Biden denuncia ataque racista em Buffalo: “o ódio é uma mancha na alma da América”

O presidente norte-americano, Joe Biden, se pronunciou neste domingo (15) sobre o ataque da véspera na cidade de Buffalo, no estado de Nova York, quando um atirador matou dez pessoas em ataque de cunho racista. A Casa Branca descreveu o crime como um ato de “terrorismo doméstico”.

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Presidente norte-americano, Joe Biden, durante discurso em Washington, quando reagiu ao tiroteio de Buffalo. AP - Manuel Balce Ceneta

“Um atirador solitário, equipado com armas de guerra e a alma repleta de ódio, matou dez pessoas inocentes a sangue frio”, declarou o presidente em Washington. “Nós devemos trabalhar juntos para combater o ódio que continua sendo uma mancha na alma da América”, disse Biden.

Payton Gendron, um jovem branco de 18 anos fortemente armado, disparou contra várias pessoas em um supermercado de Buffalo. Além das 10 vítimas fatais, três pessoas ficaram feridas.

O local era conhecido por ser frequentado principalmente pela comunidade negra da região. Das vítimas, onze eram afro-americanas.

“Investigamos este incidente como um crime de ódio e um caso de violência extremista de motivação racial”, declarou Stephen Belongia, agente especial do escritório do FBI em Buffalo.

O agressor, que se entregou assim que a polícia chegou, foi detido e acusado de “morte com premeditação”. Ele usava capacete equipado com câmara para transmitir o seu crime ao vivo pela internet, colete à prova de balas e roupas de tipo militar.

Foi um ato de “pura maldade”, disse John Garcia, xerife do condado de Erie, onde fica Buffalo. “É um crime racista e motivado pelo ódio”, acrescentou.

A imprensa americana informou que as autoridades investigam um manifesto “de caráter racista” divulgado na internet, no qual o suspeito explicaria seus planos e motivações. Payton Gendron teria se inspirado em atos de supremacia branca, como o assassinato de 51 muçulmanos em mesquitas da cidade neozelandesa de Christchurch em 2019.

“Qualquer ato de terrorismo doméstico, incluindo um ato cometido em nome de uma repugnante ideologia de nacionalismo branco, é contrário a tudo o que defendemos nos Estados Unidos”, afirmou a Casa Branca por meio de um comunicado.

Porte de armas

Esse não é o primeiro tiroteio com motivação racial nos Estados Unidos nos últimos anos. Em 2019, um homem branco viajou várias horas pelo Texas e matou 23 pessoas em um supermercado Walmart em El Paso, onde grande parte da população é hispânica. Quatro anos antes, em Charleston, Carolina do Sul, um homem branco abriu fogo em uma igreja da comunidade afro-americana e matou nove pessoas. Nos dois casos, os atiradores publicaram manifestos de ódio antes de cometer os ataques.

Apesar dos tiroteios fatais recorrentes e de uma onda de violência armada em todo o país, várias iniciativas para reformar as leis de armas fracassaram no Congresso dos Estados Unidos, deixando para estados e prefeituras a decisão de determinar as próprias restrições.

Segundo informações divulgadas pela imprensa norte-americano, o atirador de Buffalo já havia sido identificado pela polícia como um indivíduo potencialmente perigoso e teve de ser submetido a exames psicológicos. Mesmo assim, ele conseguiu comprar uma arma de guerra.

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