A ascensão africana

FMI se reúne a governos e especialistas para debater a manutenção do desenvolvimento do continente

 O Fundo Monetário Internacional (FMI) e governo de Moçambique vão realizar nesta semana a conferência ‘África em ascensão: construindo o futuro’ na capital moçambicana, Maputo. O evento que começa na próxima quinta-feira (29) pretende reunir formadores de opinião política da África e de outros continentes, o setor privado, a sociedade civil e a comunidade acadêmica para discutir medidas que garantam o crescimento inclusivo e sustentável.

“O principal desafio hoje é manter o crescimento elevado, promover a criação de empregos e acelerar a transformação estrutural. Para as nações consideradas mais frágeis, a prioridade é criar a estabilidade política e econômica suficiente para juntarem-se à fileira dos ‘leões africanos’”, aponta os organizadores do evento.

Entre os nomes que irão participar da conferência deste ano estão o presidente do Africa Progress Panel, Kofi Annan; a diretora-geral do FMI, Christine Lagarde; o vice-presidente do Banco Mundial para a África, Mahktar Diop; o diretor executivo de finanças da Vale, Luciano Siani; a diretora executiva da Oxfam Internacional, Winnie Byanyima; além de ministros das finanças de países como Costa do Marfim, Moçambique e Uganda.

Temas e perspectivas

Quais são os desafios a longo prazo para a África? De que forma o continente pode criar mais empregos, reduzir as desigualdades, fomentar a diversificação e a transformação estrutural e estimular a produtividade agrícola? Como financiar as grandes necessidades em infraestruturas de transporte e energia? Como acelerar o desenvolvimento financeiro e o desenvolvimento do setor privado? Essas são algumas das questões chaves a serem debatidas na conferência.

“A ascensão da África não é apenas uma palavra da moda. É uma realidade. Juntos, o FMI e os países africanos podem contribuir de forma efetiva para melhorar a atual situação, tornar o crescimento mais incluso e sustentável e concentrarem-se em boas praticas que produziram resultados positivos”, afirma Christine Lagarde.

Algumas das discussões serão transmitidas ao vivo pela internet. Entre elas, a primeira sessão plenária que irá abordar as oportunidades e os desafios na África subsaariana. Nos últimos quatro anos o crescimento médio do Produto Interno Bruto (PIB) da região ficou em 5,2%, segundo dados do FMI, o que demonstra uma tendência de aceleração econômica e a superação da crise financeira de 2009, ano em que registrou expansão de 2,9%.

A segunda sessão plenária focará no estímulo à inclusão e à criação de empregos. Um estudo do FMI aponta que o fato do crescimento ser ou não inclusivo depende das políticas adotadas para o setor agrícola, muitas vezes negligenciado. Outra questão é a limitação das políticas de segurança social na África subsaariana.

A transformação estrutural e o desenvolvimento do setor privado é o tema da terceira sessão plenária, que discutirá o fato do setor público ainda ser a principal gerador de empregos na economia formal nos países da região. Os debates dessa sessão irão abordar a importância do setor privado na transformação estrutural e as políticas que podem impulsionar o crescimento desse setor.

Outros encontros discutirão a potencialização dos recursos naturais da África em benefício das gerações presentes e futuras; as necessidades de se financiar a infraestrutura na África subsaariana e o papel das parcerias público-privadas no alcance desse objetivo; a criação de mercados mais fortalecidos, amplos e sustentáveis e a superação da fragilidade de alguns países no âmbito social, político e econômico.

O que mudou

A primeira conferência desse modelo foi realizada em 2009, na Tanzânia. Na ocasião foram discutidos os desafios da economia africana ante a crise financeira e o evento ajudou a galvanizar o apoio internacional para a África. Nos últimos cinco anos, grande parte da África subsaariana demonstra significativos avanços e notável resistência graças a reformas econômicas efetuadas na última década.

No âmbito sociopolítico, alguns países da região alcançaram melhorias como a emancipação da mulher, a estabilidade política, o desenvolvimento da infraestrutura, melhorias no sistema de saúde e progressos na educação.

De acordo com o relatório de Desenvolvimento humano 2013 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a África subsaariana contava com 32 milhões de pessoas na classe média em 2009. A previsão é que esse número aumente para 57 milhões em 2020 e 107 milhões em 2030.

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da região também demonstra avanços significativos. Em 2010 o IDH foi de 0.468, o valor subiu para 0.475 em 2012, sendo que a pontuação ideal é próxima de 1.0. A expectativa de tempo de estudo chegou a 9,3 anos em 2011 e o percentual de mulheres na força de trabalho foi de 64,7%.

Assista ao vídeo da conferência:

 

 

 

Fonte: Brasil Africa

+ sobre o tema

CNPq lança edital para pesquisas e parcerias com África francófona

Para estimular pesquisas de combate à desertificação na...

Destacado contribuição da mulher africana na luta contra discriminação

A ministra da Família e Promoção da Mulher, Genoveva...

Chimurenga – a reinvenção da mídia africana

Em entrevista ao Projeto Afreaka, Graeme Arendse, diretor...

Vizinhos do Mali preparam plano para o envio do contingente militar africano

  Os chefes militares africanos reuniram-se esta terça-feira em Bamako,...

para lembrar

VERBO – Performance Art Festival

European Launch of book and Talk open to the...

Competidor negro é uma atração nos jogos do Canadá

  Um dos poucos competidores negros em Vancouver,...

Copa na África: Música Oficial da Copa do Mundo

Musica Wavin' Flag da Copa 2010 Skank e Knaan...
spot_imgspot_img

Um Silva do Brasil e das Áfricas: Alberto da Costa e Silva

Durante muito tempo o continente africano foi visto como um vasto território sem história, aquela com H maiúsculo. Ninguém menos do que Hegel afirmou, ainda no...

Artista afro-cubana recria arte Renascentista com negros como figuras principais

Consideremos as famosas pinturas “A Criação de Adão” de Michelangelo, “O Nascimento de Vênus” de Sandro Botticelli ou “A Última Ceia” de Leonardo da Vinci. Quando...

Com verba cortada, universidades federais não pagarão neste mês bolsas e auxílio que sustenta alunos pobres

Diferentes universidades federais têm anunciado nos últimos dias que, após os cortes realizados pelo governo federal na última sexta-feira, não terão dinheiro para pagar...
-+=