Afetividade

A semana em que o comércio varejista entra em campo em mais uma tentativa de reverter o quadro nada animador de desaquecimento econômico, foi antecedida por uma polêmica que agitou o meio publicitário e as redes sociais. A campanha ousada do Grupo “O Boticário”, no mês dos  namorados, mostrando casais do mesmo sexo se presenteando, provocou indignação e protestos de setores conservadores, revelando que o Brasil, do século 21, com mais educação, mais informação e mais desenvolvimento, também tem se tornado mais intolerante.

Enviado por Maurício Pestana via Guest Post para o Portal Geledés

Num momento em que o debate inteligente perde cada vez mais espaço para a sexualidade exposta a qualquer custo e preço, nos falsos sorrisos, de corpos sarados, bombados ou siliconados expostos nas redes sociais, em ritmos musicais de ostentação ou, nas novelas globais, incentivando cada vez mais as fantasias sexuais, no vale tudo da superexposição momentânea, há de se estranhar que uma peça publicitária que traz na essência afetividade entre pessoas provocasse tanta indignação de alguns segmentos.

A repulsa a despeito do julgamento e denúncia de um determinado setor que considerou imoral a mensagem da propaganda poderia ser direcionada, perfeitamente para outros problemas reais do nosso tempo. É o caso da gravidez precoce, do alto consumo de álcool e outras drogas cada vez mais cedo entre crianças e adolescentes, a falta de perceptiva, a alienação e o conservadorismo de parte da nossa juventude, inclusive entre as jovens ovelhas deste segmento religioso. Todos estes problemas estão diretamente relacionados com a reflexão da qualidade das relações humanas na qual a propaganda está sendo feliz em enaltecer.

No mais, o que dá mesmo, é para sentir saudade de um tempo em que, nesses períodos, o debate era mesmo sobre carinho, afeto, abraço, amor.  Hoje, estes temas são cada vez mais raros no mundo das postagens, dos hashtag, das curtidas onde, o interesse, está nas superexposições dos corpos e, principalmente no patrulhamento da sexualidade alheia.

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