Ataques a terreiros do Rio podem ter partido de traficantes envolvidos com pastores evangélicos, diz Átila Nunes

O secretário estadual de Direitos Humanos e Políticas para Mulheres e Idosos (SEDHMI), Átila Nunes, afirmou ao EXTRA, nesta sexta-feira, que os recentes ataques a terreiros de umbanda e candomblé ocorridos na Baixada Fluminense e na Capital podem ter relações com traficantes envolvidos com supostos pastores evangélicos. Denúncias recebidas através do Disque Combate ao Preconceito (2334-9551), apontam que traficantes estariam ameaçando os líderes religiosos para que deixassem de celebrar os cultos.

Por Ricardo Rigel Do Extra

— Nós estamos estudando uma forma de resguardar essas pessoas que frequentam esses centros e ao mesmo tempo cobrar que estes casos sejam apurados rapidamente. Nós temos recebido várias denúncias de que falsos pastores têm criado uma relação com o tráfico de drogas de regiões como as de Nova Iguaçu, para lavar o dinheiro do tráfico dentro das igrejas. Tenho conversado com a Polícia Civil para que esses casos passem a ser investigados — contou o secretário Átila Nunes.

Nas últimas duas semanas, seis casos de intolerância religiosa foram registrados em Nova Iguaçu. Segundo a Secretaria Estadual de Direitos Humanos, na terça-feira, um grupo de criminosos invadiu um terreiro de candomblé, no Parque Flora, também no município, e quebrou imagens e objetos usados nos cultos. Mas, neste caso, os donos do terreiro não tiveram coragem de registrar o fato.

— Já conversei com os donos do local, mas eles têm muito medo de tudo que está acontecendo. Estamos fazendo uma mediação com a Polícia Civil, para que tudo seja apurado. Esse é um fenômeno terrível que não pode continuar crescendo em nossa sociedade.

Elaine Dias Pereira, de 64 anos, a Mãe Elaine de Oxalá, responsável por um terreiro de Candomblé, no bairro de Santa Rita, também em Nova Iguaçu, diz que também tem sofrido com ataques de intolerância religiosa. Há quatro meses, criminosos jogaram uma bomba no terreiro dela:

— Foi um absurdo o que fizeram comigo. Explodiram o meu relógio e fugiram. O caso foi registrado como intolerância religiosa. O que mais me deixa tensa é que tenho esse terreira há quase 30 anos e estamos com muito medo de novos ataques.

Ainda de acordo com a mãe de santo, ela também tem conhecimento de que outros terreiros estão sofrendo ameaças de traficantes ligados a pastores.

— Uma filha de santo me relatou que viu um traficante ordenando o fechamento de um terreiro aqui em Nova Iguaçu. Estamos assustados e queremos uma providência das autoridades — reclamou Mãe Elaine de Oxalá.

Entre as denúncias recebidas pela (SEDHMI), um filho de santo de outro terreiro, também em Nova Iguaçu, chegou a relatar os ataques que o centro dele vem sofrendo:

“Nossa casa foi invadida por traficantes. Assim como outras casas também foram. Nos proibiram de exercer qualquer tipo de culto, atabaques e até mesmo usar roupas que remetam a nossa religião. Nosso medo da exposição é exatamente de perder o nosso barracão”.

A polícia Civil está investigando os casos relacionados aos ataques em Nova Iguaçu. Ainda segundo Átila Nunes, na próxima semana, ele volta a se reunir com o Secretário estadual de Segurança, Roberto Sá, e com o delegado Carlos Leba, chefe da Polícia Civil, para definir o cronograma de obras para a implantação da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi):

— A nossa expectativa é que o órgão comece a funcionar ainda este ano.

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