Baiana recebe premiação por ser destaque na Alemanha

A jovem baiana Millie Jessica, 24 anos, conquistou, na semana passada, 17/03, o Zonta Student Award, premiação que valoriza pesquisas e trabalhos realizados por mulheres na área política, social e econômica. Desde criança, a estudante do curso de Relações Internacionais da Universidade de Hochschule Rhein-Waal, que fica localizada na Alemanha, tem o sonho de estudar fora do Brasil. “O povo baiano é um povo discriminado, visto como preguiçoso. Eu sou a prova que isso não é verdade”, declara para o Portal Correio Nagô. Por ser mulher e receber uma premiação dentro de um campo [Relações Internacionais] dominado no Brasil, na sua grande maioria, por homens, ela se sente “uma das poucas”, uma privilegiada. “Nós, mulheres, temos que pensar que podemos. Podemos entrar na ONU, no FMI e no Banco Mundial”, conta.

Do Correio Nago

Filha de ex-militar e de comerciante, Millie, que pensa em maneiras de resolver problemas da sua faculdade e colabora para o desenvolvimento da Hochschule Rhein-Waal, possui lugar de destaque no seu centro de estudo de educação superior. “Aqui, na minha universidade, muitos professores me reconhecem como uma das estudantes mais respeitadas da faculdade”, diz. Ela fala que começou, juntamente com outros colegas, a elaborar estratégias que contribuem para a melhor estruturação do seu instituto de ensino superior e, por isso, ganhou tal projeção.

Contrariando a ideia que muitos brasileiros têm de que os negros sofrem muito com o preconceito racial ao irem para o país da Europa Central, Millie Jessica disse que nunca sofreu racismo explícito na Alemanha. “Podemos notar alguns olhares, mas eu nunca passei pela situação de alguém me discriminar abertamente”. Segundo a soteropolitana, “por ser vergonhoso diferenciar as pessoas por questão da cor”, o racismo no país em que ela mora é bem combatido. “As pessoas são punidas realmente quando ofendem, por conta da cor, uma pessoa aqui na Alemanha. No Brasil, é muito mais fácil ver um branco rejeitando um negro”, assegura.
A estudante diz que, no futuro, pretende desenvolver projetos que tenham como objetivo educar crianças e mulheres sobre o lugar delas no espaço social e econômico. Ela pensa em atuar, através de apoio de organizações, em países da África ou da Ásia e também desenvolver estudos que se preocupem com questões que envolvem a América Latina, por exemplo. “Eu já estou entrando em contato com o Zonta para saber se eu tenho como desenvolver trabalhos como estes”, conta Millie.

Outras premiações 2015
Na semana passada, duas outras jovens negras da Bahia, Monique Evelle, 20 anos, coordenadora da organização Desabafo Social, e Geórgia Gabriele, 19 anos, que faz pesquisa sobre endometriose na Universidade de Harvard, Estados Unidos, foram destacadas como mulheres com futuro promissor pela Revista MdeMulher, da editora Abril.

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