Abolicionista: ‘É como se tivéssemos voltado à época dos pés-de-pato’

Não há nenhuma fonte de dados segura para medir a violência em São Paulo.

Atuo há onze anos como professor de uma ONG localizada na zona sul de São Paulo e estou simplesmente estarrecido. É como se tivéssemos voltado à época dos pés-de-pato. Para quem não sabe o que é isso, trata-se de assassinos de aluguel que eram contratados a preço de banana para executar adolescentes e crianças de rua.

O codinome “pé-de-pato”, deve-se ao fato que eles usavam um chaveiro nesse formado para se identificarem. Naquela época, um lugar como o Jardim Ângela era considerado o território mais violento do planeta. A situação havia melhorado significativamente, mas, nas últimas semanas, voltamos ao cenário de guerra dos anos 90. Os números estão sendo completamente escamoteados, há muito mais mortos de ambos os lados.

Carros patrulham as noites do bairro, atirando em qualquer agrupamento de jovens. Algo que só se vê em guerra civil. Muitos não têm relação nenhuma com o crime, são apenas moradores de periferia. A polícia não apenas esconde os corpos, ela também adultera as cenas dos crimes, planta armas, drogas. É o caos, não sabemos mais quem são os bandidos e quem são os criminosos, é como se estivéssemos no meio de uma guerra de gangues.

Alerto meus alunos para que não deixem suas residências durante a noite, mas a polícia invade residências e atira praticamente a esmo, e os bandidos fazem o mesmo. Nenhum deles dá a mínima para os moradores, que estão literalmente desamparados. Se a polícia não consegue lutar contra o PCC sem matar inocentes, seria melhor que fizesse mesmo um acordo, qualquer coisa seria justificável para acabar com a matança!

 

 

Fonte: Viomundo 

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