Brasilienses arrecadam absorventes para detentas no Distrito Federal

A campanha surgiu após uma jornalista relatar que presas no Brasil usam miolo de pão para conter o fluxo menstrual

Por  Augusto Berto do Correio Braziliense 

Um grupo de brasilienses organiza campanha para arrecadar absorventes para detentas da Penitenciária Feminina do Distrito Federal. A campanha surgiu depois que a jornalista Nana Queiroz detalhou no livro “Presos que menstruam” a precariedade do sistema prisional feminino no Brasil. Queiroz narrou que, em casos extremos, mulheres chegam a usar miolo de pão para substituir a falta dos absorventes.

A informação chocou leitores e ganhou as redes sociais. Sensibilizadas, as advogadas Fernanda Pavanello e Mariana Geminiani decidiram coletar absorventes para doação em prisões femininas do DF. “Na sexta-feira (31/07), criamos um evento no Facebook e convidamos amigos próximos. Em três dias, mais de 2 mil pessoas confirmaram, e outras 18 mil foram convidadas, é inacreditável”, surpreendeu-se Pavanello.

A doação dos absorventes pode ser feita em pontos de coleta ou a voluntários espalhados pelo DF. A lista com os locais e telefones dos ajudantes está disponível na página do evento no Facebook. Outra opção é contribuir em dinheiro, na conta de financiamento coletivo da campanha.
As organizadoras da ação explicam que não há restrições em relação às características do absorvente, como tamanho ou ausência de abas. A única ressalva de Pavanello é sobre os coletores menstruais. “É impossível para quem está em situação de encarceramento manter a higiene dos coletores”, explica a advogada.

 

A campanha também não tem data prevista para acabar. “Está tudo muito recente, vamos ver o ritmo das doações para definir qualquer prazo”, explicou Pavanello. Até agora, a advogada recebeu 60 pacotes de absorventes na porta de casa.

O Correio entrou em contato com a Subsecretaria do Sistema Penitenciário do Distrito Federal (Sesipe) para saber como funciona a distribuição de absorventes em presídios, mas ainda não obteve resposta.

+ sobre o tema

Campanha mundial denuncia trabalho escravo no Brasil

Uma campanha mundial para denunciar a continuidade da escravidão...

‘A situação está muito difícil’, diz fundador do AfroReggae

  RIO - Reconhecido pelo papel de mediador...

para lembrar

O depoimento dessa mãe é mais do que um debate: é uma aula essencial sobre feminismo

Ser mãe é daquelas coisas difíceis de explicar, gente:...

Mídias independentes, gênero e sexualidade

No sábado passado, dia 22 de agosto de 2015,...

O crack, a maternidade e o poder público

Adoção de crianças e, mais que tudo, adoção de...

Minha decepção com o machismo do Dalai. Por Nathalí Macedo

Cresci ouvindo falar das citações famosas de Dalai Lama....
spot_imgspot_img

Coisa de mulherzinha

Uma sensação crescente de indignação sobre o significado de ser mulher num país como o nosso tomou conta de mim ao longo de março. No chamado "mês...

A Justiça tem nome de mulher?

Dez anos. Uma década. Esse foi o tempo que Ana Paula Oliveira esperou para testemunhar o julgamento sobre o assassinato de seu filho, o jovem Johnatha...

Dois terços das mulheres assassinadas com armas de fogo são negras

São negras 68,3% das mulheres assassinadas com armas de fogo no Brasil, segundo a pesquisa O Papel da Arma de Fogo na Violência Contra...
-+=