transversalidade de conhecimentos é igualmente visível na sua obra e, particularmente, em Os Condenados da Terra. O próprio Fanon parece ter consciência dessa abordagem transdisciplinar, não frequente naquela época, quando, no capítulo V do mesmo livro, sobre «Guerra colonial e perturbações mentais», afirma:

              Vamos abordar aqui o problema das perturbações mentais provocadas pela guerra de libertação levada a cabo pelo povo argelino.

              Talvez se considerem inoportunas e singularmente desloca­das, num livro como este, tais notas sobre psiquiatria. Nada pode­mos contra isso.[17]

              Mais conhecido como revolucionário argelino do que enquanto intelectual antilhano produtor de (uma) teoria, Fanon teve, a par dos seus escritos, uma existência muito tumultuosa. Estes, por exemplo, antes de se afirmarem hoje como seminais dos estudos sobre as sociedades contemporâneas, seja na perspectiva dos estudos culturais, pós-coloniais, seja nos estudos de sociologia, de antropologia política ou de politologia, foram apreendidos em França, censurados nos Estados Unidos e, obviamente, em Portugal[18] (onde a tradução da Ulisseia de Os Condenados da Terra foi censurada e apreendida «a bem da nação», em 1967). Por sua vez, uma citação de Fanon por um professor ou um cidadão[19] comprometido com causas emancipatórias era um passaporte para um rótulo ostracizante, o de radical, eufemismo para racista – atributo que, naqueles tempos e nestes, dimensionados numa visão pastoral do colonialismo, à direita e à esquerda, empurrava o autor da citação para o campo do maniqueísmo, que caracterizava a cena mundial durante a Guerra Fria, com repercussão nas opções ideológicas (socialismo vs capitalismo) dos países do, então chamado, Terceiro Mundo.

               condenados

              Descobri Frantz Fanon relativamente tarde nos meus estudos sobre África, sob a urgência de Mário Pinto de Andrade. E o que me surpreendeu nessa descoberta foi a «desconfiança» de que muitos falavam de Fanon sem nunca o terem lido na verdade, pois Frantz Fanon implode precisamente a «epistemologia» do maniqueísmo de que era acusado, ao afirmar que «o maniqueísmo primário que regia a socie­dade colonial permanece intacto no período de descolonização»[20] – uma consideração bem ao jeito das formulações pós-coloniais sobre relações de poder no âmbito da cultura, classe, etnia, do género, da orientação sexual e outras categorias que compõem o xadrez das relações de poder internas à sociedade «descolonizada». Portanto, nessa altura (finais dos anos 80-princípios dos anos 90), Fanon era, no mundo da língua portuguesa – um mundo em que a teoria do luso-tropicalismo moldou mentalidades e a visão paternalista do colonialismo, de forma explícita ou implícita, na análise histórica ou na percepção do presente –, considerado radical. Tal como o movimento da négritude – e da negritude (de língua portuguesa) – passava por um desmerecimento em que nem sequer a catarse do discurso científico começara ainda a fazer-se. Comentadores eopinion-makers, também os de origem africana, com acesso à comunicação social em Portugal (mesmo em órgãos que se dizem dirigidos às comunidades africanas), dimensionados na ideia de um «colonialismo intercultural», viam em Frantz Fanon um racista que apelava ao ódio entre as raças. Concordo com quem considera que essa «percepção» da obra de Fanon se deve ao célebre prefácio de Jean-Paul Sartre (nome com o qual os intelectuais negro-africanos se haviam habituado a dialogar) a Os Condenados da Terra (como famoso se tornara «Orfeu negro», prefácio a Anthologie de la poésie nègre et malgache, 1948, de Léopold Senghor, texto que há muito ganhou o estatuto de ensaio, passando a circular em publicação autónoma). Com efeito, estou convencida de que muitos leram apenas o prefácio e resumiram o texto de Fanon ao apelo que Sartre encontrou nas palavras do intelectual martinicano:

