Por: Felipe Moraes
O equilíbrio entre atrações importantes nacionais e internacionais continua no quarto dia da 1ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura. No primeiro seminário de hoje, dois autores africanos de língua portuguesa contam experiências e debatem a produção literária de cada país de origem, às 10h, no auditório Nelson Rodrigues. Em A literatura africana de expressão portuguesa, Paulina Chiziane (Moçambique) e Ondjaki (Angola) conversam sobre um aspecto comum às nações: a tradição africana verbalizada num português fortemente influenciado por comportamentos locais. Abdulai Sila (Guiné-Bissau) teve que cancelar a vinda de última hora. O golpe de estado na Guiné suspendeu o tráfego estrangeiro e interditou o espaço aéreo do país.
Ondjaki, nascido em Luanda, capital angolana, acredita num foco criativo detalhista. “Penso que, acima do fato de os escritores serem africanos, há o ser humano singular, com sua vontade e imaginação”, ele observa. O autor de poesia, prosa e cinema percebe dois vetores culturais que enriquecem e remodelam o português falado na África: as línguas nacionais e os hábitos e costumes. “Cabe a cada escritor escolher ou deixar que esses elementos apareçam e tenham influência em seus textos”, avalia. “Há uma vontade de diálogo e disponibilidade muito grande para falar com os escritores, africanos ou não, e a beleza desses encontros é justamente esta, que, sentados à mesa, os escritores possam confrontar ou convergir ideias, lugares, sonhos ou até medos”, continua.
Fonte: Correio Braziliense