Mistura entre ficção científica, cultura africana, folclore afro-caribenho e do oeste da Índia, o trabalho do artista jamaicano Paul Lewin vem chamando a atenção pela convergência de culturas. Natural de Kingston, capital da Jamaica, Paul vive a arte desde os primeiros momentos da infância, observando seu pai dedicar boa parte da vida transformando pedaços de madeira em obras culturais. Lewin, que o teve como principal inspiração, afirma que sua casa era permeada por móveis de diferentes formas e objetos. O contato constante só deu asas para a imaginação do garoto.
Por Kauê Vieira do Afreaka
“Meu pai era apaixonado por esculturas em madeira. Ele também adorava colecionar obras de arte. Minha casa na infância era forrada com quadros e artefatos de culturas de diferentes partes do mundo. Tudo isso aliado ao meu amor por ficção científica inspirou muito minhas primeiras criações artísticas,” explica em conversa com o blog Sister From Another Planet.
A obra de Paul Lewin envolve as diferentes comunidades tradicionais de África, o folclore indígena e antigas civilizações, que somadas com sua paleta de cores, quase dão vida às imagens, que trazem o aspecto contemporâneo das pinceladas de Lewin. Mulheres e senhoras negras são retratadas com seus colares e roupas de forte pigmentação, que combinadas com um pano de fundo moderno e futurístico (com guarda-chuvas levitando, por exemplo), diferenciam e dão uma identidade singular e um ar de surrealismo aos seus desenhos.
Vivendo em Oregon, nos Estados Unidos, o artista atualmente trabalha em uma série de pinturas inspiradas na diáspora africana, especialmente nas tradições que envolvem os negros do Caribe. Batizada de Roots of the Bottom Tree, a coleção contém quadros complexos e decorados com arestas, além de desenhos elaborados em renda e enfeitados com adereços de caveiras, penas e pedras preciosas. Paul adicionou em suas criações costumes oriundos do folclore de Porto Rico e das ilhas do Caribe, o que acabou proporcionando um contato entre ele e seu passado africano e claro, a Jamaica.
No Caribe o hábito é passar de geração para geração o estilo de vida e tudo que cerca o universo folclórico. A linha cronológica tem início na ancestralidade africana e se mantém viva por meio de contação de histórias. Neste contexto a obra de Lewis se faz importante, pois cria múltiplas narrativas no caminho de interligação entre passado e o futuro das comunidades afro-caribenhas. De olho nesse futuro, Lewin planeja agora trabalhar com Hayao Miyazaki – um dos responsáveis pela criação do cinema de animação japonês. A dupla pretende construir uma ‘animação épica’, como o próprio definiu, sobre o misticismo da diáspora.