              Neste novo momento a agressão colonial se interioriza em terror entre os colonizados. Não me refiro somente ao temor que experimentam diante de nossos inesgotáveis meios de repressão como também ao que lhes inspira seu próprio furor. Estão entalados entre as armas que apontamos contra eles e as tremendas pulsões, os desejos de carnificina que sobem do fundo do coração e que eles sempre reconhecem: porque não é de início a violência deles, mas a nossa, voltada para trás, que se avoluma e os dilacera; e o primeiro movimento desses oprimidos é ocultar profundamente essa cólera inconfessável que a sua moral e a nossa reprovam e que, todavia, é o último reduto de sua humanidade. Leiamos Fanon: descobriremos que, no tempo de sua impotência, a loucura sanguinária é o inconsciente coletivo dos colonizados.[21]

               

              Sartre escreve, em 1961, claramente não para os destinatários de Fanon, mas para os destinadores do seu texto, os agentes coloniais (Sartre afunila o âmbito do seu círculo de destinatários, retirando daquele grupo um segmento a quem se dirige, a esquerda liberal francesa). Todo o longo parágrafo e outros que se lhe seguem podem ler-se como uma interpretação existencialista do texto de Fanon, revestida de uma justificação de violência que Frantz Fanon alegadamente defende, como se de uma violência redentora se tratasse, chegando a pontuar todas as manifestações culturais dos africanos com sinais de revolta (a dança, as manifestações de religiosidade, os rituais que actualizam usos e costumes). Fanon acabaria, pela visão de Sartre, a reificar o colonizado negro africano enquanto sujeito da história – colonial e porventura antes da presença europeia – baseada na violência ao afirmar que «os colonizados se defendem da alienação colonial voltando-se para a alienação religiosa. No fim de contas, o único resultado é a acumulação de duas alienações, cada qual reforçada pela outra. Assim, em certas psicoses, cansados de serem insultados todos os dias, os alucinados imaginam de repente ouvir uma voz de anjo que os cumprimenta (…).»[22]

              A «escolha» de determinado destinatário do texto de Jean-Paul Sartre – cuja leitura terá deixado o próprio Fanon silencioso quando, já no hospital, recebeu o livro[23] – é importante no contexto em que este é publicado: em 1961, a guerra da Argélia tinha atingido o zénite das atrocidades (Fanon fala, ainda em 1961, em genocídio[24] e é assim que muitos historiadores classificam as atrocidades cometidas pela Legião francesa e pelos pieds-noirs). O que Sartre faz é desvelar, para «dentro», o processo de exploração do sistema colonial e as diligências «necessárias» empreendidas pelo colonizador para que o sistema funcione. Vaticina o mal-estar que a sua análise possa provocar mesmo na esquerda, a quem se dirige, e sintetiza que «quando domesticamos um membro de nossa espécie, diminuímos o seu rendimento e, por pouco que lhe demos, um homem reduzido à condição de animal doméstico acaba por custar mais do que produz. Por esse motivo os colonos vêem-se obrigados a parar a domesticação no meio do caminho: o resultado, nem homem nem animal, é o indígena.»[25]

              David Macey, um dos biógrafos de Frantz Fanon[26] e um dos primeiros estudiosos da sua obra a considerá-lo um dos precursores do que se entenderia, 20 anos depois, por «estudos pós-coloniais», afirma ser Fanon muito mais do que um «apóstolo da violência» e «santo patrono» dos Panteras Negras, como dele disse o «pantera» Stokely Carmichael. Na verdade, não é temerário pensar que esse estatuto foi exponenciado pelo citado prefácio de Jean-Paul Sartre.

