Apoio a movimento antirracismo cresce após morte de George Floyd, diz pesquisa

O apoio dos americanos ao movimento contra o racismo “Black Lives Matter” (vidas negras importam) aumentou desde o início dos protestos pela morte de George Floyd e superou 50% nas últimas duas semanas, revela uma pesquisa.

Floyd, um ex-segurança de 46 anos, morreu no dia 25 de maio depois de ter o pescoço prensado contra o chão pelo joelho de um policial em Minnesota. As imagens e a voz estremecida de Floyd foram compartilhadas na internet e causaram comoção e revolta, com uma onda de protestos que se espalhou por dezenas de cidades dos EUA e outras partes do mundo.

Segundo levantamento da agência de pesquisas online Civiqs com mais de 106 mil pessoas, a maioria (53%) é favorável ao “Black Lives Matter”, uma diferença de 28 pontos percentuais para os que são contrários. Em 24 de maio, antes da morte de Floyd, a margem era de 17 pontos percentuais (45% a favor e 28% contrários).
No recorte por perfis, o apoio é maior entre os negros (86%) do que entre brancos (45%). Entre eleitores do Partido Democrata, é de 87%. Já os do Partido Republicano são, em sua maioria, contrários ao movimento, mas a diferença entre os que o apoiam (14%) e os que não (54%) é menor do que há duas semanas (40 pontos, contra 51 de 24 de maio).

Os dados mostram ainda que mulheres são mais favoráveis ao “Black Lives Matter” do que homens (60% de apoio delas, contra 45% deles). Os mais jovens também têm uma visão mais positiva do movimento dos que os mais velhos: apoio de 66% na faixa etária de 18 a 34 anos e de 47% na faixa de 50 a 64 anos, por exemplo.

 

Outras pesquisas sugerem que os protestos tiveram impacto nas crenças dos americanos, mudando algumas delas. De acordo com estudo da Monmouth University, a maioria (57%) dos entrevistados acredita que há uma maior tendência ao uso da força excessiva por policiais contra pessoas negras. Em 2016, só 34% disseram o mesmo.

O levantamento mostra também que 57% acreditam que a raiva por trás das manifestações foi plenamente justificável e 21%, que é de alguma maneira justificável. Além disso, 76% deles consideram o racismo e a discriminação “um grande problema”, 25 pontos percentuais a mais do que em 2015.

Segundo outra pesquisa, um levantamento semanal do Democracy Fund-U.C.L.A/Nationascape, cresceu o número de pessoas nos EUA que têm visão desfavorável da polícia e que acreditam que os afro-americanos sofrem muita discriminação.

A morte de Floyd foi lembrada em atos na África, na Ásia, na Europa e também no Brasil.
Durante a primeira semana de manifestações, foram registrados incêndios em carros e prédios, saques e conflitos com policiais de costa a costa nos EUA. O mesmo ocorreu em cidades europeias.

Em Bruxelas, no domingo, houve confrontos na repressão a saques e quebra-quebras, após manifestação pacífica. Nas redes sociais, há vídeos de uma menina de três anos atingida por gás lacrimogêneo e de policiais imobilizando um homem com o joelho, a mesma tática que provocou a morte de Floyd.

Também há imagens de grupos de pessoas jogando pedras na polícia, quebrando vitrines e saqueando lojas. Nos últimos dias, entretanto, os atos seguem, em sua maioria, pacíficos.

As manifestações levaram autoridades a repensar a atuação da polícia. Nesta terça, o prefeito de Houston, Sylvester Turner, acompanhando decisão tomada pela cidade de Minneapolis, onde Floyd foi morto, anunciou a elaboração de um decreto para proibir estrangulamentos.

O Congresso dos EUA debate uma lei para reformar o sistema policial. A proposta, encabeçada por democratas, inclui a criação de um registro nacional sobre má conduta policial e de meios para tornar mais fácil a penalização de agentes acusados de más práticas.

Para que a proposta de lei seja aprovada, entretanto, será necessário apoio dos republicanos, maioria no Senado, o que não deve acontecer. Parlamentares do partido, sem dar detalhes, afirmaram estar trabalhando em um projeto próprio sobre o tema.

Em outro movimento, monumentos em homenagem a figuras históricas que enriqueceram com o comércio de escravos negros são questionados. Em Bristol, na Inglaterra, manifestantes derrubaram uma estátua de um escravocrata. Um protesto em Oxford pede a retirada de um monumento similar.

Agora, o prefeito de Londres, Sadiq Khan, ordenou uma revisão das estátuas e dos nomes das ruas locais.

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