A revolta do leitor contra ação policial em São Paulo

 

por Danilo Mandioca, via Facebook

 

 

 

 

 

 

 

 

Você aí, que foi em uma pá de manifestação no centro, na Paulista, no Palácio do Governo. Que se indigna com a violência da polícia e se orgulha de ter conseguido reverter o aumento da tarifa.

Dá uma olhada nesse vídeo e vê se dá pra notar a diferença de quando o protesto é com a classe média branca e quando ele é sem ela.

Bomba do helicóptero, execução, viatura atirando com a reportagem filmando no local, bala de borracha no rosto, fuzil e escopeta. Essa é a PM de todo dia, essa é a real violência da polícia militar. O que você passou nas manifestações, amigo/a, é fichinha.

De domingo pra cá, já foram dois adolescentes assassinados pela PM na zona norte de SP, a zona com o maior número de instalações militares e de moradores milicos da cidade. E você — assim como eu e todo mundo aqui — não tá sabendo de quase nada, porque não tem Mídia Ninja, não tem MPL, não tem milhões de streamings ao vivo.

Em 2005, em Paris, as revoltas populares começaram assim. Em 2007, na Grécia, também. Em 2012, em Londres, idem. A gente vai ficar citando e felicitando as populações desses países ou vai entender que é a nossa vez e se juntar à população em revolta da zona norte?

Movimento Passe Livre – MPL, Mães de Maio, Rede de Comunidades do Extremo Sul – SP e todos os demais movimentos que há anos estão nas ruas entre outras coisas pelo fim da violência policial: a hora — de um grande levante, de uma chamada geral pra ir pras ruas da zona norte — é essa.

Leonardo Sakamoto, Pablo Ortellado, Luiz Carlos Azenha e demais blogueiros progressistas de grande alcance: a hora de usar seus canais de comunicação é essa. Já mataram dois, quantos mais esta semana?

Laerte Coutinho, Carlos Lattuf e demais artistas/quadrinistas: a população pobre e negra da zona norte de SP esta sendo chacinada. Vamos usar a arte pra chamar a atenção pra isso?

Sinto calafrios de chegar em casa e primeiro não encontrar notícias sobre a zona norte, depois encontrar só em meios oficiais, e ver pelas redes sociais quase nenhuma mobilização sobre o que está acontecendo.

Posso estar procurando errado, espero que seja o caso. Mas não vi nenhum grande chamado de protesto coletivo e em solidariedade à população do Jardim Brasil, Jaçanã e arredores.

A Polícia Militar não vai acabar do nada. Ou a gente se mexe mais do que o habitual, ou continuaremos apenas lamentando, denunciando e reportando mortes.

Pra mim já deu.

Fonte: Viomundo

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