              É um facto que, no ponto de partida das reflexões de Fanon, a violência é a práxis fundadora da sociedade colonial, estando ela presente em todas as expressões materiais e simbólicas da relação colonial. Por isso é que, segundo Fanon, «para o colonizado, essa violência representa [também] a práxis absoluta (…) A violência é, por conseguinte, compreendida como a mediação real. ­O homem colonizado liberta-se na e pela violência. Esta práxis ilumina o agente porque lhe aponta os meios e o fim»[27]. Em Os Condenados da Terra, Frantz Fanon diagnostica, como resultado dessa violência política, económica, social e cultural do opressor – que resulta em massiva horda de marginalizados com ódio ao outro (também decorrente do «medo ao outro») –, uma reacção incontrolada do oprimido: violência gerada pelo recurso às regressões identitárias e étnicas. Esta é uma das evidências da actualidade da obra de Frantz Fanon, se pensarmos que esta é a situação que (ainda) vivemos hoje, decorrente de comportamentos legitimamente entendíveis como de regressão identitária, porque resultando de «identidades assassinas» (Amin Maalouf) – que também poderia ser «melancolia homicida», conforme analisa o próprio na senda do Professor A. Porot[28]. No seu conjunto, o livro analisa os antagonismos das relações dominado/dominante, no contexto da Guerra Fria, ainda que a terminologia da ciência política tenha tornado inibidora a expressão «Terceiro Mundo» – que, como se sabe, decorre (mas nela não se esgota) da teoria maoista dos «três mundos», hoje sem qualquer fundamentação quer político-económica, quer geopolítica – e tenha optado por uma pretensamente menos judicativa, os países do Sul, ou, simplesmente, o Sul. E quanta actualidade não revela o seguinte excerto da «Conclusão»:

              Camaradas, não teremos outra coisa a fazer senão criar uma terceira Europa? O Ocidente quis ser uma aventura do espírito. (…)

              Estamos, hoje, a assistir a uma paralisação da Europa. Fuja­mos, camaradas, desse movimento imóvel onde a dialéctica, pouco a pouco, se transformou em lógica do equilíbrio.[29]

              condenados2

              Não é que se possa inverter o lugar da «condenação», como se vê na provocatória pergunta «Are the Europeans now the damned of the earth?»[30], no artigo em que Neelam Srivastava estuda a recepção de Fanon na Itália. O que a pergunta encerra é, precisamente, a dimensão universal e transtemporal das reflexões de Fanon sobre o poder, tal como a origem da inspiração da expressão «os condenados da terra», que atrás já foi referida. A obra de Fanon ganhou uma projecção tão intensa, que o filósofo camaronês Achille Mbembe considera, no prefácio à obra completa de Fanon, em 2011, que existe agora uma «biblioteca Fanon», uma crítica vibrante e dinâmica inspirada da sua obra, que atravessa quase todas as disciplinas das ciências humanas e sociais, enfim, «uma verdadeira ‘biblioteca Fanon’ nasceu e permitiu, por sua vez, a constituição de um campo de estudos florescente, rizomático e, hoje em dia, de alcance planetário.»[31] Esta visão celebrativa da obra fanoniana pode não ser unânime, se tivermos em conta a resposta, com um travo de pessimismo, de Paul Gilroy à pergunta «O que tem o nacionalismo negro a dizer sobre a situação do mundo agora? Não muito.»[32]embora se possa contrapor a esse pessimismo a proposta testamentária de Fanon e o seu convite à relativização:

              Cada geração deve, numa relativa opacidade, descobrir a sua mis­são, cumpri-la ou traí-la. (…)

              A nossa missão histórica, a missão daqueles que tomaram a deci­são de acabar com o colonialismo, consiste em ordenar todas as revoltas, todos os actos desesperados, todas as tentativas aborta­das ou afogadas em sangue.[33]

              Continua (…)

               


              [1] A data da morte de Frantz Fanon é um dos «problemas» das suas inúmeras biografias: encontram-se três datas – 5 de Dezembro, 6 de Dezembro e 8 de Dezembro. Parece, no entanto, consensual (pela predominância desta data) que a sua morte ocorreu no dia 6 de Dezembro de 1961. Esta é a data que aparece numa das mais completas e concisas notas biográficas de Frantz Fanon, publicada recentemente por Giovanni Pirellia e Rachel E. Love, que teve a colaboração da família de Fanon, a sua esposa, o irmão Joby, colegas vários (do liceu, da faculdade, da vida militar, de profissão, enfim), em vários períodos da sua vida. Giovanni Pirellia & Rachel E. Love «Biographical Note on Frantz Fanon». Interventions: International Journal of Postcolonial Studies – New York University. Published online: 06 Jan 2015. Vol. 17, No. 3, 6394–416,http://dx.doi.org/10.1080/1369801X.2014.993680 (Fevereiro de 2015).

