“Alguma coisa a ver com uma missão”, da Cia. Os Crespos convida espectador a revisitar lutas negras no Brasil.

“Sabe esse passado que não passa? Pois é… Enquanto houver senhores e escravos não estaremos dispensados da nossa missão (Heiner Müller)”

Enviado para o Portal Geledés 

Tendo o centro da cidade de São Paulo como cenário, o espetáculo tem início nas escadarias do Teatro Municipal onde o público é abordado por seis personagens e conduzido a Praça Ramos de Azevedo. A partir deste encontro tem início “Alguma coisa a ver com uma missão”, novo espetáculo da Cia. Os Crespos, que leva o público a conhecer uma história de lutas negras por liberdade. Acompanhando duas personagens – uma Gari e uma auxiliar de enfermagem – que recebem um convite para viajar no tempo pelas águas da Calunga, em meio a personagens em levante, o público reconhece trajetórias invisibilizadas pela história oficial. A temporada vai até dia 06 de novembro de 2016, sempre às quintas, sextas e sábados às 20h e domingos às 19h, na Praça Ramos de Azevedo, no centro da cidade de São Paulo.

“Alguma coisa a ver com uma missão” parte da investigação sobre as evoluções locais e revoluções políticas latino-americanas a partir dos levantes negros no Brasil e no Caribe, tendo em vista a construção imaginária de uma revolução poética a favor da abolição do racismo. O espetáculo é a última etapa do projeto “De Brasa e Pólvora – Zonas Incendiárias, panfletos poéticos”, uma criação livremente inspirada no texto “Lembrança de uma revolução: A Missão” de Heiner Müller. A Cia. Os Crespos realizou duas intervenções urbanas na cidade de São Paulo – “Ninhos e revides, mirando o Haiti” e “De Brasa e Pólvora”. O processo criativo dos Crespos sempre acontece de forma contínua com base em estudos teóricos e cada intervenção serve como uma espécie de “laboratório” onde os atores colhem informações, reciclam ideias e tecem as cenas a partir das experiências vividas no espetáculo e com o público. “Alguma coisa a ver com uma missão” é o resultado desses estudos.

“Com este espetáculo queremos resgatar as pequenas e grandes conquistas do dia-a-dia daqueles que, inversamente ao que até hoje se supôs, resistiam a se tornar meras engrenagens do sistema que os escravizara. Esse é o ponto de partida para uma verdadeira mudança de ponto de vista sobre a participação negra numa possível reestruturação social” explica Lucelia Sergio, uma das fundadoras dos Crespos, ao lado do ator Sidney Santiago Kuanza e Joyce Barbosa, que também integram o elenco.

O espetáculo

Duas mulheres – Uma auxiliar de enfermagem e uma gari – são convocadas, através de sonho, a viajar no tempo pelas águas da Calunga (palavra banto que significa mar, oceano e grande cemitério). Elas fazem o trajeto guiadas por uma barqueira que lhes transmite uma missão. Cada parada no percurso é um enigma que as personagens devem desvendar para cumprir seus destinos. Por intermédio desta alegoria, Os Crespos transportam o público para uma viagem que remonta as revoltas e os levantes negros responsáveis por nossa liberdade e símbolos da resistência de um povo.

Musicalidade do espetáculo baseia-se em Vissungos

Os VISSUNGOS são cantos afro-brasileiros originais de Minas Gerais e cantados por descendentes de escravos, ainda hoje presentes em algumas manifestações populares de Minas e em alguns quilombos deste Estado.

O espetáculo se inspira nessa musicalidade para criar músicas próprias, além de recriar alguns vissungos originais durante o percurso da peça e os músicos acompanham público e atores em todo o trajeto.

Quem são os Crespos

Os Crespos é um coletivo teatral de pesquisa cênica e audiovisual, debates e intervenções públicas, composto por atrizes e atores negros. Formo-se na Escola de Arte Dramática EAD/ECA/USP e está em atividade desde 2005. A Cia. trabalha, há onze anos, a construção de um discurso poético que debata a sociabilidade do indivíduo negro na sociedade contemporânea e seus desdobramentos históricos, aliado a um projeto de formação de público. A Cia realizou, ao longo desses 11 anos, 6 espetáculos teatrais, 11 intervenções urbanas, 2 edições da Mostra Cinematográfica “Faz lá o Café”, a 1.a Mostra de Teatro Negro de São Paulo, os premiados curtas “D.O.R”, “Nego Tudo” e “Ser ou Não Ser”, a elaboração e publicação da revista de teatro negro “Legítima Defesa”, além da circulação com espetáculos, intervenções e palestras por diversas cidades e estados do país.

Ficha Técnica

Direção Coletiva – Os Crespos Atores Criadores – Lucélia Sergio, Sidney Santiago Kuanza, Dani Nega, Dani Rocha, Joyce Barbosa e William Simplício Orientação de direção – José Fernando de Azevedo e Kenia Dias Dramaturgia – Allan da Rosa e Os Crespos Direção Musical: Giovani Di Ganzá Músicos: Gisah Silva e Giovani Di ganzá Musicas Criadas: Giovani Di ganzá, KáNêga Santos e Lucelia Sergio Direção de Arte -Maya Mascarenhas Assistente de direção de arte – Gui Funari Cenotécnico – Wanderley Wagner da Silva Adereços – Cleydson Catarina Iluminador – Edu Luz Direção de Produção – Adriano José e Ivy Souza Produção Executiva – Felipe Dias Contrarregras – Rogério Aparecido e Frederico Peixoto de Azevedo Orientação de criação e assistência de direção – Lena Roque Preparação Musical – Mauá Martins Preparação Corporal – Alexandre Paulain/ James Turpin/ Dagoberto Feliz/ Inês Aranha Preparação Teórica – Allan da Rosa, Saloma Salomão e Marc Pierre Direção de Vídeo: Cibele Apes e Edu Luz colaborações de Dramaturgia no processo – Christian Moura Assessoria de Imprensa – Lau Francisco (7 Fronteiras Comunicação) Designer Gráfico – Rodrigo Kenan Fotografia – Roniel Felipe

Serviço

Temporada – até dia 06 de novembro de 2016

Horários – quintas, sextas e sábados às 20h e domingos às 19h

Local – Praça Ramos de Azevedo, centro de São Paulo

** O espetáculo é itinerante e tem início nas escadarias do Teatro Municipal

Classificação etária: Livre

Espetáculo Gratuito

Duração: 80 min

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