Aluno de mestrado encontra novo bilhete racista em mural da Universidade Federal do Ceará

Este é o segundo caso do tipo em menos de uma semana; aluno afirma que encontrou o bilhete na última terça-feira e não divulgou, inicialmente, por medo de represálias

no O Povo

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Um novo bilhete com conteúdo preconceituoso foi encontrado no campus da Universidade Federal do Ceará (UFC). Um aluno de mestrado em Avaliação em Políticas Públicas, que preferiu não se identificar, denunciou ao O POVO Online que na última terça-feira, 15, no intervalo de uma aula noturna, encontrou um bilhete com mensagem racista em um mural do Núcleo de Pesquisa e Estudos Regionais – Nuper.
Num primeiro momento, o aluno preferiu não denunciar o caso e apenas retirar o folheto do local. Porém, após a repercussão de um bilhete racista em um dos banheiros do Centro de Humanidades 2 (CH2) da UFC, o aluno resolver fazer a denúncia. “Fiquei completamente chocado. A caligrafia é idêntica”, revelou.
O aluno ainda diz que não fez a denúncia no primeiro momento por temer represálias. “Pode ser qualquer um, colega de sala, professor”, diz.
No primeiro caso, a UFC disse “repudiar qualquer atitude que transgrida a dignidade das pessoas”. Neste novo caso, a instituição reafirmou o repúdio. O aluno critica a universidade sobre o que avalia ser uma posição “meramente formal” diante da gravidade do assunto. “A UFC precisa tomar uma atitude imediata, pois o caso é muito grave. Isso é uma violência contra a cidadania”, cobra.
No fim da tarde desta segunda-feira, 21, o reitor da UFC, Henry de Holanda Campos, escreveu uma nota de repúdio ao racismo e xenofobia nos bilhetes encontrados. Segundo o reitor, o anonimato do autor revela “por um lado, covardia, e por outro, a convicção de que suas palavras maldosas não ecoam” na universidade.
Henry também classifica o bolhete como “malfadado” relembrando que a instituição tem uma política inclusiva “com esforço de internacionalização que a transformou em uma das universidades brasileiras que mais acolhem estudantes estrangeiros”.
“Muito nos orgulha ter em nossos campi jovens de diversos países, que enriquecem o ambiente acadêmico através dos aportes culturais que nos trazem. Hoje, a internacionalização da universidade é um imperativo institucional”, afirma.
Bilhete no banheiro
Durante os últimos dias, a comunidade estudantil se mobilizou contra um bilhete racista encontrado no último dia 11 em banheiro da Biblioteca do CH 2 da UFC.
A nota foi alvo de críticas na internet e foi realizado ato antirracista organizado por estudantes na última segunda-feira, 14.
Com mensagens de cunho racista e xenófobo, o texto falava de estudantes imigrantes na universidade e dizia que eles deveriam ir embora. “Esses africanos fedidos devem sair dessa universidade. Essa gente só dá despesa para a UFC e não acrecenta em nada”. O bilhete ainda chamava o povo negro de “burro e vitmista”, além de incitar ódio contra venezuelanos, colombianos e “todo lixo que contamina a UFC”.
Sobre o posicionamento do autor, o mestrando faz um questionamento: “o que leva uma pessoa a destilar ódio num lugar que deveria ser plural?”, finaliza.
Denúncias
A universidade reitorou que casos desta natureza sejam comunicados às instâncias responsáveis como a Ouvidoria-Geral da UFC. Denúncias podem ser feitas pessoalmente, na reitoria da Universidade (av. da Universidade, 2995, Benfica) ou pela internet neste link.

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