              [2] Fanon estava hospitalizado no National Institutes of Health em Bethesda, Maryland, segundo alguns de seus biógrafos contra a sua vontade, pois não lhe agradara ter de recorrer àquele «país de linchadores». Ironicamente, Fanon, que se inscreve no hospital como Ibrahim Fanon, é evacuado em aeronave providenciada pela Embaixada dos Estados Unidos em Túnis.

              [3] «In a feverish spurt». Homi Bhabha «Foreword: Framing Fanon». Frantz Fanon, The Wretched of the Earth. New York: Grove Press, 2004.

              [4] Frantz Fanon chega à Argélia como médico psiquiatra colocado no hospital de Blida, que hoje homenageia esse grande vulto da recente história da Argélia, Hôpital Psychiatrique Frantz Fanon.

              [5] Frantz Fanon, Pele negra, máscaras brancas. Salvador: Editora da Universidade Federal da Bahia, 2008, p. 26.

              [6] Idem, ibidem, p. 46.

              [7] Idem, ibidem, p. 121.

              [8] Frantz Fanon, Os Condenados da Terra. Lisboa: Letra Livre, 2015, p. 217.

              [9] Idem, ibidem.

              [10] Ver, por exemplo, Arthur Jose Poerner. Argélia: o caminho da independência. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966.

              [11] Frantz Fanon, Pele negra, máscaras brancas, op. cit., p. 132.

              [12] Tradução livre: Troubles mentaux et syndromes psychiatriques dans l’hérédo-dégénérescence spino-cérébelleuse: un cas de malade de Friedrich avec délire de possession.

              [13] Ver: Claudine Razanajao e Jacques Postel, «La vie et l’œuvre psychiatrique de Frantz Fanon».Sud/Nord, 2007/1 – n.° 22 ( p. 147 – 174).

              [14] Fanon também já homenageara Roumain com o título da revista Tam-Tam, editada em 1949: «Trop tard/jusqu’au cœur des jungles infernales/retentira précipité le terrible bégaiement/télégraphique des tam-tams répétant infatigables/répétant/que les nègres/n’acceptent plus/d’être vos niggers/vos sales nègres» («Sales nègres», Bois d’ébène).

              [15] Jacques Roumain, Bois d’ébène. Ênfase meu.

              [16] Frantz Fanon, Pele negra, máscaras brancas, op. cit. p. 190.

              [17] Frantz Fanon, Os Condenados da Terra, op. cit., p. 257.

              [18] Em Portugal, o livro teve duas edições: uma pela Ulisseia, nos anos 60, e outra pela Ulmeiro, nos anos 80; no Brasil, o livro também foi publicado por duas editoras: a Civilização Brasileira, em 1968, e a Editora da Universidade Federal de Juiz de Fora, em 2005.

              [19] Lewis R. Gordon afirma que, pelo contrário, na América do Sul o pensamento de Fanon formou muitos intelectuais, a começar por Paulo Freire. «Prefácio» a Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EDUFBA, 2008, p. 11. Nem é despiciendo o facto de haver, no seio da comunidade académica, um «Prémio Frantz Fanon por Obras Excepcionais do Pensamento Caribenho», concedido pela Associação Filosófica Caribenha.

              [20] Frantz Fanon, Os Condenados da Terra, op. cit., p. 54.

              [21] Jean-Paul Sartre, «Prefácio». Os condenados da terra. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1968, pp. 10-11.

              [22] Jean-Paul Sartre, op. cit., pp. 12-13.

              [23] Alice Cherki, Frantz Fanon: Portrait. Paris: Seuil, 2000.

              [24] «Aqui, é a guerra, é essa guerra colonial que muitas vezes toma aspecto de um autêntico genocídio, essa guerra, enfim, que perturba e despedaça o mundo, que é o acon­tecimento desencadeante.» (Frantz Fanon, Os Condenados da Terra, op. cit., p. 260).

              [25] Jean-Paul Sartre, op. cit., p. 10.

              [26] David Macey é autor de Frantz Fanon: A Life (London: Granta Books, 2000) e Frantz Fanon: A Biography (New York: Picador, USA, 2001).

