Foi em um post terno no Instagram da minha querida deputada Erica Malunguinho, rodeada por três crianças na foto, que fui apresentada ao Projeto de Lei 504/2020 em pauta na Assembleia Legislativa de São Paulo. Ele tem como objetivo “proibir a publicidade que contenha alusão a preferências sexuais e movimentos sobre diversidade sexual relacionados a crianças no Estado”, alegando que pessoas LGBTQIA+ representariam “práticas danosas” e “influência inadequada” aos mais jovens.
Em suma, entendo como mais uma tentativa de ataque, tal qual muitos outros feitos ao longo dos últimos anos, para desumanizar pessoas por serem quem são e por amar quem amam.
A primeira coisa que penso quando me deparo com esse tipo de alegação é: sobre quais crianças estamos falando? Quem são essas crianças que o Estado quer proteger? Quem vai abraçar as crianças e adolescentes queer e dizer que está tudo bem, que são pessoas maravilhosas e que podem se sentir bem com quem são? Quem vai dizer que estão protegides? E eu pergunto, novamente, QUEM SÃO AS CRIANÇAS QUE UMA LEI COMO ESSA QUER PROTEGER?
Eu acredito profundamente que você que está lendo esse texto não é uma pessoa que concorda com esse tipo de crueldade, mas pode ser que você seja favorável aos discursos que dizem que “gays não precisam beijar em público”, “tudo bem ser lésbica, mas não precisa se vestir como homem” , “essas drags na tv! Como vou explicar pro meu filho?”.
E é justamente nesse ponto que eu queria chegar: na importância da representatividade LGBTQIA+ e das demonstrações de afeto não-heteronormativo serem apresentadas para as crianças com tanta naturalidade quanto os beijos entre homens e mulheres.
Não dá para esperar que os preconceitos e o estranhamento se instalem no subconsciente das nossas crianças para então tentarmos desconstruí-los, dizendo que está tudo bem. A heterossexualidade é imposta como padrão de normalidade desde sempre — o que, além de cruel, é desonesto e invisibiliza grande parte da população. Grande mesmo!
Felizmente, existem desenhos animados que trazem personagens LGBTQIA+ para esse lugar de pertencimento, de afeto e de naturalização (e que eu adoraria ter visto quando criança). Lugar que só há pouco tempo começou ser abraçado pela grande mídia e pela publicidade, de onde não deve e não pode ser censurado.
Então, vamos para a listinha com dez animações com representatividade e personagens LGBTQIA+:
“Steven Universo” (Cartoon Network)
Ruby e Saphira, Stevonnie e mais…
“She-ra e as Princesas do Poder” (Netflix)
Os personagens Adora e Felina, Spinerella e Netossa e Lance e George.
“Arthur” (Cartoon Network): Senhor Ratburn.
“A Lenda de Korra” (Nickelodeon): Assami e Korra.
“Gravity Falls” (Disney+): Xerife Blubs e Delegado Durland.
“Bob Esponja” (Nickelodeon):
Bob e Patrick (são um casal assexual <3)
“Clarence” (Netflix): Kevin, EJ e Sue Randell.
“Doutora Brinquedos” (Disney): Thea e Edie.
“O Príncipe Dragão” (Netflix): Runaan e Ethari, Annika e Neha.
“Ladybug” (Nickelodeon e Netflix): Juleka e Rose.