Câmara promove seminário para discutir morte de jovens negros em Belo Horizonte

Marcada para dia 25, programação tem inscrições abertas e quer discutir ”políticas para proteção e defesa” da população negra

Por Gabriel Ronan, do EM 

De acordo com o Mapa da Violência 2016, um jovem negro morre a cada 23 minutos no Brasil(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press – 12/3/15)

 

No próximo dia 25 (sexta-feira), das 8h30 às 18h, a Comissão Especial de Estudos sobre o Genocídio da Juventude Negra e Pobre da Câmara Municipal de Belo Horizonte vai promover o seminário “Juventude Negra Presente”. O evento visa à discussão de políticas públicas de proteção aos jovens negros em Belo Horizonte e no Brasil em geral.

O debate terá participação de membros da sociedade civil, ativistas de movimentos negros, represetantes do poder público e especialistas no assunto. Entre os temas debatidos estarão racismo estrutural; violência policial; desigualdades de gênero; sistema prisional; políticas sobre drogas; educação inclusiva; geração de trabalho e renda; etc.

Além da discussão sobre iniciativas políticas, a programação vai contar com apresentação de um relatório elaborado pela Comissão Especial, marcada para às 9h. O documento contém “levantamentos, visitas técnicas e debates públicos promovidos pelo grupo” durante um ano de trabalhos. A pesquisa vai orientar as discussões dos temas citados anteriormente.

Quem quiser acompanhar as conversas precisa se inscrever pelo portal da Câmara (clique aqui para acessar). Nele, o usuário precisa preencher um formulário com informações pessoais. O credenciamento dos participantes terá início às 8h30.

Números

De acordo com o Atlas da Violência, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras.

Em Minas Gerais, a taxa de homícidio de negros alcançou 27,5 para cada 100 mil habitantes em 2015. O número supera em 14,6 a taxa de não negros – instituída em 12,9 a cada 100 mil cidadãos.

Em 2016, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado Federal discutiu números de mortes violentas de jovens negros no Brasil. O resultado apresentou que 23.100 membros dessa população, entre 15 e 29 anos, são assassinados todos os anos no país.

Com isso, a conclusão ressalta que um jovem negro morre a cada 23 minutos no Brasil. Os dados tiveram como base a pesquisa Mapa da Violência, organizada pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz por meio de dados oficiais.

Comissão Especial

Diante deste cenário, em março de 2017, a Câmara Municipal de Belo Horizonte instituiu a Comissão Especial de Estudos sobre o Genocídio da Juventude Negra e Pobre. Os trabalhos se conduzem pela vereadora Áurea Carolina (Psol), presidente da comissão.

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