              [27] Frantz Fanon, Os Condenados da Terra, op. cit., pp. 88-89.

              [28] Idem, idibem, p. 309.

              [29] Idem, ibidem, p. 325.

              [30] Neelam Srivastava «Frantz Fanon in Italy». Interventions: International Journal of Postcolonial Studies. Published online: 17 Dec 2014 Vol. 17, No. 3, 309–328.http://dx.doi.org/10.1080/1369801X.2014.991419

              [31] Achille Mbembe, «L’universalité de Frantz Fanon». Frantz Fanon Œuvres, Paris: La Découverte, 2011. Existe uma tradução portuguesa deste ensaio, a partir da qual se cita Mbembe:http://www.artafrica.info/html/artigotrimestre/artigo.php?id=36 (Acesso: 26 de Fevereiro de 2015).

              [32] Tommie Shelby, «Cosmopolitanism, Blackness, and Utopia» – a conversation with Paul Gilroy. Transition, nr. 98, 2008, pp. 116-135 (p. 120).

              [33] Frantz Fanon, Os Condenados da Terra, op. cit., pp. 211-212.

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              • "Quando resolvi organizar o livro Diálogos Contemporâneos sobre Homens Negros e masculinidades, junto com o professor Rolf de Souza, um projeto pensado, e escrito exclusivamente por homens negros (das mais diferentes matizes fenotípicas, ideológicas, sexuais, etc.), um dos motivos, era que nos últimos anos vinha sentindo uma “atmosfera” de desqualificação sistemática e generalizada sobre nós. Havia uma retórica inflamada por parte de um segmento do movimento das mulheres negras que identificavam os homens negros como a síntese de todos os males da população negra: violência, preterimento, violação, alienação, abandono, enfim o degenerado perfeito." Leia o Artigo de Henrique Restier em: www.geldes.org.br
              • Para fechar fevereiro, a coluna Nossas Histórias vem com a assinatura da historiadora Bethania Pereira, que nos convida a pensar sobre as camadas de negação da história do Haiti. Confira um trecho do artigo do artigo"O Pioneirismo haitiano nas lutas pela liberdade no Atlântico"."A partir de 1824, o presidente Jean-Pierre Boyer passou a oferecer terras e cidadania para os imigrantes exclusivamente negros, vindos dos Estados Unidos. Ao chegar no Haiti, as pessoas teriam acesso a um lote de terra, ferramentas e, após um ano, receberiam a cidadania haitiana. A fim de fazer seu projeto reconhecido, Boyer enviou Jonathas Granville como seu representante oficial para os Estados Unidos. Lá, Granville pode se reunir com afro-americanos de diferentes locais mas, aparentemente, foi na cidade de Baltimore, onde ele participou de reuniões na African Methodist Episcopal Church – Bethel [Igreja Metodista Episcopal Africana] e pode se encontrar com homens e mulheres negros e negras. Acesse o material na íntegra em: A Coluna Nossas Histórias é parceria entre a Rede de HistoriadorXs NegrXs, o Geledés e o Acervo Cultune #Haiti #Liberdade #Direitos #SéculoXIX #HistoriadorasNegras #NossasHistórias.
              • #Repost @naosomosalvo • • • • • • A @camaradeputados, o @senadofederal e o @supremotribunalfederal precisam frear a política armamentista da Presidência da República, que coloca em risco nossa segurança e nossa democracia. 72% da população brasileira é contrária à proposta do governo de que é preciso armar a população: precisamos unir nossas forças e vozes contra esses retrocessos! Pressione agora: www.naosomosalvo.com.br As armas que a gente precisa são as que não matam.
              • No próximo sábado, dia 27 de fevereiro, às 17h, as Promotoras Legais Populares- PLPs, realizam uma live para falar sobre ações e desafios durante a pandemia, no canal do YouTube de Geledés Instituto da Mulher Negra.
