Destaque no jornal The New York Times, o Baile Charme do Viaduto de Madureira reúne 5 mil pessoas a cada edição semanal e terá neste sábado (3) a primeira edição de 2025, ano em que completa 35 anos de existência.
O evento que desde 2013 é patrimônio imaterial cultural da cidade do Rio já inspirou novelas, uniu casais e se tornou uma das principais referências da cultura negra carioca, com influência da música norte-americana, como destacou o jornal.
O DJ Michell, que toca desde 1994 e atua como um dos organizadores desde 2010, destaca que o sucesso é fruto do trabalho de muita gente que se esforçou para que o baile tornasse um sucesso. A reportagem em um dos jornais mais renomados do mundo reforça o potencial turístico da festa.
“É importante para a cultura do charme, como um lugar de representatividade, e por ter seu espaço reconhecido pela mídia, como já era no Brasil e, agora, no mundo”, disse o DJ.
A primeira edição deste ano será o Baile do Branco, em que todos vestem a cor não apenas na hora da virada, mas na celebração no ano novo (veja o serviço completo no Guia RJ).
A festa existe desde 1990 no Viaduto Negrão de Lima. O dia da semana é mantido desde a primeira edição.
“Começou primeiro com o bloco Pagodão de Madureira e depois começou o charme aos sábados”, explicou DJ Michell.
Coisa de Novela
Como uma demonstração de importância na cultura pop, o baile inspirou João Emanuel Carneiro na criação dos personagens do bairro do Divino na novela “Avenida Brasil”.
Em uma edição especial do Globo Repórter, em 2012, o autor destacou que o espaço conta com referências que, em um primeiro momento, podem ser pensadas como uma contradição, mas que lá se completam.
“Eu fui ao baile charme. É muito bom, muito animado. É um baile, curiosamente, que é sensual e, ao mesmo tempo, de família”, afirmou João Emanuel Carneiro à época.
Recentemente, a novela “Volta por Cima”, de Cláudia Souto, também usou o baile charme como cenário para a trama.
R&B com tempero carioca
O New York Times destacou a influência da cultura negra norte-americana que, ao longo dos anos, ganhou um tempero do Rio de Janeiro. A mistura está na música, na dança, nas roupas e no grafite nas paredes do espaço.
O DJ Michell entende o encanto que tantas pessoas dançando juntas causa em quem observa os adeptos do estilo de vida do charme.
“A influência musical começou com a norte-americana, e colocamos elementos cariocas, como a dança. A galera não ensaia e acaba dançando vários passinhos”, contou o DJ. “A gente colocou o nosso tempero.”
Romance
O flerte tanbém tem seu espaço na festa, mas nada de acelerar o passo:
“É uma sensualidade com respeito. O baile do viaduto é um baile da era romântica. Você flerta de maneira diferente, não é desrespeitoso, é um flerte pelo olhar, pela conversa”, afirma o organizador.
Michell revela que vários casais já se formaram debaixo do Viaduto Negrão de Lima e ele mesmo é um exemplo. Foi lá que conheceu a mulher, Lhidiane, com quem está junto há 20 anos e teve um filho, hoje com 8 anos.
A criança ainda não frequenta o baile, mas mostra interesse, já tirou fotos e participou de oficinas. É o Baile Charme do Viaduto de Madureira já formando sua nova geração.