Agnelo e Marconi são primeiras vítimas da CPI

 

A CPI de Cachoeira ainda nem foi instalada, mas a guerra entre PT e PSDB já está fazendo suas primeiras vítimas. Enquanto Demóstenes sumia do mapa e do noticiário, dois outros personagens tomaram seu lugar nas gravações da Polícia Federal divulgadas a contagotas pela imprensa.

Não por acaso, são os governadores de Brasília e Goiás, onde funcionava a central de operações do conglomerado Carlos Cachoeira. O petista Agnelo Queiroz, de Brasília, e o tucano Marconi Perillo, de Goiás, duas estrelas dos seus respectivos partidos, são os alvos da vez no fogo cruzado do Planalto Central.

Por conta das acusações derivadas dos grampos da PF, os dois já perderam os chefes de gabinete e assessores de confiança, e passam os dias negando as denúncias contra o envolvimento de seus governos com o esquema Cachoeira.

São vários os traços de união nas aflições de Agnelo e Marconi: as conversas mantidas pelo sargento da Aeronáutica Idalberto Araújo, o Dadá, principal araponga de Cachoeira, com figuras do primeiro escalão dos respectivos governos, envolvendo nomeações de funcionários e interesses da construtora Delta.

Por mais que o governo federal queira limitar as investigações da CPI às ligações de Cachoeira com políticos, excluindo suas relações com empresas privadas, o fato é que o nome Delta, uma das empreiteiras que mais receberam dinheiro do governo federal nos últimos anos, ganha cada vez mais espaço no noticiário.

Na quarta-feira, apareceram as gravações do onipresente Dadá cobrando do governo de Brasília pagamentos atrasados pelo serviço de coleta de lixo executados pela Delta, envolvendor diretamente a figura do governador Agnelo Queiroz, segundo o relatório da Polícia Federal.

Por mais cuidados que o governo tome para ter o comando da CPI, o fato é que não dá para investigar esquemas de corrupção sem ir atrás tanto de corruptos como de corruptores, já que o dinheiro que move a engrenagem precisa vir de algum lugar.

Uma vez aberta a porteira, não tem volta, ninguém mais controla o estouro da boiada. E tem muito boi bravo com o governo que pode criar problemas para Dilma na CPI, como já sentiu na própria pele a ministra Ideli Salvatti, de Relações Institucionais.

Quem deu o voto decisivo na convocação da ministra para ir à Câmara explicar o caso das lanchas do Ministério da Pesca foi o deputado Hugo Motta, do PMDB da Paraíba, ligado a Henrique Alves, o líder do partido na Câmara, que anda às turras com Ideli. É só o começo.

Tem muito caroço neste angu e ninguém sabe onde isto vai dar. Quem dá uma pista sobre o que pode acontecer é minha amiga Eliane Cantanhede, em sua coluna desta quinta-feira, na Folha:

“Assim parece que o PMDB está dando corda para o PT e a oposição se enforcarem juntos. Quanto mais CPI, mais denúncias contra o PT e mais aperreio para o Planalto, mais caro fica o “apoio peemedebista”.

De fato, entre os grandes partidos, o único que não teve nenhum nome envolvido nas denúncias até agora é estranhamente o PMDB.

Enquanto isso no Brasil…

Na pescaria que faço nos finais de noite navegando pela internet, peguei três historinhas exemplares sobre o que se passa no Brasil fora de Brasília, mostrando como autoridades de todos os poderes estão pouco se lixando para os contribuintes.

# Em Pernambuco, um juiz foi condenado por assédio moral contra seus subordinados na 7ª Vara Criminal de Recife. A pena do meritíssimo: aposentadoria compulsória. Isto quer dizer que o juiz Adeildo de Sá Cruz vai continuar recebendo seus salários, proporcionalmente ao tempo de serviço, algo calculado em torno de módicos R$ 15 mil por mês, sem precisar sair de casa.

# No Maranhão, depois de denúncias publicadas pela imprensa, os deputados estaduais aprovaram projeto de decreto reduzindo de 18 para apenas 15 os salários que recebem por ano. Apenas 15 salários? Que altruístas… Como farão para sobreviver os nobres parlamentares maranhenses num dos Estados mais pobres do país?

# Em São Paulo, o presidente do Tribunal de Justiça, Ivan Sartori, defendeu a “flexibilização” da lei que impede a nomeação de parentes de integrantes da corte para as 2.199 vagas recentemente criadas. Enquanto o restante do País luta para estabelecer regras cada vez mais rígidas no combate ao nepotismo, Sartori defende os direitos da parentada com um argumento inacreditável:

“Isso nós vamos ter de mitigar, porque, se nós impedirmos que seja nomeado qualquer escrevente, qualquer servidor que tenha parentesco no tribunal inteiro, não vai ser nomeado ninguém”.

Como assim? Quer dizer que os 12 milhões de habitantes da cidade de São Paulo têm parentes no Tribunal de Justiça? Eu, por exemplo, não tenho…

Tiririca desiste

Para ninguém falar que só dou notícia ruim, aí vai uma boa: o palhaço Tiririca, deputado federal do PR-SP, anunciou que desistiu de concorrer à Prefeitura de São Paulo. Menos mau: é um a menos…

 

 

 

Fonte: R7

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