Apoio à democracia no Brasil cai para nível recorde

Segundo pesquisa divulgada pelo Latinobarómetro, o apoio à democracia no Brasil caiu para um dos menores níveis em mais de 20 anos em meio à crise política que culminou com a destituição da presidente Dilma Rousseff; estudo aponta que em apenas um ano, caiu de 54% para 32% o número de brasileiros que acreditam que a democracia é a melhor forma de governo; na América Latina, índice também caiu pelo quarto ano seguido, de 61%, em 2010, para 54%; apenas a Guatemala apresentou mais pessimismo que o Brasil; entre os países que mais confiam na democracia, aparece em primeiro lugar a Venezuela (77%), onde o presidente Nicolás Maduro é acusado de ser uma espécie de ditador

no Brasil 247

Tiago Pereira, da Rede Brasil Atual – Em meio à crise política que culminou com a destituição da presidenta Dilma Rousseff no último dia 31 de agosto, o apoio à democracia no Brasil caiu para um dos menores níveis em mais de 20 anos. Segundo pesquisa divulgada pelo Latinobarómetro, em apenas um ano, caiu de 54% para 32% o número de brasileiros que acreditam que a democracia é a melhor forma de governo. O mais baixo índice, no país, foi registrado em 2001.

Em toda a América Latina, também caiu pelo quarto ano seguido, de 61%, em 2010, para 54%, a confiança nos regimes democráticos. Na comparação, apenas a Guatemala, onde o presidente Otto Pérez Molina teve que renunciar por causa de acusações de corrupção no ano passado, apresentou mais pessimismo que o Brasil, com índice de 30%. Entre os países que mais confiam na democracia, aparece em primeiro lugar a Venezuela (77%), seguidos por Argentina (71%), Uruguai (68%), Equador (67%) e Bolívia (64%).

O Latinobarómetro é uma ONG sediada no Chile e, para o levantamento de 2016, foram realizadas mais de 20 mil entrevistas, entre 15 de maio e 15 de junho, em 18 países, com resultados que representam o total 597 milhões de habitantes do continente. A pesquisa vem sendo realizada desde 1995.

O levantamento constatou que, em toda região estudada, constata-se o fim dos “superpresidentes”, que há menos de dez anos registravam altos índices de popularidade. Os dados apontam que esse “déficit” de confiança se relaciona com o baixo crescimento econômico na região (que deve registrar retração de -0,6 em 2016) e o aumento das demandas dos cidadãos por políticas de inclusão.

“É provável que as redes sociais e o imediatismo da internet estejam relacionados com este sentido de tempo, onde o passado parece não existir. A velocidade do mundo, mas não a celeridade da política, que caminha no mesmo passo lento de antes. Essa disparidade produz impaciência e frustração, e os movimentos e protestos sociais estão relacionados com este mal-estar e a velocidade das mudanças. O que, cinco anos atrás era tolerável, hoje não é mais”, afirmam os pesquisadores.

Eles apontam ainda que as demandas por mais igualdade e liberdade motivam mais os cidadãos a participar dos processos políticos do que as disputas ideológicas. “A desigualdade, a discriminação, a desigualdade social, política e econômica, são mais determinantes para o comportamento dos cidadãos da região, mais além do que a ideologia. Em outras palavras, a população quer refrigeradores, viagens, acesso a oportunidades, voz e sentir-se parte de um todo que os pertence.”

Para além dos que acreditam, ou não na democracia, o Latinobarómetro mediu também a satisfação dos habitantes latino-americanos com essa forma de governo, e também registrou alta entre os insatisfeitos (62%), e correspondente queda entre os que dizem satisfeitos com os regimes democráticos (34%). Em todo o continente, 47% dos habitantes apoiam a afirmação “não me importa que um governo não democrático chegue ao poder se puder resolver os problemas econômicos”. No Brasil, esse número sobe para 55%.

Por outro lado, 71% dos brasileiros (61% em todo o continente) concordam que a democracia permite que se solucionem os problemas do país, denotando certa confusão e sentimentos difusos em relação às escolhas de regime político.

Outros números, que se apresentam constantes ao longo dos últimos anos apontam para a presença do conservadorismo e autoritarismo nas sociedades latino-americanas. Em todo o continente, 61% apoiam o “pulso firme” do governo, em especial no combate à criminalidade. No Brasil, esse mesmo número cai para 42%, o mais baixo da região. Cerca de um terço dos habitantes (30%) também não vê problemas que o governo controle os meios de comunicação em casos de dificuldade. No Brasil, esse número é um pouco maior que a média do continente, com 34%.

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