Camaronês entra clandestinamente em navio e é lançado em alto mar

Um camaronês entrou clandestinamente em um navio de bandeira maltesa e tripulação turca pelo porto de Douala, no Camarões, e após ser descoberto foi lançado em alto mar a 8 milhas náuticas (14,8 km) da costa brasileira. A informação foi confirmada pela Procuradoria da República do Paraná nesta quinta-feira.

A vítima permaneceu à deriva em um pallet, uma estrutura de madeira usada no transporte de cargas, por cerca de 11 horas, até ser resgatado por um navio que vinha do Chile.

Em depoimento ao Ministério Público Federal, o homem afirmou que foi agredido e humilhado, além de ter sido privado de dormir e mantido em uma pequena cabine, antes de ser obrigado a sair do navio. O MPF de Paranaguá (PR) e a Polícia Federal estão investigando o caso, já que o fato teria ocorrido no território marítimo brasileiro, e tratam como crimes de racismo, tortura e tentativa de homicídio.

De acordo com o relato do africano, ele permaneceu escondido por oito dias até que sua comida e água acabassem. Quando foi descoberto, disse que levou chutes no peito e tapas no rosto, chegando a ficar desacordado. Em estado fragilizado, teria sido levado a uma cabine de 2 m por 3 m. Segundo o cidadão camaronês, um dos agressores lhe disse que “não gostava de preto” e que para ele “todos são animais”.

Ao longo da viagem, conta, ele recebia duas refeições por dia e, à noite, alguns tripulantes batiam na porta e na janela para evitar que ele dormisse. Depois de 11 dias no navio, por volta das 19h, o camaronês recebeu uma lanterna e 150 euros da tripulação e foi obrigado a abandonar a embarcação.

Em um primeiro momento, a tripulação do navio negou que tivesse ocorrido qualquer episódio envolvendo um clandestino a bordo. No entanto, em buscas e apreensões realizadas a pedido do MPF e autorizadas pela Justiça, foram identificados vários elementos que comprovariam a presença do camaronês no navio, tais como a compatibilidade da descrição de detalhes do interior da embarcação e, a mais contundente, a apreensão de uma foto que a vítima escondeu com objetivo de comprovar sua permanência no local.

Liberdade vigiada

Para dar continuidade às investigações, toda a tripulação do navio está proibida de deixar Paranaguá, sob a vigilância da agência marítima. Esta liberdade vigiada foi solicitada pela Polícia Federal, com parecer favorável do MPF.

 

Fonte: Terra

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