Alfinetar os negros: a fórmula encontrada por Mallu Magalhães para bombar na internet. Por Sacramento

A cantora Mallu Magalhães encontrou a fórmula para ficar em evidência na mídia em tempos de “feminejo”, onde sorayas & siriemas monopolizam o noticiário de música popular no Brasil.

Por Marcos Sacramento, do DCM

Não que ela tenha se reposicionado para soar mais parecida com as sertanejas, o que não seria necessariamente um retrocesso na qualidade da sua música. Longe disso, o som de Mallu continua o mesmo e a receita é bem conhecida: treta.

No “Encontro com Fátima Bernardes” desta sexta-feira, a cantora dedicou uma música “para quem é preconceituoso e fala que branco não pode tocar samba”.

A alfinetada foi em resposta à polêmica recente e até meio exagerada envolvendo o clipe de “Você Não Presta”, música do último trabalho da senhora Marcelo Camello.

O vídeo, cheio de dançarinos negros com o corpo brilhoso dançando de forma lasciva, provocou textões no Facebook, artigos de intelectuais do movimento negro e respostas de youtubers com acusações de apropriação cultural e reforço de estereótipos negativos dos negros por parte da cantora.

A polêmica, como tantas outras nesses tempos voláteis, durou menos de uma semana.

Vida que segue, Mallu comentou o assunto sentada no sofá da Fátima e deu a entender que aprendeu com as críticas e compreendeu o sentimento de quem se sentiu ofendido.

“A resultante disso foi muito interessante porque é uma discussão, um espaço de debate (…). Eu acho que isso foi um momento de educação até pra mim (…). O debate que se acendeu, os argumentos das pessoas, a gente aprende também, a gente não consegue prever a ferida dos outros (…). Pronto, eu aprendi com isso, acho que foi um momento de educação para todos nós”, disse Mallu, ao lado da jornalista e ativista negra Maíra Azevedo.

Minutos depois, ela pegou o violão, soltou uns acordes e passou um pano branco nas próprias palavras conciliatórias ditas pouco antes. Foi soltar a tesoura voadora e ficar entre os assuntos do momento. Missão cumprida.

 marcos-sacramento-200x300

Marcos Sacramento
Marcos Sacramento, capixaba de Vitória, é jornalista. Goleiro mediano no tempo da faculdade, só piorou desde então. Orgulha-se de não saber bater pandeiro nem palmas para programas de TV ruins.

+ sobre o tema

para lembrar

APAN participa de audiência pública para debater futuro das políticas afirmativas no audiovisual

No próximo dia 3 de setembro, quarta-feira, a Associação...

Condenação da Volks por trabalho escravo é histórica, diz procurador

A condenação da multinacional do setor automobilístico Volkswagen por...

Desigualdade de renda e taxa de desocupação caem no Brasil, diz relatório

A desigualdade de renda sofreu uma queda no Brasil...

Relator da ONU critica Brasil por devolver doméstica escravizada ao patrão

O relator especial da ONU para formas contemporâneas de...

ECA Digital

O que parecia impossível aconteceu. Nesta semana, a polarização visceral cedeu e os deputados federais deram uma pausa na defesa de seus próprios interesses...

ActionAid pauta racismo ambiental, educação e gênero na Rio Climate Action Week

A ActionAid, organização global que atua para a promoção da justiça social, racial, de gênero e climática em mais de 70 países, participará da Rio...

De cada 10 residências no país, 3 não têm esgoto ligado à rede geral

Dos cerca de 77 milhões de domicílios que o Brasil tinha em 2024, 29,5% não tinham ligação com rede geral de esgoto. Isso representa...