Brasil e Estados Unidos iniciam reunião sobre igualdade racial em busca de ações concretas

 

 

Uma chamada à participação ativa é o tema da 4ª Reunião do Plano de Ação Conjunta entre Brasil e Estados Unidos para Eliminação da Discriminação Etnorracial e Promoção da Igualdade. Representantes dos governos, da sociedade civil, de universidades e empresas dos dois países estão na cidade norte-americana de Atlanta para avaliar as ações já desenvolvidas e estabelecer parcerias.

 

O ministro da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Eloi Ferreira Araújo, acredita que o plano de ação conjunta está prestes a entrar no melhor momento. Firmado em 2008, na transição do governos Bush para o Obama, o acordo permaneceu no âmbito das intenções e só agora começa a sair do papel.

 

“Nessa semana do dia 13 de maio, organizamos um seminário com recorte na formação dos agentes de segurança. Dirigentes das polícias brasileira e norte-americana participaram desse encontro e puderam trocar experiências”, destaca o ministro da Seppir.

 

“Com esse grupo de trabalho desta semana, vamos definir um formato para o plano sair mais do papel e oferecer vantagens mútuas, como a troca de experiências e boas práticas em áreas como saúde, educação e de inclusão etnorracial. O momento é extraordinário.”

A escritora e pesquisadora norte-americana Sheila Walker, especialista em educação e cultura brasileiras, espera que sejam estabelecidos projetos na área de aprendizagem dos idiomas e na valorização da história africana.

“Para nós, seria maravilhoso falar o primeiro idioma da diáspora África”, afirma Sheila, que se declara uma admiradora da Lei 10.639, que desde 2003 tornou obrigatório o ensino da história e da cultura afro nas escolas brasileiras. Nos Estados Unidos, a educação não é uma política pública federal, o que impede a aprovação de uma lei nacional nesse sentido.

 

“Espero que tenhamos a possibilidade de ver como podemos trabalhar juntos visando ao futuro. Temos pressa. Precisamos encontrar os mecanismos de implementação do plano e não sei se isso ocorrerá por meio dos governos, que são estruturas muito burocráticas. A sociedade civil precisa se apropriar do plano para que ele siga em frente.”

 

Representante da Central Única de Favelas (Cufa), Flávia Caetano veio aos Estados Unidos conhecer projetos de mobilização de comunidades negras. Ela participa de um programa específico de troca de experiência sobre grandes eventos esportivos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. “Pudemos conhecer a experiência de Atlanta e entender como as minorias podem ser inseridas nos Jogos Olímpicos. São ações que vão servir de exemplo para a nossa atuação no Brasil.”

 

Na área de educação, existem projetos de intercâmbio em curso, principalmente entre instituições não governamentais brasileiras e universidades voltadas para a comunidade negra norte-americana. Rogério de Jesus Caldas acaba de completar o curso de economia na Morehouse College, em Atlanta, e já foi aprovado no mestrado em administração pública de uma universidade de Nova York. Ele foi selecionado pelo Instituto Steve Biko, em Salvador, que mantém um acordo de intercâmbio com a Morehouse College. Os estudantes selecionados recebem bolsas de estudo e não é exigido deles certificado de fluência em inglês.

 

“Essa experiência é muito interessante porque dá oportunidade de fazer uma interação. Os negros americanos precisam aprender como os negros brasileiros conseguiram preservar a cultura negra muito bem e, ao mesmo tempo, os negros americanos podem levar um pouco da experiência para os negros brasileiros para tentar sair desse sistema de opressão velada.”

 

A 4ª Reunião do Plano de Ação Conjunta entre Brasil e Estados Unidos para Eliminação da Discriminação Etnorracial e Promoção da Igualdade ocorrerá nesta quinta-feira (20) e amanhã. Grupos de trabalhos vão definir ações conjuntas em áreas como saúde, educação, cultura, comunicação e segurança pública. A expectativa é que essas ações comecem a ser implementadas ainda este ano.

 

 

Fonte:  Correio Brazilense

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