Enquanto a criminalização da homofobia virou moeda eleitoral, a intolerância ao diferente pode ter feito mais uma vítima nesta semana.
Por Diego Iraheta
O adolescente João Antônio Donati foi assassinado em Inhumas (GO), município com pouco mais de 48 mil habitantes.
Segundo o portal Terra, o jovem gay tinha marcas de agressão no rosto e uma sacola plástica na boca.
As condições cruéis em que João foi encontrado morto revoltaram a pequena cidade a cerca de 45 quilômetros de Goiânia.
No Facebook, amigos trocaram a foto de perfil por imagem e expressão “luto”.
Yuri Maia with João Antônio Donati
Na memória de quem ama não há lugar para o esquecimento, só para a saudade daqueles que durante a vida nos trouxeram tanta alegria. Sentirei sua falta.! Te Amo Amigo !
Tinha muitos amigos, inclusive na Espanha, onde estudou em 2012.
Adorava festas e selfies.
Não tinha problemas com a própria sexualidade.
E era considerado amável e gentil por todos que o cercavam.
Por tantas qualidades, muita gente que o conhecia acredita que o crime foi motivado por homofobia.
Investigação
O Brasil Post entrou em contato com a delegacia de Inhumas, mas agentes informaram que o delegado Humberto Teófilo, responsável pela investigação, só poderia falar na tarde desta quinta-feira (11).
De acordo com o IG, Teófilo está apurando “se o crime tem ligação com sentimentos negativos em relação a pessoas homossexuais”.
Nas redes, militantes do movimento LGBT já encampam a tese de que a motivação do crime foi homofóbica. Em São Paulo, haverá um ato público para homenagear João Donati e reivindicar criminalização da homolesbotransfobia (ódio a gays, lésbicas, transexuais, travestis e transgêneros).
O protesto está marcado para este sábado (13), no Largo do Arouche, centro da capital paulista.
Criminalização da homofobia
O projeto de lei 122/2006, que criminaliza a homofobia, inclui a discriminação por orientação sexual no Código Penal, na lei de crimes de preconceito de raça e de cor e na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).
Esse texto ainda está empacado no Congresso Nacional por empecilhos gerados por parlamentares que representam lideranças religiosas e por recuos do Palácio do Planalto.
O governo de Dilma Rousseff cedeu aos interesses da bancada evangélica e brecou as articulações no Congresso para aprovar o projeto.
ATUALIZAÇÃO
O site IG havia publicado que o jovem gay teve pernas e pescoço quebrados. Na boca, ele tinha um bilhete carregado de ódio: “Vamos acabar com essa praga”. Entretanto, o IG corrigiu essa informação horas depois e disse que não havia qualquer bilhete encontrado no corpo do rapaz.
Fonte: Brasil post