A revolução do cinema negro que desafiou Hollywood

O IMS paulista resgata 14 títulos das primeiras gerações de cineastas afro-americanos na Califórnia

Por JOANA OLIVEIRA, do El País

Cena de ‘Abençoe seus pequeninos corações’ (1983), de Billy Woodberry.

Como ensinar um mundo estéril a dançar? É o que se pergunta a atriz Barbara O. Jones na pele de uma freira negra, enquanto tenta abafar internamente o batuque distante dos tambores de Uganda. Os olhares contorcidos de Jones e a trilha sonora percussiva fazem uma reivindicação lúdica da ancestralidade negra no curta Diário de uma freira africana, da realizadora Julie Dash —primeira mulher afro-americana a dirigir um longa-metragem estreado comercialmente nos Estados Unidos (Filhas do Pó), em 1991.

Como ensinar um mundo estéril a dançar? Como ensinar outros olhares? A mesma pergunta parece ter passado pela mente das primeiras gerações de realizadores audiovisuais negros que entraram na Escola de Cinema da Universidade da Califórnia (UCLA), entre 1970 e 1980. Programas de atração e inclusão de estudantes de origens periféricas (latinos, indígenas, asiáticos, negros) implementados na época permitiram o florescimento de um cinema que deu protagonismo às narrativas negras, rebelando-se contra o espelho embaçado de Hollywood, onde esses artistas não se reconheciam. Agora, 14 obras da chamada L.A. Rebellion, entre curtas, médias e longa-metragens, serão apresentadas ao público brasileiro em uma mostra no Instituto Moreira Sales (IMS) de São Paulo, que começa nesta terça-feira e vai até 23 de fevereiro.

Se hoje desfrutamos de obras como Moonlight, que ganhou o Oscar de melhor filme em 2017, é porque essa produção foi antecedida pelo L.A. Rebellion e por nomes como o de Charles Burnett, realizador de trabalhos como os curtas Um Bocado de Amigos e O cavalo —outras duas pérolas que estarão no IMS.  É o que afirma a crítica de cinema estadunidense Soraya Nadia McDonald. Tanto o filme que foi aclamado pela maior indústria do cinema global quanto as produções dos jovens estudantes da UCLA foram feitos por realizadores negros, com elenco negro, com atores inexperientes ou estreantes e foram feitos com baixos orçamentos, contando histórias de negros.

 

Leia a matéria completa aqui 

+ sobre o tema

Garoto da capa black power

Eleito pelos torcedores do Shakhtar Dontesk como o melhor...

Milton Santos será homenageado pelo Congresso Nacional

  O jornalista e geógrafo Milton Santos, que completa 10...

Ressonância – Cizinho AfreeKa

por: Cizinho AfreeKa Que saudade! Que vontade!  De sentir tocar-me...

Literatura e ideologia: uma entrevista com Alice Walker

  Gostaria de dizer que planejamos tudo desde...

para lembrar

Pontos de Leitura da Ancestralidade Africana

Biblioteca Nacional lança Pontos de Leitura da Ancestralidade Africana. Livro...

Chelsea tenta renovar com Drogba, mas revista diz que atacante vai sair

Herói do título da Champions, marfinense já teria comunicado...

Super Black: cultura pop americana e super-heróis negros

Escrito por Adilifu NamaSuper Black coloca o surgimento de...

Olimpíadas 2012 ‘Espiã’ americana destrói Brasil, e Zé Roberto diz: foi imparável

Por: CELSO PAIVA Quando a Seleção Brasileira feminina...
spot_imgspot_img

O vídeo premiado na Mostra Audiovisual Entre(vivências) Negras, que conta a história da sambista Vó Maria, é destaque do mês no Museu da Pessoa

Vó Maria, cantora e compositora, conta em vídeo um pouco sobre o início de sua vida no samba, onde foi muito feliz. A Mostra conta...

Com 10 exibições que abordam a luta antirracista, Mostra do Cinema Negro tem sessões a partir de 4 de abril em Presidente Prudente

O Serviço Social da Indústria (Sesi-SP) promove, entre os dias 4 de abril e 23 de maio, uma programação com dez filmes que celebram o cinema...

A Sombra do Sonho de Clarice

O longa-metragem convidado para ser exibido no Lanterna Mágica no dia 21 de março foi O Sonho de Clarice, de Fernando Gutierrez e Guto...
-+=