Voz e cor da periferia

Um dos programas mais assertivos da atual administração é a Prefeitura no Bairro, coordenado pela vice-prefeita Nádia Campeão, que percorre bairros distantes da periferia, levando serviços muitas vezes concentrados nas secretarias e subprefeituras. Durante uma semana, a prefeitura leva esses serviços, seus secretários e subprefeitos para atenderem de perto as reivindicações do munícipe.

Por Maurício Pestana Enviado para o Portal Geledes via Guest Post

O que mais tem me chamado atenção neste trabalho é o quanto São Paulo é gigante, não só em sua extensão territorial e populacional, mas também na complexidade étnico-racial, nas desigualdades locais e na sua diversidade cultural. Coexiste na mesma São Paulo uma identidade rural, outra urbana, outra internacional, outra nordestina, outra de alta concentração de renda e outra também de baixíssimo IDH. Somos uma cidade cristã, mulçumana e umbandista, entre outros. Que reivindica nos seus locais mais distantes e negros a regularização de um pedacinho de terra para construir, enquanto nos locais mais nobres e brancos pede-se um maior espaço para o automóvel.

Na semana passada, em companhia do prefeito Fernando Haddad, estive em mais uma edição da Prefeitura no Bairro, desta vez no Jardim Damasceno. Aquele bairro, pela formação geográfica e habitacional, em nada se diferencia das comunidades cariocas na história de abandono e exclusão imposta por uma Abolição mal acabada e pouco republicana. Foi por ela que se deu a cor e o status social da periferia, feita de uma maioria da população negra e originaria dos quase quatro séculos de escravização.

Como responsável pela pasta da Igualdade Racial da cidade de São Paulo, ouvi queixas de toda ordem, entre elas sobre a discriminação racial que crianças sofrem no ambiente escolar. Também ouvi denúncias de repressão e violência contra jovens negros por parte da polícia, e sobre intolerância religiosa. Juntando essas reivindições a outras, como a luta por habitação, percebe-se que o 14 de maio de 1888 foi o dia mais longo para a maioria dos negros brasileiros, e ainda não acabou. As reivindicações que os ex- escravizados faziam há 127 anos, quando foi assinado a Lei Áurea, continuam atuais.

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