Brasil tem mais de 11 milhões de mães que criam os filhos sozinhas

Enviado por / FonteG1

A grande maioria das mães solo são mulheres negras. Uma pesquisa da FGV identificou os principais desafios enfrentados por elas.

Pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas, mostra que o Brasil tem mais de 11 milhões de mães que criam os filhos sozinhas. Na última década, o país ganhou 1,7 milhão de mães com a responsabilidade de criarem os filhos sem a ajuda do pai.

O levantamento mostra também que 90% das mulheres que se tornaram mães solo entre 2012 e 2022 são negras. Quase 15% dos lares brasileiros são chefiados por mães solo. A proporção é maior nas regiões Norte e Nordeste. A maioria, 72,4%, vive só com os filhos e não conta com uma rede de apoio próxima.

Carla da Silva Modesto, de 37 anos, tem duas filhas, uma de 5 e outra de 2 anos. Ela cria as duas sozinha desde que elas nasceram.

Na família da Carla, ela não é a única. A irmã mais velha, Iara da Silva, de 53 anos, vive a mesma situação. Mãe solo de dois filhos, que agora já são adolescentes.

“Eu digo para você que é bastante complicado. O pai dá só o básico. A pensão alimentícia, só aquele básico e nada mais”, diz Iara.

O desafio de cuidar sozinha dos filhos também dificulta a busca por emprego. Muitas não conseguem conciliar a rotina na casa com trabalho fixo e precisam de jornadas mais flexíveis. Por isso, normalmente acabam fazendo trabalhos informais e, às vezes, não é um trabalho só.

Carla conta que ela trabalha como confeiteira, manicure e atendente de delivery. “Se não fosse a minha capacidade de ser multi, eu não sei como seria”, diz.

Segundo a pesquisa, mães solo têm rendimento 39% inferior ao dos homens casados com filhos e 20% menor do que as mulheres casadas com filhos.

“Mais de 50% dessas mães não possuem ensino superior ou ensino médio. Geralmente elas tiveram o primeiro filho numa idade muito jovem no momento em que elas tiveram que interromper os estudos. Então isso tende a afetar a carreira profissional dela para sempre porque ela interrompe os estudos numa fase crucial de acumulação de capital humano”, EXPLICA Jananína Feijó, FGV Ibre.

Com poucas chances no mercado formal de trabalho, as irmãs decidiram se inscrever num curso de qualificação numa ONG em Belford Roxo, na Baixada Fluminense.

“Essas mães muitas vezes que estão fora do mercado de trabalho porque o empregador não quer empregar uma mulher com criança. Então elas precisam se virar”, conta a gestora Débora Silva.

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