              • Abdias Nascimento, por Sueli Carneiro “Sempre que penso em Abdias Nascimento o sentimento que me toma é de gratidão aos nossos deuses por sua longa vida e extraordinária história fonte de inspiração de todas as nossas lutas e emblema de nossa força e dignidade. A história política e a reflexão de Abdias Nascimento se inserem no patrimônio político-cultural pan-africanista, repleto de contribuições para a compreensão e superação dos fatores que vêm historicamente subjugando os povos africanos e sua diáspora. Abdias Nascimento é a grande expressão brasileira dessa tradição, que inclui líderes e pensadores da estatura de Marcus Garvey, Aimé Cesaire, Franz Fannon, Cheikh Anta Diop, Léopold Sedar Senghor, Patrice Lumumba, Kwame Nkruman, Amílcar Cabral, Agostinho Neto, Steve Biko, Angela Davis, Martin Luther King, Malcom X, entre muitos outros. A atualidade e a justeza das análises e das posições defendidas por Abdias Nascimento ao longo de sua vida se manifestam contemporaneamente entre outros exemplo, nos resultados da III Conferência Mundial Contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e Formas Correlatas de Intolerância, ocorrida em setembro de 2001, em Durban, África do Sul, que parecem inspiradas em seu livro O Genocídio do Negro Brasileiro (1978) e em suas incontáveis proposições parlamentares.Aprendemos com ele tudo de essencial que há por saber sobre a questão racial no Brasil: a identificar o genocídio do negro, as manhas dos poderes para impedir a escuta de vozes insurgentes; a nos ver como pertencentes a uma comunidade de destino, produtores e herdeiros de um patrimônio cultural construído nos embates da diáspora negra com a supremacia branca em toda parte. Qualquer tema que esteja na agenda nacional sobre a problemática racial no presente já esteve em sua agenda política há décadas atrás, nada lhe escapou. Mas sobretudo o que devemos a ele é a conquista de um pensar negro: uma perspectiva política afrocentrada para o desvelamento e enfrentamento dos desafios para a efetivação de uma cidadania afrodescendente no Brasil, o seu mais generoso legado à nossa luta.” 📷Romulo Arruda
              • #Repost @brazilfound • • • • • • InstaLive Junte-se a nós para uma conversa com Januário Garcia, ícone da história do movimento negro no Brasil, enquanto celebramos o mês da história negra (Black History Month).⁠ ⁠ 📆: Terça-feira, 23 de fevereiro ⁠ ⏱: 18 hs horário de Brasília⁠ 📍: Instagram da BrazilFoundation (@brazilfound)⁠ ⁠ Fotógrafo brasileiro, Januário Garcia há mais de 40 anos vem documentando os aspectos social, político, cultural e econômico das populações negras do Brasil. Formado em Comunicação Visual, passou por prestigiados jornais e grandes agências de publicidade do Rio de Janeiro e é autor das fotos de álbuns icônicos de artistas consagrados. ⁠ ⁠ Januário participa de importantes espaços de memória, arte e cultura do povo negro; é co-fundador do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras, é membro do Conselho Memorial Zumbi e, atualmente, Presidente do Instituto Januário Garcia, um Centro de Memória Contemporâneo de Matrizes Africanas.⁠ ⁠ *⁠ #BrazilFoundation #mêsdahistórianegra #blackhistorymonth #januáriogarcia #brasil @januariogarciaoficial
              • Hoje é o dia nacional de luta por um auxílio emergêncial de 600 reais até o fim da pandemia! Fortaleça em todas as redes: #AuxilioEmergencial600reais #AteOFimDaPandemia #VacinaParaTodesPeloSUS Acompanhe os atos: https://coalizaonegrapordireitos.org.br/ato-nacional-pelo-auxilio-emergencial/
              • "As estratégias de liberdade desempenhadas pelos escravizados tiveram muitas dinâmicas. Em algumas oportunidades, era a carta de alforria o recurso daqueles que buscavam conquistar a saída da escravidão." Leia o artigo do historiador Igor Fernandes de Alencar, para a coluna
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              Geledés Instituto da Mulher Negra

              GELEDÉS Instituto da Mulher Negra fundada em 30 de abril de 1988. É uma organização da sociedade civil que se posiciona em defesa de mulheres e negros por entender que esses dois segmentos sociais padecem de desvantagens e discriminações no acesso às oportunidades sociais em função do racismo e do sexismo vigentes na sociedade brasileira.

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