Cheguei!

Neste outubro de 2015, completo 60 anos. Ou os 60 anos me completam. O tempo é a dimensão mais misteriosa e caprichosa de todas. Mais intrigante do que o espaço. Há quem já disse: Não é o tempo que passa, nós é que passamos por ele. Poetas, de todas as épocas, escreverem e cantaram profundezas sobre o tempo que esta cronista, por mais que tente, jamais chegará aos pés dos versos de um Carlos Drummond: Se de tudo fica um pouco, mas por que não ficaria um pouco de mim? Ou de um Fernando Pessoa: Tem só duas datas – a da minha nascença e a da minha morte. Entre uma coisa e outra todos os dias são meus.

Por Fernanda Pompeu do Yahoo

Tudo o que posso escrever é mais comezinho, feijão-com-arroz-e-farinha. Mas nem por isso menos sincero. Acordo com 60 anos, recordando do dia que fiz 10. Era uma manhã na Tijuca carioca, eu convencida com a importância e imponência de completar uma década. Suspirava toda prosa: 10 anos! De lá para cá são duas as impressões. A primeira diz: Passou como um Boeing! Agorinha mesmo estava lá e agora estou aqui. A segunda gargalha: Barbaridade! Quanta vida vivida. Quantos anos rodados.

De repente, penso que cada um de nós tem uma impressão digital única do tempo. No entanto, como o aniversário é meu, vou falar o que sinto ao saudar a sexta década. De cara, é especial porque a maior parte da vida ficou atrás: a inocência dos 10, o entusiasmo dos 20, a responsabilidade dos 30, o desconcerto dos 40, o susto dos 50. Agora, espero serenidade para separar quantidade de qualidade, o joio do trigo. Não quero a governança de velhinhas santinhas. Desejo serenidade na luta.

Daqui para frente que role apenas o que valha a pena. Nada de pódios, bons empregos, dinheiro no banco, cantadas na rua, profissões do futuro. Tudo isso ou nunca chegou, ou já passou. Sou uma senhora. Verdade que como sugeriu minha amiga Carminha Fernandes: Comemore, pois 60 anos é a infância da velhice. Daí talvez, como nunca antes na história da minha vida, a Fernandona de hoje esteja em perfeita sintonia com a Fernandinha de 50 anos atrás.

imagem: Régine Ferrandis

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